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domingo, 23 de novembro de 2014

Em breve os pais escolherão seus filhos como escolhem um produto e o sexo será apenas para recreação, diz cientista

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Um futuro sem “gravidez indesejada” e “sem abortos“: é o que prevê o prof. Carl Djerassi para 2050, data na qual, acredita ele, boa parte dos bebês do mundo ocidental nascerão por fecundação in vitro, logo, por procriação medicalmente assistida. Conhecido como um dos inventores da pílula contraceptiva, o professor austro-americano considera a obsolescência de sua invenção: rapazes e moças congelarão seus gametas e se esterilizarão, certos de poder recorrer à PMA, estima ele.

Numa entrevista ao Daily Telegraph, o cientista justifica suas predições pela taxa de sucesso crescente das fecundações artificiais, o que permitirá, de acordo com ele, considerá-las fora do contexto de infertilidade, tranquilizando a “geração mañana” sobre o fato de que ela poderá adiar tranquilamente a maternidade ou a paternidade – com a certeza de que esperma e óvulos, retirados em sua juventude, sejam da “melhor qualidade”.

Ao modo de um Jacques Attali, Djerassi acredita poder predizer – mas é verdade que a cultura ambiente impele nesse sentido. “A grande maioria das mulheres que escolherão a FIV no futuro serão mulheres férteis que congelaram seus óvulos e adiaram sua gravidez. As mulheres de vinte anos escolherão essa abordagem como uma forma de segurança, que lhes garanta a liberdade diante das decisões profissionais, ou, na ausência de um parceiro ideal, ou do tic-tac inexorável do relógio biológico. Contudo, prevejo que muitas delas decidirão ser fertilizadas por IVF em razão dos avançados diagnóstico genéticos pré-implantação. E uma vez que isso ocorrer, o IVF se tornará um modo normal, sem coito, de ter filhos“, acha ele.

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Essa será a última separação entre o sexo e a reprodução, assegura esse homem de 91 anos que acompanhara a “liberação sexual” dos anos 1960 antes dela produzir o resultado lógico.

Nessas previsões dignas do Melhor dos mundos, vê-se a conjunção contra a natureza entre o domínio absoluto da fecundidade, o eugenismo total e a desnaturalização da sexualidade. E da paternidade e da maternidade: quanto tempo duraria a vontade de ser pais biológicos de seus filhos, se um “produto” de melhor qualidade se tornasse assim facilmente acessível? E por que, nesse momento, não generalizar o que já ocorre hoje de modo excepcional: “alugar” uma barriga de aluguel para não estragar seu corpo, interromper sua carreira, viver os espasmos da gravidez?

De todo modo, a atividade sexual não teria mais então nenhum significado: desprovida de sua finalidade procriadora, ela seria ao mesmo tempo esvaziada de sua finalidade unitiva, para conservar apenas uma dimensão “recreativa”, sem responsabilidade e inconsequente. Um mundo totalmente desumano…

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Não é isso, todavia, que os numerosos artigos críticos publicados na imprensa britânica lhe recriminam após essa entrevista: enfatiza-se o perigo de colocar tudo no mesmo saco, sobre o modo cujas tais promessas podem enganar as pessoas sobre o absoluto domínio da fertilidade, que continua fora de alcance. Mas e sobre o princípio? Sem problemas!

Fonte: Dominus Est

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