Um novo mapa mostra que a anomalia magnética está centrada sobre São
Paulo, se deslocando suavemente em sentido noroeste. Além disso, sua
área de atuação está cada vez maior e já cobre todo o Brasil e atinge a
costa do continente africano.
Intensidade do campo magnético da Terra como registrado pelo satélite
europeu SWARM, em 2015. As áreas vermelhas representam locais onde o
campo magnético é mais forte, enquanto as áreas azuis retratam
diminuição na intensidade
Os dados para elaboração do estudo, publicado recentemente pelo Journal
Space Weather Quarterly, foram coletados pelos satélites de orbita polar
do programa militar DMSP (Defense Meteorological Satellite Program),
que registraram os prótons de alta energia a uma altitude de 800 km.
O que é Anomalia Magnética do Atlântico Sul?
A Anomalia Magnética do Atlântico Sul, AMAS é uma espécie de depressão
ou achatamento nas linhas no campo magnético da Terra acima de toda a
América do Sul, mas é mais pronunciada no Sudeste e Centro-Oeste
Brasileiros.
Sua causa é o desalinhamento entre o centro do campo magnético e o
centro geográfico do planeta, deslocados entre si por cerca de 460 km no
sentido sul-norte.
Cinturão de Van Allen
A AMAS foi descoberta em 1958 e não é fixa. Seu formato e dimensões
sofrem alterações ao longo do tempo, principalmente devido ao
deslocamento dos polos magnéticos aliado ao enfraquecimento do campo de
modo global.
Devido ao campo magnético ser mais fraco, as partículas vindas do
cinturão de Van Allen se aproximam mais da alta atmosfera desta região, o
que torna os níveis de radiação cósmica em grandes altitudes mais altos
nesta zona.
Embora os efeitos na superfície sejam praticamente desprezíveis, já que a
atmosfera bloqueia a radiação, a AMAS afeta fortemente satélites e
outras espaçonaves que orbitam algumas centenas de quilômetros de
altitude.
Satélites que cruzam periodicamente a AMAS ficam expostos durante vários
minutos à intensa dose de radiação e necessitam de proteção especial. A
Estação Espacial Internacional, por exemplo, é dotada de um escudo
especialmente desenvolvido para bloquear as radiações.
Novo Estudo
O estudo revelou que a AMAS está se deslocando cerca de 0,16 grau ao ano
em sentido norte e 0,36 grau no sentido oeste e atualmente é mais
intensa acima do Estado de São Paulo, mas inclui grande parte do
Paraguai, Uruguai e norte da Argentina.
Mapa mostra os contornos de atuação da AMAS, atualmente centrada sobre a Região Sudeste do Brasil, notadamente sobre São Paulo.
O estudo também mostrou uma variação sazonal: na média, a AMAS é mais
intensa nos meses de fevereiro e entre setembro e outubro. Um desses
máximos coincide com o equinócio, mas os outros não e isso não é
perfeitamente compreendido pelos autores da pesquisa.
Segundo o paper, o ciclo solar influi no padrão e intensidade da AMAS e revela uma anti-correlação com as manchas solares.
"Durante os anos de alta atividade, sem emissões de matéria coronal, a
intensidade da radiação que atinge os satélites é mais baixa que nos
períodos de baixa atividade", disse o cientista Bob Schaefer, líder do
estudo, ligado ao Johns Hopkins University Applied Physics Lab.
O trabalho de Schaefer vai ao encontro do resultado obtido através da
constelação de satélites, que em 2015 revelou que mudanças importantes
no campo magnético da Terra estão acontecendo, entre elas uma possível
dispersão da AMAS e o possível enfraquecimento sobre o Brasil.
Fonte: http://www.extraterrestreonline.com.br/
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