Sabia que há mais bactérias a viver nos nossos intestinos do que células
no nosso corpo? Este pode ser um pensamento perturbador, mas sem a
flora intestinal teríamos dificuldade na digestão de muitos grãos,
frutos e vegetais, teríamos mais alergias e um sistema imunitário mais
fraco, já para não falar das infeções por bactérias prejudiciais que
poderíamos contrair se os nossos intestinos não estivessem ocupados por
espécies amigáveis.
Os biólogos pensam que temos uma relação ainda mais próxima — e mais
antiga — com as bactérias do que era inicialmente pensado. Não só elas
vivem em nós, como também temos os descendentes de bactérias antigas a
viver dentro das nossas células. Não só somos o habitat das bactérias
como, num sentido bastante real, nós somos bactérias.
Como é que os cientistas passaram a aceitar esta ideia surpreendente? Nos anos 1960, uma jovem microbióloga, chamada Lynn Margulis, reacendeu uma hipótese antiga. Baseada numa nova análise de evidência vinda dos campos da biologia celular, bioquímica e paleontologia, ela propôs que várias transições fundamentais da evolução ocorreram não através de competição e especiação, mas através de cooperação, quando linhagens celulares distintas se uniram e se tornaram num único organismo.
Para os colegas de Margulis, esta ideia parecia louca — era como sugerir que as pirâmides tinham sido construídas por seres extraterrestres — mas Margulis defendeu o seu trabalho apesar desta resistência inicial.
Ela inspirou cientistas de campos distantes da biologia a testar a sua hipótese no laboratório. À medida que a evidência se acumulou nas décadas seguintes à publicação do seu primeiro artigo, mesmo alguns dos críticos mais convictos tiverem de admitir que ela estava correta.
Algumas das ideias de Margulis podem ter-lhe sido apresentadas como "factos" nos livros de biologia, mas provavelmente não sabia quão controversas estas ideias eram quando foram inicialmente propostas. Vamos conhecer melhor esta história de uma hipótese extraordinária — e da evidência extraordinária que a suporta.
Este caso de estudo evidencia os seguintes aspetos sobre a natureza da ciência:
Lynn Margulis em 2005. |
Como é que os cientistas passaram a aceitar esta ideia surpreendente? Nos anos 1960, uma jovem microbióloga, chamada Lynn Margulis, reacendeu uma hipótese antiga. Baseada numa nova análise de evidência vinda dos campos da biologia celular, bioquímica e paleontologia, ela propôs que várias transições fundamentais da evolução ocorreram não através de competição e especiação, mas através de cooperação, quando linhagens celulares distintas se uniram e se tornaram num único organismo.
Para os colegas de Margulis, esta ideia parecia louca — era como sugerir que as pirâmides tinham sido construídas por seres extraterrestres — mas Margulis defendeu o seu trabalho apesar desta resistência inicial.
Ela inspirou cientistas de campos distantes da biologia a testar a sua hipótese no laboratório. À medida que a evidência se acumulou nas décadas seguintes à publicação do seu primeiro artigo, mesmo alguns dos críticos mais convictos tiverem de admitir que ela estava correta.
Algumas das ideias de Margulis podem ter-lhe sido apresentadas como "factos" nos livros de biologia, mas provavelmente não sabia quão controversas estas ideias eram quando foram inicialmente propostas. Vamos conhecer melhor esta história de uma hipótese extraordinária — e da evidência extraordinária que a suporta.
Este caso de estudo evidencia os seguintes aspetos sobre a natureza da ciência:
- A ciência pode testar hipóteses sobre eventos que ocorreram há muito tempo.
- As ideias científicas são testadas com várias linhas de evidência.
- A ciência é um empreendimento comunitário, que beneficia de um conjunto alargado e diverso de perspetivas, práticas e tecnologias.
- As ideias científicas evoluem com nova evidência, no entanto ideias científicas bem suportadas não são ideias vagas.
- Através de um sistema de controlo e equilíbrio, o processo da ciência pode ultrapassar tendências e preconceitos individuais.
- A evidência é o árbitro mais importante na decisão sobre que ideias científicas são aceites.
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