Os astrônomos já confirmaram: uma das constelações mais famosas do nosso
céu noturno - Órion, o caçador - cedo ou tarde perderá seu ombro
direito. Isso vai acontecer porque sua segunda estrela mais brilhante,
Betelgeuse, está morrendo. Mas ela definitivamente não terá uma morte
serena, muito pelo contrário. Como uma boa supergigante vermelha (ela é
20 vezes mais massiva, 890 vezes maior e emite 125 mil vezes mais
energia que nosso sol!), seu último suspiro promete ter desdobramentos
cataclísmicos, resultando naquilo que a ciência considera um dos eventos
mais violentos e extremos da natureza - uma supernova.
Quando isso acontecer, Betelgeuse vai deixar de ser uma das estrelas
mais brilhantes da noite terrestre para virar um objeto muito, mas muito
maior. Seu tamanho e brilho podem se tornar equivalentes aos da lua
cheia, e ela será facilmente visível até durante o dia por alguns meses
ou anos. Depois disso, desaparecerá por completo. Mas quando isso vai
acontecer? Nem os astrônomos sabem ao certo.
As estimativas variam de cem mil até um milhão de anos, sendo que o
primeiro cenário é o mais provável. Mas a verdade é que ainda sabemos
pouco sobre Betelgeuse, até mesmo a distância da estrela continua sendo
alvo de debates. Um estudo recente trouxe evidências de que ela está a
650 anos-luz da Terra - isso é longe o bastante para garantir que,
quando vier a supernova, não correremos nenhum tipo de risco. Mesmo que
para nós cem mil anos possa parecer muito tempo, em uma perspectiva
cósmica isso é um piscar de olhos. E levando em conta o tanto que ainda
não conhecemos sobre este sol distante, dá até pra nutrir uma
(minúscula) esperança de que ele exploda hoje à noite!
BETELGEUSE BRILHANDO AVERMELHADA NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA CONSTELAÇÃO DE ÓRION (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
De um jeito parecido com algumas pessoas aqui na Terra, as supergigantes
vermelhas vivem rápido e morrem jovens: Betelgeuse está agonizando com
“meros” 8,5 milhões de anos, enquanto o Sol existe há 4,5 bilhões de
anos e deve viver até o dobro disso. Ainda comparando as duas estrelas,
se Betelgeuse estivesse no centro de nosso sistema solar, a Terra e
todos os planetas rochosos seriam engolidos, e seu diâmetro se
estenderia até as proximidades de Júpiter.
No estágio atual, a gigante provavelmente já exauriu todo o hidrogênio
de seu núcleo, principal combustível que acaba transformado em hélio.
Agora, o hélio está sendo convertido em carbono, processo que libera uma
imensa quantidade de energia e provoca grande perda de massa. Daqui a
provavelmente cem mil anos, quando o hélio se esgotar, as coisas começam
a ficar mais turbulentas - elementos cada vez mais pesados serão
fundidos em um espaço cada vez mais curto de tempo. A morte chega junto
com a fusão do silício em ferro, que rouba a energia que a estrela
precisa para se sustentar.
O núcleo entra em colapso, esquenta ridiculamente e - CABUM! Explode em
uma magnífica supernova. É o fim de Betelgeuse. Octilhões de toneladas
de matéria serão lançadas no espaço interestelar junto de uma onda de
choque que viajará a cerca de 13 quilômetros por segundo e vai demorar 6
milhões de anos para nos acertar. A bolha de partículas do Sol que
protege todo o sistema que ele rege, chamada de heliosfera, deve nos
proteger do impacto - nós estaremos seguros. De hoje até lá, inclusive, a
Via Láctea provavelmente terá sido palco de umas mil supernovas - a
média galáctica é de mais ou menos uma explosão por século, e a última
foi observada pelo astrônomo Johannes Kepler em 1604. Considerando o
“atraso”, é possível que uma supernova ilumine nossa galáxia a qualquer
momento!
Veja uma simulação do evento visto da Terra:
Então da próxima vez que você olhar para o céu e encontrar as Três
Marias (ou o cinturão de Órion), preste bastante atenção na estrela
vermelha brilhando um pouco acima delas. Pense que, em algum lugar a 650
anos-luz daqui, ela agoniza e enfrenta seus últimos momentos de vida.
Mesmo que não estejamos mais aqui quando ela finalmente explodir, daqui a
100 mil anos, tente imaginar aquela bolinha vermelha crescendo até
ficar do tamanho da lua cheia. O mais legal de tudo é lembrar que não se
trata apenas de um exercício de imaginação - isso vai mesmo acontecer!
Fonte: http://ufosonline.blogspot.pt/
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