Quando ouvimos falar em tempestades, já nos lembramos logo de rajadas de
ventos, trovões, relâmpagos, raios e muita chuva. Todavia, o termo não
se aplica apenas a esse evento natural registrado na Terra. A explosão
de partículas superaquecidas na superfície do Sol pode gerar ventos e um
fenômeno conhecido como Tempestade Solar ou Erupção Solar.
As atividades desenvolvidas no núcleo do Sol ocasionam uma produção
muito grande de energia por meio da fusão nuclear. Nesse processo,
liberam-se prótons e elétrons, que são atraídos e acumulados em campos
magnéticos. A grande concentração dessas partículas causa explosões,
que, por sua vez, produzem ventos que podem atingir os planetas do
Sistema Solar. Essas tempestades ocorrem com mais frequência durante o
período conhecido como máximo solar, ou seja, quando o Sol está no pico
de atividade magnética, o que acontece a cada 11 anos.
Em alguns casos, tais tempestades podem interferir na vida na Terra, no
entanto, o planeta está protegido por um campo chamado Magnetosfera, que
impede que as rajadas solares atinjam a atmosfera. Prova desse fenômeno
de proteção são as auroras boreais ou auroras polares, que, apesar da
beleza, refletem a intensidade do bombardeamento da tempestade vinda do
Sol.
Impacto na vida terrestre
Os ventos provocados pela explosão dessas partículas superaquecidas
atingem o campo magnético da Terra e, em casos remotos, a atmosfera,
causando interferência em alguns instrumentos usados pelos homens. Isso
ocorre porque as partículas que se deslocam do Sol geram correntes
magnéticas que podem alcançar o solo e as rochas da superfície Terra, o
que causa perda na regulação de tensão das distribuidoras de energia e
um comprometimento das ondas de radiofrequência.
Em 1989, um blackout ocorrido na província de Quebec, no Canadá, teve
como justificativa as alterações ocasionadas no campo magnético da Terra
pelas partículas que saíram do Sol. Além dos espetáculos de luzes no
céu, milhares de pessoas ficaram sem eletricidade durante horas e a
comunicação via rádio ficou fora do ar.
Em um caso mais extremo, linhas de telégrafos foram rompidas no ano de
1859. Na ocasião, alguns telegrafistas receberam choques elétricos, e
alguns postes produziram faíscas por causa da descarga gerada pela
tempestade. Nesse episódio, que ficou conhecido como Evento Carrington,
as auroras polares puderam ser vistas de muitos lugares mais ao sul da
Europa e América do Norte, em virtude da intensidade dos bombardeamentos
solares.
De acordo com Enos Picazzio, Professor do Instituto de Astronomia,
Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), as
consequências de tempestades em grandes proporções, como as de 1859 e
1889, hoje seriam mais graves em razão da dependência que temos de
informações que circulam por instrumentos relacionados com o
funcionamento dos satélites. Além disso, várias cidades no mundo
ficariam sem energia, gerando um prejuízo de bilhões de dólares.
O professor da USP também comenta que, se o planeta não tivesse a
proteção da magnetosfera, talvez suas características seriam próximas
das de Vênus ou Marte, por exemplo. No passado, Marte foi protegido por
uma magnetosfera e tinha atmosfera espessa. Provavelmente, com a perda
da magnetosfera, a atmosfera tornou-se rarefeita, o efeito estufa
diminuiu e a temperatura ambiente caiu, tornando o planeta árido e frio.
Já em Vênus, por estar bem mais próximo do Sol, os efeitos são
diferentes. Com uma maior incidência de luz solar, a atmosfera de Vênus
perdeu elementos químicos leves, predominando os mais pesados, nesse
caso, o dióxido de carbono. Como o segundo planeta mais próximo ao Sol
não tem magnetosfera, sua atmosfera está sendo destruída pelo vento
solar.
Futuras tempestades
Apesar de muito se falar em tempestade solar em razão do fácil acesso
que temos, atualmente, a esse tipo de informação, estudos recentes
mostram que a atividade solar está diminuindo, o que pode trazer
consequências climáticas em algumas décadas.
Os avanços tecnológicos e dos modelos teóricos sobre o comportamento
solar têm apresentado êxito no monitoramento das atividades do Sol.
Certamente, previsões precisas serão cada vez mais realistas no futuro,
antecipando tempestades e outras atividades. No entanto, o professor
Enos Picazzio ressalta que ainda não há muito o que se fazer se uma
explosão de grandes proporções for prevista com antecedência. É preciso
um plano de contingência, principalmente dos países do hemisfério norte.
Fonte: http://ufosonline.blogspot.pt/
Nenhum comentário:
Postar um comentário