Estudo divulgado pela Agência Espacial Americana (NASA) aponta que o
derretimento de geleiras nos polos Norte e Sul e da Groenlândia,
provocado pelo aumento do aquecimento global, ameaça com inundações 293
cidades litorâneas no mundo, entre elas três em especial no Brasil: Rio
de Janeiro, Recife e Belém.
As simulações, realizadas com avançados recursos de computação reversa e
mapeamento geotérmico pelo Laboratório de Propulsão a Jato da NASA
(JetLab), mostram que o aumento dos oceanos, porém, não se daria de
maneira uniforme. Pela simulação dos cálculos, se derretesse por
completo, a Groelândia aumentaria o nível dos oceanos em seis metros,
com consequências catastróficas para todo o planeta. No caso do Rio, o
estudo mostrou que desde 2015 o nível do mar já cresceu 3,03 milímetros
por ano. Desse total, 30% se devem ao derretimento da neve da
Groenlândia.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o oceanógrafo, engenheiro ambiental e
professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) David Zee
diz que o estudo da NASA revela bem a gravidade do risco e do aumento da
temperatura do planeta. Segundo ele, mesmo uma pequena variação de dois
graus Celsius já seria o suficiente para a destruição de ecossistemas
importantes, como as barreiras de corais e manguezais, fontes
primordiais para o equilíbrio de toda a vida marinha. O especialista
explica.
"O laboratório considerou as forças dinâmicas, o movimento da Terra.
Imagine que temos uma bacia cheia d´água e que numa parte há gelo. Você
vai aquecendo essa água e o gelo vai derretendo e o nível vai subir.
Sobe por dois motivos: primeiro pelo aumento do volume da água e depois
há também a dilatação térmica. Isso numa bacia de água parada, mas a
Terra está em movimento, além da atração de Sol e Lua que atrai a água, o
que provoca a maré."
Zee observa que esse fenômeno não seria igual em todas as partes. Em
alguns pontos, segundo ele, a água subiria mais e em outros, baixaria. O
oceanógrafo explica que na Linha do Equador existe uma força centrífuga
que atua sobre todas as regiões do Atlântico, limitado a leste por
Europa e África e a oeste pelas Américas. O derretimento da Groenlândia e
da Antártida faz o volume excedente de água se confinar entre esses
dois extremos.
"Em Recife e Belém, o desnível de maré nessa região é em torno de sete,
oito metros e de um a um metro e meio no Rio de Janeiro. É como o efeito
do carrossel. Se você está no centro com ele girando, praticamente não
vê força nenhuma atuando. Ao contrário. Quanto mais se estiver nas
extremidades mais se sente o efeito", diz o professor, acrescentando
que, no caso do Rio de Janeiro, há ainda a questão do relevo, com a
cidade espremida entre o mar e a montanha, fazendo com que possa ser
maior o número de pessoas atingidas.
O oceanógrafo ratifica a precisão dos números do estudo pelos grandes
avanços ocorridos nos últimos anos na parte de cálculos e projeções
graças ao progresso da computação, permitindo a criação de máquinas cada
vez mais velozes, propiciando a elaboração de muito mais cálculos em
menor espaço de tempo e modelos matemáticos mais minuciosos, o que
acontece também na meteorologia.
"Com a elevação do nível do mar, da temperatura, da capacidade de
dilatação da água do mar e a geografia litorânea, ele (o modelo
matemático) consegue prever como avançam determinadas ondas, sejam de
maré, correnteza, pressão atmosférica e estimar os riscos dessa invasão
das águas principalmente em áreas densamente ocupadas", diz o
especialista, que alerta ainda para outra ameaça: a evasão de
manguezais, desestruturando toda a cadeia ambiental de reprodução
costeira.
Fonte: http://ufosonline.blogspot.pt/
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