A segunda vaga de Covid-19 já deixou muitos países em
emergência sanitária ou com importantes restrições à mobilidade, com
máximos diários de novos casos, mas com menos mortes, e com hospitais à
beira do colapso.
De quinta para sexta-feira, segundo a AFP, o mundo registou um máximo
de 600 mil novas infeções com o coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a
doença da Covid-19, e elevou para mais de 1,24 milhões o número de
mortes desde que foram relatados os primeiros casos em dezembro de 2019.
Desde o início da pandemia, quase 50 milhões de infeções foram
oficialmente confirmadas com o novo coronavírus, havendo também o
registo de cerca de 32 milhões de casos considerados já curados.
O número de casos diagnosticados reflete apenas uma fração do número
real de infeções, uma vez que alguns países testam apenas os casos
graves, outros priorizam o teste para rastreamento e muitos países
pobres têm capacidade limitada de teste.
Embora aparentemente menos letal do que na primeira vaga, a segunda
tem obrigado a novos confinamentos, restrições e outras medidas de
contenção para travar um novo coronavírus que continua a condicionar as
economias mundiais, sabendo-se que tudo dependerá de uma vacina eficaz
para estancar a propagação da doença.
Segue-se um ponto de situação nos países mais afetados, bem como as
respetivas medidas restritivas, entretanto novamente impostas depois do
confinamento quase total a que o mundo se viu obrigado a viver na
primavera.
EUA
Os Estados Unidos são o país mais afetado em termos de mortes e
casos, com mais de 235 mil óbitos para 9,6 milhões de infeções. Quase
3,8 milhões foram declaradas curadas.
A pandemia está longe de ser controlada e o país registou, de quinta para sexta-feira, mais de 120.000 novos casos confirmados.
Apesar de estar em curso o desenvolvimento de várias vacinas experimentais, ainda não se obteve qualquer resultado eficaz.
A estratégia norte-americana para combater a covid-19 é muito difusa,
situação agravada com a campanha para as eleições presidenciais de 03
de novembro, em que o uso de máscara foi frequentemente respeitado. No
entanto, quem trata das questões relacionadas com as questões de saúde
são as autoridades estaduais. Os hospitais norte-americanos ainda não
entraram em rotura.
Brasil
Tal como nos Estados Unidos, o Brasil também procura desenvolver,
ainda sem resultados, uma vacina para evitar a propagação de uma doença
que já matou quase 162 mil infetados entre os mais de 5,6 milhões de
casos no país.
Depois de um confinamento quase total, o Brasil, o terceiro país com
maior número de casos, após a Índia (quase 8,5 milhões), já vai na
sétima fase de flexibilização das regras de distanciamento social
definidas em abril para travar a disseminação da covid-19, apesar de
continuar a registar uma média alta de novos casos e de óbitos.
Índia
A Índia é o segundo país com maior número de casos, quase 8,5 milhões, e o terceiro de óbitos, cerca de 125 mil.
O deficiente sistema sanitário a nível nacional não está a ter
capacidade para conter a média das mais de 600 mortes diárias e de quase
50.000 casos por dia, números que, porém, mostram sinais de diminuição.
No entanto, a capital, Nova Deli, sofre atualmente a pior vaga da
doença na cidade desde março, numa altura em que o balanço diário a
nível do país tem vindo a descer.
O Ministério da Saúde indiano atribuiu o aumento de casos na capital à
temporada de festivais religiosos, alertando que a situação pode
agravar-se devido ao aumento da poluição.
México
O México é o quarto país do mundo com maior número de mortes e o
décimo com mais infeções (cerca de 94 mil óbitos entre os cerca de 950
mil casos).
A covid-19 já é a quarta causa de morte no país, atrás de doenças
cardíacas, diabetes e tumores malignos, de acordo com dados oficiais
locais.
Os confinamentos locais e regionais, bem como as regras de
distanciamento social e o encerramento de bares e restaurantes, bem como
parte do comércio local, têm sido mantidos, com o sistema de saúde já à
beira do colapso.
Reino Unido
Com cerca de 48 mil óbitos registados oficialmente em 1,2 milhões de
infeções, o Reino Unido é o país europeu com o maior número de mortes de
covid-19 e o quinto a nível mundial.
Desde quarta-feira que está a viver um segundo confinamento nacional,
que vai durar quatro semanas e que determina o encerramento de todo o
comércio não essencial e atividades como ginásios e cabeleireiros,
enquanto que bares restaurantes só podem vender para fora.
As pessoas serão obrigadas a ficar em casa, exceto para trabalhar,
exercício e compras essenciais e só podem socializar com no máximo uma
pessoa de outro agregado familiar ao ar livre num espaço público.
Após o fim do confinamento, em 02 de dezembro, o Governo britânico
pretende regressar ao sistema gradual de restrições aplicadas em certas
áreas de país de acordo com o nível de infeções.
França
A França, em confinamento há oito dias, registou já quase 40 mil
mortes entre os mais de 1,6 milhões de infeções, com 28.426 pessoas
hospitalizadas, incluindo 4.230 em unidades de cuidados intensivos.
Os novos casos detetados têm aumentado de forma exponencial diariamente.
O ministro da Saúde francês, Olivier Véran, já disse que a segunda
vaga em França é violenta e que a situação nos hospitais é tensa, tendo
já havido necessidade de transferir 61 pacientes entre diferentes
hospitais no país.
O Governo quer que o segundo confinamento, que começou há oito dias a
nível nacional e vigorará até 01 de dezembro, seja cumprido por todos,
argumentando que se o vírus continuar a circular como até agora “a
segunda vaga será mais longa do que a primeira” e só estabilizará a meio
de dezembro.
Espanha
A Espanha contabiliza mais de 1,3 milhões de infeções e quase 39 mil
mortes, estando ainda “folgada” no sistema de saúde, com uma taxa de
ocupação de camas hospitalares de 16% e nas das unidades de cuidados
intensivos de 29%.
A maior parte das regiões espanholas, que têm autonomia em matéria de
política de saúde, decidiu nas últimas semanas confinar os seus
territórios em toda a comunidade autónoma e, em muitos casos, a nível
dos municípios, autorizando deslocações apenas em casos de necessidade
(trabalho e saúde, entre outros).
A região de Madrid está desde sexta-feira em confinamento, medida que
estará em vigor nos próximos quatro dias para impedir a deslocação da
população durante o fim de semana prolongado (segunda-feira, 09 de
novembro, é feriado regional da Nossa Senhora de Almodena, padroeira da
cidade).
O executivo regional onde está a capital espanhola tem seguido uma
estratégia diferente da maioria das comunidades autónomas, preferindo
não confinar toda a região por períodos prolongados.
Itália
Nos últimos dias, o elevado número de testes de despistagem ao novo
coronavírus (média superior a 200 mil por dia) tem levado a Itália a
bater máximos de novos casos diários e de óbitos, com o total acumulado
de quase 830 mil infeções e mais de 40 mil óbitos.
Desde as 00:00 de sexta-feira, e até 03 de dezembro, está em vigor o
recolher obrigatório em todo o país entre as 22:00 e as 05:00 locais
para tentar travar a propagação do novo coronavírus.
Ao mesmo tempo, entrará em vigor um sistema que divide o país em três
zonas de risco e que isola e confina as regiões mais afetadas –
Lombardia, Piamonte e Vale d’Aosta.
A Calábria também ficará em isolamento, não por causa do número de casos, mas pelo deficiente sistema de saúde.
A maior parte das regiões de Itália, como Lácio, onde se situa Roma, a
capital, estão classificadas como “risco moderado”, aplicando-se também
o recolher obrigatório, o encerramento de cinemas, teatros, museus e
ginásios.
Os bares e restaurantes, por seu lado, têm de encerrar até às 18:00 locais.
Rússia
A Rússia tem vindo a registar nos últimos dias novos máximos de infeções com uma média diária de quase 20.000 casos positivos.
Desde o início da pandemia na Rússia, foram detetados mais de 1,7
milhões de casos, em que o total de mortes associadas à doença subiu
para quase 30 mil.
O presidente da câmara de Moscovo, Sergei Sobianin, salientou que a
situação na capital russa voltou a agravar-se na última semana, mas
evitou fechar novamente a atividade económica ou decretar confinamentos
como fez na primavera, optando por recomendar aos maiores de 65 anos e
doentes crónicos que fiquem em casa.
A Rússia está também à procura de desenvolver uma vacina, mas ainda sem efeitos práticos.
Também impôs o uso obrigatório de máscara em todos os locais públicos.
Alemanha
A Alemanha tem vindo a registar nos últimos dias novos máximos de
infeções, com uma média diária de quase 20.000 casos confirmados.
O total de casos positivos desde o anúncio do primeiro contágio no
país, no final de janeiro, é de 597.583, com 10.930 óbitos. Cerca de
391.600 pessoas recuperaram da doença.
A Alemanha iniciou na segunda-feira um confinamento parcial decretado
pelo governo para tentar conter o aumento diário de novo casos de
covid-19, que quase atingiu, na semana passada, os 20 mil.
O Governo alemão optou por fechar desde segunda-feira, e durante um
mês, bares, cafés, cinemas, teatros, museus e outros estabelecimentos.
Bélgica
A Bélgica, com 479.341 infeções e 12.520 mortes desde o início da
pandemia, poderá ter chegado ao pico da segunda vaga, registando nos
últimos dias mais um recuo do número de novos casos, com as autoridades
locais a indicarem que, aparentemente, a estratégia de combate poderá
estar agora a dar frutos.
No final de outubro, a Bélgica reforçou as medidas de confinamento,
que vigorarão até 13 de dezembro, com o encerramento do comércio – à
exceção de alimentação, farmácias e livrarias –, o regresso ao
teletrabalho como norma e a imposição de recolher obrigatório, entre
outras medidas.
Suécia
A Suécia, adepta de uma estratégia menos rígida face à pandemia, já
contabilizou 147.000 infeções e mais de seis mil mortes, estando há dois
dias a bater o recorde diário de novos casos, com números superiores a
quatro mil.
A Suécia tem seguido uma estratégia diferente de muitos outros países
para enfrentar a pandemia, baseada em recomendações, sem confinamento e
quase sem medidas coercivas.
Após uma primeira vaga com um balanço pesado (mais de 5.000 mortos), o
país registou bons resultados entre julho e meados de outubro, mas o
número de casos voltou depois a subir e os mortos também aumentaram nos
últimos dias.
Face à situação, as autoridades de saúde fizeram novas recomendações
regionais mais rigorosas, pedindo para se limitar contactos e evitar
locais fechados. Metade das 21 regiões suecas devem respeitar estas
instruções.
O primeiro-ministro sueco, Stefan Lofven, que se confinou por
precaução com a mulher após ter estado exposto a um caso de contacto com
o coronavírus, qualificou a situação como grave.
Irão
O Irão é, no Médio Oriente, o país mais afetado pela pandemia de
covid-19, tendo nos últimos dias batido sucessivamente os máximos de
mortes e de novos casos.
Desde o início da pandemia, o Irão já acumulou mais de 36 mil mortes entre as também mais de 630 mil infeções.
A maioria das mortes aconteceu na capital, Teerão, que também é a
cidade mais populosa do Irão, pelo que as autoridades municipais
propuseram um confinamento de duas semanas.
O chefe do departamento de virologia do Hospital Masih Daneshvari em
Teerão, Alireza Naji, já alertou que o Irão poderá chegar a 900 mortes
diárias causadas pelo coronavírus se não forem impostas mais restrições à
circulação e a reuniões.
Nas últimas três semanas, o Irão proibiu casamentos e funerais e
fechou universidades e escolas, bem como bibliotecas, mesquitas,
cinemas, museus e cabeleireiros, para tentar conter a propagação do
vírus em Teerão.
Quarta-feira passada, Teerão estendeu, por pelo menos mais uma
semana, as medidas restritivas que já estão a ser aplicadas na capital a
25 capitais provinciais e 46 condados de todo o país.
O Irão não impôs qualquer confinamento desde o início da epidemia no
país, em fevereiro, porque, segundo o Presidente Hassan Rohani a
economia iraniana, já restringida por sanções internacionais, não teria
como sobreviver.
Chile
O Chile, um dos países sul-americanos mais afetados, conta atualmente com quase 15.000 mortes entre os quase 519 mil casos.
Depois de vários confinamentos, o Chile começa agora a aliviar
algumas restrições, depois de ter baixado a taxa de contaminação para
cerca de 4%, abaixo dos 5% que a Organização Mundial da Saúde (OMS)
utiliza para um país ter uma margem de segurança sanitária.
Peru
O Peru, o segundo país sul-americano com maior número de infeções,
com mais de 900 mil e mais de 2.600 óbitos, continua como o 11.º Estado
com maior total de contaminações.
Com a chegada do verão austral, as autoridades locais começaram a
aliviar as medidas de restrição em vigor desde a primavera, embora a
média de novos casos diários continue alta (mais de 2.000).
China
A China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau) contabilizou
oficialmente pouco mais de 86.151 casos, incluindo 4.634 mortes e 81.081
pessoas já curadas.
No país onde a doença foi detetada no final de dezembro de 2019, em
Wuhan, uma cidade do centro da China, e depois de ter liderado durante
meses o total de infeções, os novos casos são agora, oficialmente,
residuais, sendo, na maioria deles, importados.
https://zap.aeiou.pt/segunda-vaga-da-pandemia-mundo-emergencia-sanitaria-358179