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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Seul pode continuar a corrida armamentista nuclear


Quando se fala do “problema nuclear coreano”, presume-se automaticamente que se trata do problema nuclear da Coreia do Norte. Na maioria dos casos assim é, mas a Coreia do Sul também tem seus “problemas nucleares”.

Segundo a agência de notícias Yonhap, estão paralisadas as negociações entre os EUA e a Coreia do Sul sobre a prorrogação do acordo sobre questões nucleares que foi assinado em 1974. Seu prazo termina em 2014.
Seul e Washington não conseguem concordar sobre o problema do combustível nuclear usado. O lado sul-coreano exige o direito de processá-lo, citando a falta de instalações de armazenamento de hastes gastas. Atualmente, na Coreia do Sul se acumularam cerca de 14 mil toneladas de combustível nuclear usado, e esse número está crescendo, e em breve não haverá lugar para armazená-lo – pelo menos, assim dizem os representantes do governo coreano.
Mas os EUA não querem dar a Seul a permissão de processar combustível nuclear. O problema consiste em que, no decorrer desse processamento, pode ser obtido plutônio – um componente importante de uma carga nuclear de combate. Engenheiros e negociadores coreanos garantem que irão usar uma tecnologia de processamento que torna difícil obter plutônio de armas. Mas em Washington essas garantias são vistas com ceticismo.
Este ceticismo não é infundado. O fato é que na década de 1970, Seul fez uma tentativa bastante séria de desenvolver suas próprias armas nucleares, ou seja, a corrida de armas nucleares na península coreana foi iniciada pelo sul, e não pelo norte. No entanto, no final dos anos 1970, o programa nuclear da Coreia do Sul foi encerrado sob pressão dos EUA.
A imprensa de vez em quando recebe informações sobre experiências em processamento de urânio e plutônio realizadas por engenheiros coreanos. A última vez tal vazamento ocorreu em 2004.
Entretanto, a situação na Ásia Oriental deixa Washington nervoso quanto à perspectiva de proliferação de armas nucleares. Já muitas vezes se têm expressado preocupações de que o projeto nuclear norte-coreano vai levar à proliferação de armas nucleares na região, devido ao “efeito dominó”: em resposta à transformação da Coreia do Norte numa potência nuclear, o Japão pode desenvolver suas próprias armas nucleares, e depois a Coreia do Sul irá também adquirir uma bomba nuclear. No entanto, é possível uma sequência diferente: Coreia do Sul – Japão – Coreia do Norte.
São os temores de um tal desenvolvimento que impedem Washington de permitir Seul reciclar por forças próprias combustível nuclear usado. Mas, sem o respetivo acordo com os EUA a Coreia do Sul não será capaz de explorar plenamente a sua própria energia nuclear. A Coreia não se pode dar a tal luxo: a percentagem de eletricidade proveniente de usinas nucleares no país é de cerca de 40%. Por isso, muito provavelmente, mais cedo ou mais tarde, algum compromisso será encontrado.
Por outro lado, essas disputas entre os EUA e a Coreia do Sul lembram-nos que as armas nucleares estão se tornando cada vez mais acessíveis. Longe vão os dias em que a criação de um programa nuclear podia ser paga apenas por grandes potências. Hoje em dia, tendo um certo desejo, dezenas de países podem adquirir armas nucleares, e a eficácia dos mecanismos internacionais existentes para limitar sua propagação, deixa muito a desejar.

Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2013_02_25/Seul-pode-continuar-a-corrida-armamentista-nuclear/

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