Um astrônomo acredita que Júpiter, em vez de proteger a Terra de cometas e asteroides perigosos, está lançando objetos ativamente em direção ao sistema solar interno. Novas pesquisas agora demonstram esse complexo processo em ação.
Uma teoria popular sugere que Júpiter,
com sua massa tremenda, age como um escudo gigantesco no espaço,
sugando ou desviando detritos perigosos que sobraram da formação do
sistema solar. Mas a teoria do Escudo de Júpiter, como é conhecida, tem
sido desfavorecida nas últimas duas décadas.
Um crítico importante dessa teoria, Kevin Grazier, ex-membro da
Academia Militar West Point dos EUA e da NASA, tenta desmascarar essa
ideia há anos. Ele publicou vários estudos sobre o assunto, incluindo um
artigo de 2008 intitulado “Jupiter as a Sniper Rather Than a Shield”
(Júpiter Como Atirador de Elite Em Vez de Escudo’. De fato, a cada
artigo sucessivo, Grazier tem demonstrado cada vez mais as maneiras
pelas quais Júpiter, em vez de ser nosso protetor, é na verdade – embora
indiretamente – uma ameaça perniciosa.
A última incursão de Grazier no assunto envolve um par de artigos complementares, um publicado no Astronomical Journal em 2018 e outro no Monthly Notices do Royal Astronomical Journal em 2019.
O primeiro artigo analisa as formas complexas pelas quais objetos no
sistema solar externo são afetados pelos planetas jovianos, como
Júpiter, Saturno, Netuno e Urano, enquanto o segundo artigo analisa uma
família específica de corpos gelados e como eles são transformados por
Júpiter em cometas potencialmente mortais. Olhando para as conclusões
dos dois trabalhos, parece que a teoria do Escudo de Júpiter está em
sério risco.
Grazier disse ao Gizmodo em um email:
Na verdade, eu não diria que está em risco – eu diria que foi colocada para descansar. Nossas simulações mostram que Júpiter tem a mesma probabilidade de enviar cometas na Terra do que desviá-los, e vimos isso no sistema solar real.
Para deixar claro, isso era uma coisa muito boa quando a Terra era
jovem, pois cometas e asteroides forneciam os ingredientes essenciais
necessários para a vida. Hoje, no entanto, esses impactos certamente não
são bons, pois poderiam desencadear extinções em massa semelhantes à
que extinguiu dinossauros não aviários há cerca de 66 milhões de anos.
Os trabalhos de Grazier apresentam novos modelos que demonstram os
complexos processos astrofísicos necessários para converter corpos
celestes distantes em ameaças locais. Trabalhando com colaboradores do
Laboratório de Propulsão a Jato da NASA e da Universidade do Sul de
Queensland, Grazier mostrou como os objetos no disco disperso, um anel
dentro do Cinturão de Kuiper que contém muitos planetesimais que se
aproximam de Netuno, são influenciados pelos planetas jovianos. Eles
também mostram como Centauros, um grupo de corpos gelados em órbita além
de Júpiter e Netuno, são transformados por Júpiter em cometas
potencialmente ameaçadores da Terra, especificamente uma coleção de
objetos conhecidos como Cometas da Família Júpiter…
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