O Governo da Nova Zelândia declarou, esta quarta-feira, o estado emergência em matéria de alterações climáticas, comprometendo-se a tornar o setor público neutro em carbono até 2025 e pedindo ao país para “agir com urgência”.
A primeira-ministra Jacinda Ardern, que classifica as alterações climáticas como “um dos maiores desafios do nosso tempo”, apresentou esta quarta-feira uma moção no parlamento, com a maioria dos parlamentares a votar favoravelmente, após um debate de uma hora, avançou o Guardian.
Ardern afirmou durante a reunião que a moção baseia-se em conclusões do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, entidade que aconselha uma redução de 45% das emissões até 2023 e zero até 2025 para evitar um aumento de mais de 1,5 grau Celsius no aquecimento global.
No documento, o Governo reconheceu “o impacto devastador que as condições climáticas extremas e voláteis terão na Nova Zelândia e no bem-estar dos neozelandeses, nas indústrias primárias, na disponibilidade de água e na saúde pública devido a inundações, ao aumento do nível do mar e aos incêndios florestais”.
A moção também pediu o reconhecimento do “progresso significativo do país para enfrentar o desafio”, através da assinatura do Acordo de Paris e da aprovação da Lei de Carbono Zero 2019, que compromete a Nova Zelândia a reduzir as emissões.
Essa legislação – que prevê uma Comissão para as Alterações Climáticas com a tarefa de colocar o país no caminho de emissões zero até 2050 – fez da Nova Zelândia um dos poucos países a ter uma meta de emissões zero consagrada em lei.
A primeira-ministra acrescentou que o setor governamental será obrigado a comprar apenas veículos elétricos ou híbridos, a frota será reduzida em 20% ao longo do tempo e todas as 200 caldeiras a carvão usadas nos prédios de serviços públicos serão eliminadas.
A Nova Zelândia juntou-se assim a outras 32 nações – como o Japão, o Canadá, a França e a Grã-Bretanha – que estão a concentrar esforços para combate às alterações climáticas.
Contudo, de acordo com especialistas, o país está longe da sua meta de zero emissões até 2050. Este contribui com 0,17% das emissões globais, com a emissão líquida a crescer 60% nos últimos 20 anos. Está em 17º lugar entre 32 países da OCDE, com os transportes e indústrias de manufatura e construção como a maior fonte de emissões de CO2.
Os partidos de oposição votaram contra a moção, classificando-a como um golpe de marketing. “Declarar emergência climática nada mais é do que um gesto vazio e simbólico. Não vale a pena fazer se não houver intenção de agir no melhor interesse dos neozelandeses”, disse Stuart Smith, porta-voz da oposição para as alterações climáticas.
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