É uma doença rara, em que o bebé nasce com a cabeça e o cérebro mais
pequenos do que o normal para a média da sua idade. Prejudica o
desenvolvimento da criança e, por isso, pode comprometer o seu futuro. A
microcefalia está a assustar o Brasil, que nos últimos meses notificou
mais de quatro mil casos. Agora associada ao vírus zika, até 2014 a
malformação era notificada, em média, 150 vezes por ano. Apelando à
participação de todos os brasileiros, a presidente Dilma Rousseff diz
que o país "vai ganhar a guerra contra o mosquito" que transmite a
infeção.
As
causas da microcefalia podem ser genéticas ou ambientais, nomeadamente
desnutrição, infeções e exposição a álcool, drogas ou radiações na
gravidez. Mais recentemente, foi associada ao vírus zika. Mulheres
picadas pelo Aedes aegypti - mosquito que transmite a doença - até aos
três meses de gravidez parecem ter maior probabilidade de ter bebés com
microcefalia. Mas a ligação ainda não está provada cientificamente. Por
precaução, as autoridades de saúde recomendam especial atenção às
grávidas, para que evitem o contacto com o mosquito.
"Os dados epidemiológicos são muito sugestivos e apontam para uma
ligação com o vírus, mas falta uma comprovação", disse ao DN Miguel
Leão, neuropediatra e geneticista no Hospital de São João.
Aparentemente, a malformação no cérebro será provocada pela infeção pelo
vírus zika, "mas é preciso saber se esta é condição suficiente para o
aparecimento da microcefalia". Podem estar associados fatores genéticos,
por exemplo.
A
microcefalia divide-se em dois grandes grupos: "Isoladas, quando apenas
o tamanho da cabeça é mais pequeno do que o expectável; e sindrómicas,
que é quando há outras anomalias associadas." Não existe tratamento. "Se
houver uma anomalia do desenvolvimento ósseo, há técnicas cirúrgicas
para resolver. Se for porque o cérebro não desenvolveu, não há
terapêuticas que resolvam o problema."Além de associada a atrasos no
desenvolvimento, é um fator que pode levar à ocorrência de crises
epiléticas.
Segundo o pediatra Mário Cordeiro, a identificação da doença "faz-se
geralmente in utero, durante as ecografias morfológicas, para lá de
outros sinais de doença que possam surgir". Mas há casos que se
estabelecem "já depois do nascimento, daí a necessidade de a criança ser
seguida durante o crescimento e medir-se o perímetro cefálico, para lá
da observação de sinais que possam sugerir atraso no desenvolvimento ou
qualquer outra perturbação cerebral".
Trata-se
de uma malformação no cérebro que pode ter consequências graves na vida
das crianças. "Nos casos em que o cérebro não cresce e se desenvolve,
surgem alterações do desenvolvimento, algumas delas muito graves (tudo
depende das áreas que ficaram mais afetadas), desde problemas motores a
intelectuais (o antigamente chamado "atraso mental")", indicou Mário
Cordeiro. Está muito "nas síndromes genéticas e malformações congénitas.
As consequências são más, dado que a criança, e depois adolescente e
adulto, terá problemas psicomotores e intelectuais, dificuldades de
locomoção, aprendizagem, etc." Mário Cordeiro explica que "dependendo
obviamente do grau de microcefalia e de lesão, a criança terá também de
ter programas de intervenção precoce, fisioterapia, terapia ocupacional,
estimulação, etc., e mesmo os tendo, o que não é fácil, pode ver
comprometida a sua autonomia e qualidade de vida". Nos casos em que
existem outros problemas associados, Miguel Leão admite que a esperança
de vida do indivíduo possa ser menor do que a média. "Se for isolada, à
partida será igual", acrescenta.
Nos
EUA, é estimado que a microcefalia afete 25 mil crianças por ano. Por
cá, a Direção-Geral da Saúde não tem dados reunidos sobre a sua
ocorrência, mas "é raríssima", disse ao DN Graça Freitas,
subdiretora-geral da Saúde.
Enquanto
o mosquito continuar a reproduzir-se, a presidente brasileira diz que a
luta vai continuar. "Mas vamos ganhar a guerra", afirmou Dilma. A
preocupação é eliminar os focos de reprodução dos mosquitos e, por isso,
apela à população que elimine água estagnada.
Fonte: http://www.msn.com/pt-pt/saude/saude/microcefalia-a-doen%C3%A7a-do-zika-que-pode-comprometer-uma-gera%C3%A7%C3%A3o/ar-BBoSJx4?li=BBoPWjC
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