O Nordeste da Ásia está sendo arrastado para uma nova corrida aos armamentos missilísticos.
É
assim que os peritos russos comentaram a declaração da Coreia do Sul
concernente à aceleração do processo de criação de um sistema integrado
de defesa antiaérea e antimíssil (DAA/DAM) que contempla o
desenvolvimento de um míssil balístico capaz de atingir alvos em
qualquer ponto do território da República Democrática Popular da Coreia.
Era
de se esperar que o Ministério da Defesa da Coreia do Sul fizesse uma
declaração anunciando a modernização do potencial de mísseis, afirma
Alexander Vorontsov, perito do Instituto de Estudos Orientais da
Academia das Ciências da Rússia. O novo potencial de mísseis de Seul é o
resultado de seu negócio com Washington:
"Em
outubro do ano passado, os EUA admitiram que os sul-coreanos ampliassem o
alcance de seus mísseis até 800 quilômetros. Esta decisão provocou
reações mistas do mundo. O Ministério do Exterior da Rússia expressou
sua preocupação, porque na altura foi, naturalmente, um passo rumo à
escalada da corrida armamentista, à intensificação da disputa pela
supremacia no tema de tecnologias de mísseis na Península da Coreia.
Hoje em dia, o governo da Coreia do Sul aponta para a Coreia do Norte,
dizendo que é uma medida de retaliação resultante do teste nuclear de
Pyongyang. Os norte-coreanos, por sua vez, acenam para Seul, insistindo
em que a ampliação do raio de ação dos mísseis sul-coreanos violara o
equilíbrio de forças e, portanto, a Coreia do Norte se viu obrigada a
tomar medidas de resposta. É um círculo vicioso do qual é difícil, mas é
preciso desprender-se, porque se trata de desestabilização da situação
em toda a região."
O papel dos EUA transluz
manifestamente na crise dos mísseis na Ásia. Antes, em virtude do acordo
entre os EUA e a Coreia do Sul, o alcance dos mísseis sul-coreanos foi
limitado a 300 quilômetros. Ao permitir a Seul ter mísseis balísticos
com alcance de 800 quilômetros, Washington fez uma forte jogada
antichinesa, pois os novos mísseis sul-coreanos serão capazes de
alcançar o território da China.
Além disso, o
Pentágono propõe-se disponibilizar ao sistema DAA/DAM, que está sendo
criado por Seul, dados recebidos de seus satélites e aviões teleguiados.
Portanto, lidamos de fato com um novo componente do segmento asiático
do sistema global de defesa antimíssil dos EUA. E a ameaça dos mísseis
norte-coreanos não é nada mais do que um truque para justificar a sua
criação. Antes de mais nada, esse sistema visa dissuadir a China,
principal opositor potencial dos EUA na região da Ásia-Pacífico,
neutralizando seu potencial de mísseis.
No dia 13 de
fevereiro, o Ministério da Defesa da Coreia do Sul anunciou que
instalara os mísseis de cruzeiro ao longo da fronteira com a Coreia do
Norte. Esses misseis, segundo destacaram os militares, podem atingir
qualquer ponto no território norte-coreano. Esse fato faz com que
aumente a probabilidade de provocação por parte de ambos os lados, acha
Konstantin Asmolov, perito do Instituto do Extremo Oriente:
"Em
seu tempo, os integrantes do governo de Lee Myung-bak perceberam o
retorno ao poder como uma oportunidade histórica para esmagar o Norte
comunista. Lhes falta muito pouco tempo. Em 25 de fevereiro tomará posse
a nova presidente, e sob o seu mandato, o destino deles será nada
invejável. Por isso, podem intentar uma provocação. Em 2010, a situação
em torno da ilha Yeonpyeong foi desestabilizada por ambas as partes, o
Norte e o Sul. Agora, volta a repetir-se uma situação muito similar,
portanto é preciso seguir o comportamento de ambos os lados."
A
evolução da crise coreana vem reduzindo o limiar de segurança da China.
Os peritos estão na expectativa: como Pequim irá responder às
atividades da Coreia do Sul e à decisão do Japão de aumentar os gastos
militares e modernizar suas forças de autodefesa?
Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2013_02_23/Nordeste-da-Asia-no-limiar-de-nova-crise-dos-misseis/
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