A escassez de águas no Sudeste é tratada de forma oportunista na política. No Livro Branco de Defesa "Ufanisticamente menciona que dispomos de 20% de reservas de água doce".
O sudeste do Brasil, parte do região central e do sul caminham para se
tornar desérticas. A seca registrada este ano na porção centro-sul,
principalmente em São Paulo, está ligada a permanente e acelerada
degradação da floresta amazônica. Um conflito que surge num horizonte
próximo, o modelo de economia agrária pastoril implementada na porção
centro-oeste que avançou sobre a Amazônia prejudica agora diretamente o
modelo industrial do Sudeste e Sul do país.
No país que mais concentra água doce em
estado líquido no mundo, é onde o conflito pela água pode eclodir também
com grande violência tal o choque entre duas grandes culturas
econômicas. A do agronegócio, que tem mantido a balança comercial
brasileira, e a industrial, cada vez mais debilitada com o avanço de
gigantes esfomeados por novos mercados como a China e India.
Atualmente, no meio científico está provado que o transporte de umidade para a partes mais ao sul do continente está sendo comprometida, pois além de sua diminuição é trazido partículas geradas nos processos de queimadas que impedem a formação de chuvas. Nas regiões onde a mata cedeu lugar integralmente a pastagem já se tem registros de um fenômeno ocorrido o centro oeste dos Estados Unidos, a ‘tempestade negra’, uma imensa cortina de poeira que dizima tanto o solo como o que encontra pela frente.
Os cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA) há mais de uma década fazem esse alerta, que a cada ano está pior e mais grave. E coloca em confronto o modelo econômico agropecuário, baseado em commodities, com a área mais industrializada, produtiva e rica do país. E também a mais urbanizada e detentora de 45% da população brasileira e abrigada em apenas 10,5% do território nacional.
Para o cientista e doutor em meteorologia do INPE, Gilvam Sampaio de Oliveira, a situação é preocupante e bem mais grave do imaginado em relação a eventos extremos. A comunidade científica está surpresa com a dinâmica das alterações do clima. O número de desastres naturais vem crescendo, entre 1940 e 2009 houve um curva ascendente de inundações e o número de dias frios, principalmente em São Paulo, estão em franca decadência.
“As questões que já estamos passando, como essa seca, eram projetadas para daqui há 15 ou 20 anos. A área de altas temperaturas está aumentando em toda América do Sul. Em São Paulo e São José dos Campos, por exemplo, há um aumento de chuvas com mais de 100 milímetros concentradas e períodos maiores sem precipitação alguma. E quanto mais seca a região, aumenta o efeito estufa e diminui a possibilidade de chuvas”, alertou o cientista.
O sistema principal formador do ciclo natural que abastece a pluviometria do sudeste começa com a massa de ar quente repleta de umidade, formada na bacia do Amazonas, seguindo até os Andes. Com a barreira natural, ela retorna para a porção sul continental, o que decreta o regime de chuvas.
A revista científica Nature publicou em 2012 um estudo inglês da Universidade de Leeds. O artigo apresentou o resultado de um estudo no qual os mais de 600 mil quilômetros quadrados de floresta amazônica perdidos desde a década de 1970 e com o avanço do desmatamento seguido de queimadas cerca de 40% de todo complexo natural estará extinto até 2050. Isso comprometerá o regime de chuvas, que seriam reduzidas em mais de 20% nos períodos de seca.
Faixa dos desertos
A faixa dos desertos existente no hemisfério sul do planeta atravessa enormes áreas continentais, como os desertos australianos de Great Sendy, Gibson e Great Victoria, na plataforma africana surgem as áreas desertificadas da Namíbia e do Kalahari e na América do Sul, o do Atacama. Sem qualquer coincidência, ambos desertos africanos, inclusive em expansão, estão alinhados frontalmente, dentro das margens latitudinais, com as regiões de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A Amazônia e a formação da Mata Atlântica foram determinantes para criar um regime de chuvas que mantiveram essas partes do Brasil e da América do Sul com solos férteis e índices pluviométricos mais que satisfatórios à manutenção da vida. O geólogo e ex-coordenador geral do Programa Panamazônia 2, Paulo Roberto Martini, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Nacionais (INPE) e atualmente na direção da Agência Espacial Brasileira (AEB) tem sua teoria para esse fenômeno.”A distribuição da umidade evitou que essa região da América do Sul fosse transformada num imenso deserto”, explicou.
A desertificação destas regiões ocorrerá se o transporte de ar úmido for bloqueado ou escasseado, por ação natural ou antrópica. Exatamente o que vem acontecendo. E Martini lembra que as investigações geomorfológicas já mostraram que entre os anos 1000 e 1300 houveram secas generalizadas e populações inteiras desaparecerem nas Américas. E isto pode ocorrer novamente, agora potencializado pela devastação causada pelo homem. “Esse solo da região Sul e Sudeste tem potencial enorme para se tornar deserto, basta não chover regularmente”, argumentou.
Segundo o pesquisador, no fim do período glacial, por volta de 12 mil anos, a cobertura do Brasil teria sido predominantemente de savana, como na África, pobre em diversidade e formada por gramíneas e poucas espécies arbóreas. O que ainda é encontrado no interior de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e no Mato Grosso. Entretanto, a umidade oceânica associada à amazônica possibilitou a constituição da Mata Atlântica e seu ingresso continente adentro.
A penetração da flora em áreas de campo realimentou o ciclo das chuvas, nível de umidade das áreas ocupadas e a fertilização do solo. Em milhares de anos formou-se um vasto complexo florestal, atualmente reduzido a menos de 5% de seu tamanho original na época do descobrimento. “Há uma cultura de degradação e se falar em restauração das matas no Brasil é ficção. Só se produz água quando se faz floresta, a sociedade tem que reagir a isso”, observou o dirigente da entidade SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani.
As pesquisas mostram que o povoamento vegetal no que é hoje o território brasileiro teria começado pela costa do Oceano Atlântico, seguindo para o interior ao longo das várzeas dos rios, onde se encontram os solos mais ricos em nutrientes. Foram milhares de anos neste ritmo, o que induziu diversos especialistas a defenderem a tese de que a Mata Atlântica esteve intimamente ligada a Floresta Amazônica, pois ambas detém diversas semelhanças em seus ciclos sazonais e em espécimes de fauna e flora.
Mas com a derrubada desta proteção vegetal e o encurtamento do ciclo de chuvas oriundas do mega sistema amazônico, as mudanças climáticas ganharam impulso e têm causado alterações nas fases de reprodução e de desenvolvimento de diferentes culturas agrícolas, entre elas milho, trigo e café. E os impactos dessas alterações, já se refletem na queda da produtividade no setor agrícola em países como Brasil e Estados Unidos.
Atualmente, no meio científico está provado que o transporte de umidade para a partes mais ao sul do continente está sendo comprometida, pois além de sua diminuição é trazido partículas geradas nos processos de queimadas que impedem a formação de chuvas. Nas regiões onde a mata cedeu lugar integralmente a pastagem já se tem registros de um fenômeno ocorrido o centro oeste dos Estados Unidos, a ‘tempestade negra’, uma imensa cortina de poeira que dizima tanto o solo como o que encontra pela frente.
Os cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA) há mais de uma década fazem esse alerta, que a cada ano está pior e mais grave. E coloca em confronto o modelo econômico agropecuário, baseado em commodities, com a área mais industrializada, produtiva e rica do país. E também a mais urbanizada e detentora de 45% da população brasileira e abrigada em apenas 10,5% do território nacional.
Para o cientista e doutor em meteorologia do INPE, Gilvam Sampaio de Oliveira, a situação é preocupante e bem mais grave do imaginado em relação a eventos extremos. A comunidade científica está surpresa com a dinâmica das alterações do clima. O número de desastres naturais vem crescendo, entre 1940 e 2009 houve um curva ascendente de inundações e o número de dias frios, principalmente em São Paulo, estão em franca decadência.
“As questões que já estamos passando, como essa seca, eram projetadas para daqui há 15 ou 20 anos. A área de altas temperaturas está aumentando em toda América do Sul. Em São Paulo e São José dos Campos, por exemplo, há um aumento de chuvas com mais de 100 milímetros concentradas e períodos maiores sem precipitação alguma. E quanto mais seca a região, aumenta o efeito estufa e diminui a possibilidade de chuvas”, alertou o cientista.
O sistema principal formador do ciclo natural que abastece a pluviometria do sudeste começa com a massa de ar quente repleta de umidade, formada na bacia do Amazonas, seguindo até os Andes. Com a barreira natural, ela retorna para a porção sul continental, o que decreta o regime de chuvas.
A revista científica Nature publicou em 2012 um estudo inglês da Universidade de Leeds. O artigo apresentou o resultado de um estudo no qual os mais de 600 mil quilômetros quadrados de floresta amazônica perdidos desde a década de 1970 e com o avanço do desmatamento seguido de queimadas cerca de 40% de todo complexo natural estará extinto até 2050. Isso comprometerá o regime de chuvas, que seriam reduzidas em mais de 20% nos períodos de seca.
Faixa dos desertos
A faixa dos desertos existente no hemisfério sul do planeta atravessa enormes áreas continentais, como os desertos australianos de Great Sendy, Gibson e Great Victoria, na plataforma africana surgem as áreas desertificadas da Namíbia e do Kalahari e na América do Sul, o do Atacama. Sem qualquer coincidência, ambos desertos africanos, inclusive em expansão, estão alinhados frontalmente, dentro das margens latitudinais, com as regiões de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A Amazônia e a formação da Mata Atlântica foram determinantes para criar um regime de chuvas que mantiveram essas partes do Brasil e da América do Sul com solos férteis e índices pluviométricos mais que satisfatórios à manutenção da vida. O geólogo e ex-coordenador geral do Programa Panamazônia 2, Paulo Roberto Martini, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Nacionais (INPE) e atualmente na direção da Agência Espacial Brasileira (AEB) tem sua teoria para esse fenômeno.”A distribuição da umidade evitou que essa região da América do Sul fosse transformada num imenso deserto”, explicou.
A desertificação destas regiões ocorrerá se o transporte de ar úmido for bloqueado ou escasseado, por ação natural ou antrópica. Exatamente o que vem acontecendo. E Martini lembra que as investigações geomorfológicas já mostraram que entre os anos 1000 e 1300 houveram secas generalizadas e populações inteiras desaparecerem nas Américas. E isto pode ocorrer novamente, agora potencializado pela devastação causada pelo homem. “Esse solo da região Sul e Sudeste tem potencial enorme para se tornar deserto, basta não chover regularmente”, argumentou.
Segundo o pesquisador, no fim do período glacial, por volta de 12 mil anos, a cobertura do Brasil teria sido predominantemente de savana, como na África, pobre em diversidade e formada por gramíneas e poucas espécies arbóreas. O que ainda é encontrado no interior de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e no Mato Grosso. Entretanto, a umidade oceânica associada à amazônica possibilitou a constituição da Mata Atlântica e seu ingresso continente adentro.
A penetração da flora em áreas de campo realimentou o ciclo das chuvas, nível de umidade das áreas ocupadas e a fertilização do solo. Em milhares de anos formou-se um vasto complexo florestal, atualmente reduzido a menos de 5% de seu tamanho original na época do descobrimento. “Há uma cultura de degradação e se falar em restauração das matas no Brasil é ficção. Só se produz água quando se faz floresta, a sociedade tem que reagir a isso”, observou o dirigente da entidade SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani.
As pesquisas mostram que o povoamento vegetal no que é hoje o território brasileiro teria começado pela costa do Oceano Atlântico, seguindo para o interior ao longo das várzeas dos rios, onde se encontram os solos mais ricos em nutrientes. Foram milhares de anos neste ritmo, o que induziu diversos especialistas a defenderem a tese de que a Mata Atlântica esteve intimamente ligada a Floresta Amazônica, pois ambas detém diversas semelhanças em seus ciclos sazonais e em espécimes de fauna e flora.
Mas com a derrubada desta proteção vegetal e o encurtamento do ciclo de chuvas oriundas do mega sistema amazônico, as mudanças climáticas ganharam impulso e têm causado alterações nas fases de reprodução e de desenvolvimento de diferentes culturas agrícolas, entre elas milho, trigo e café. E os impactos dessas alterações, já se refletem na queda da produtividade no setor agrícola em países como Brasil e Estados Unidos.
Fonte: http://www.defesanet.com.br