O aumento da radiação solar que chega à Terra vai levar a uma diminuição no CO2 e a uma consequente redução no oxigénio da atmosfera, o que pode acabar com a grande maioria das formas de vida no planeta.
Podemos respirar à vontade, mas só por enquanto. A vida floresce no nosso planeta graças ao oxigénio, mas esse nem sempre foi o caso – e os cientistas apontam para que a atmosfera do nosso planeta se torne mais rica em metano e pobre em oxigénio no futuro.
Mas calma, que isto só deve acontecer daqui a muito, muito, muito tempo, e já não vamos cá estar para contar a história. Será daqui a cerca de mil milhões de anos, mais coisa menos coisa, que esta mudança vai chegar, mas quando começar, vai acontecer rapidamente.
O estudo publicado em Março na Nature Geoscience refere que esta mudança vai levar o planeta de volta ao estado em que estava há cerca de 2.4 mil milhões de anos, antes do grande evento de oxigenação.
A pesquisa baseou-se em modelos detalhados na biosfera da Terra que tinham em conta mudanças na radiação do Sol que chega à Terra e a sua consequente queda nos níveis de dióxido de carbono, já que o gás se decompõe com o aumento do calor. Foram feitas 400 mil simulações.
Então, como é que uma queda no dióxido de carbono pode levar ao fim da vida na Terra, já que o temido CO2 até faz mal à saúde? A resposta é simples: apesar de não ser respirável por humanos, as plantas precisam de dióxido de carbono no processo da fotossíntese, em que o transformam em oxigénio. Ora, menos CO2 equivale a menos plantas, e menos plantas corresponde a menos oxigénio.
Já se tinha previsto anteriormente que a maior exposição à radiação solar poderia acabar com a vida ao eliminar a água dos oceanos daqui a cerca de 2 mil milhões de anos, mas a redução no oxigénio pode causar uma extinção em massa primeiro.
“O modelo projecta que a desoxigenação da atmosfera, com o oxigénio atmosférico a cair a pique para níveis parecidos com os da Terra Arqueana, vai provavelmente ser provocada antes da origem das condições de estufa húmidas no sistema climático da Terra e antes da extensiva perda de água da superfície da atmosfera”, escreveram os cientistas.
Os investigadores apontam também é pouco provável que a existência de oxigénio na atmosfera seja uma característica permanente em planetas que possam albergar vida, o que pode ter implicações na nossa busca por vida e planetas habitáveis além da Terra.
Os cálculos dos autores Chris Reinhard e de Kazumi Ozami mostram que esta mudança na atmosfera pode significar que o período da vida da Terra com oxigénio e habitável seja apenas entre 20% e 30% de toda a duração do nosso planeta.
Nessa altura, se ainda por cá andarmos, vai ser o fim da vida na Terra para os humanos e para a maioria das outras formas de vida. De acordo com o autor do estudo Chris Reinhard, esta quebra seria um milhão de vezes menos oxigénio na atmosfera do que aquele que temos hoje. A vida microbial vai continuar depois dos humanos já terem desaparecido.
“A atmosfera depois da grande desoxigenação caracteriza-se uma elevado metano, baixos níveis de CO2 e pela inexistência da camada de ozono. O sistema da Terra vai ser um mundo de formas de vida anaeróbicas”, conclui.
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