Os humanos estão a criar condições ambientais que podem levar a novas pandemias, indica um novo estudo da Universidade de Sydney.
O novo estudo da Sydney School of Veterinary Science sugere que a pressão sobre os ecossistemas, as mudanças climáticas e o desenvolvimento económico são fatores-chave associados à diversificação de patogénicos – agentes causadores de doenças, como vírus e bactérias -, o que pode levar a surtos de doenças.
Os investigadores encontraram uma maior diversidade de doenças zoonóticas (transmitidas entre animais e humanos) em países mais desenvolvidos economicamente, com áreas de terra maiores, populações humanas mais densas e maior cobertura florestal.
O estudo também confirma que o crescimento e a densidade populacional são os principais responsáveis pelo surgimento de doenças zoonóticas.
“À medida que a população humana aumenta, também sobe a procura de casas. Para atender a essa procura, os humanos estão a invadir habitats selvagens, o que aumenta as interações entre a vida selvagem, animais domésticos e seres humanos, e acresce o potencial dos insetos saltarem de animais para humanos”, referiu Michael Ward, um dos autores do estudo.
“Até ao momento, esses modelos de doenças têm sido limitados e continuamos focados em entender por que razão as doenças continuam a surgir”, afirmou o especialista.
Além da covid-19, outras doenças zoonóticas que devastaram recentemente as populações humanas incluem a gripe aviária (H5N1), suína (H1N1), Ebola e Nipah – um vírus transmitido por morcegos, recorda o SciTechDaily.
Os especialistas descobriram vários fatores que englobam três categorias de doenças: zoonótica, emergente (doenças recém-descobertas, doenças que aumentaram de ocorrência ou que ocorreram em novos locais) e humana, sendo que cada uma delas prevalece em diferentes zonas do planeta.
Por exemplo, as doenças zoonóticas, que têm como principais impulsionadores a área terrestre, a densidade populacional humana e a área da floresta, são mais comuns na Europa, América do Norte, América Latina, Austrália e China.
Já as doenças emergentes, impulsionadas pela área terrestre, densidade populacional humana e índice de desenvolvimento humano prevalecem mais na Europa, América do Norte, América Latina e Índia.
Por sua vez, as doenças humanas, mais ligadas aos altos gastos com saúde, temperatura média anual, área terrestre, densidade da população humana, índice de desenvolvimento humano e precipitação, são mais habituais na América do Norte, América Latina, China e Índia.
“Prevê-se que países com uma longitude de -50 a -100 como o Brasil, países desenvolvidos como os Estados Unidos e países densos como a Índia tenham uma maior diversidade de doenças emergentes”, refere Ward.
Os investigadores também observaram que as variáveis climáticas, tais como a temperatura e a precipitação, podem influenciar a diversidade de doenças humanas. Em temperaturas mais altas, tendem a haver mais patogénicos emergentes.
“A nossa análise sugere que o desenvolvimento sustentável não é apenas crítico para manter os ecossistemas e desacelerar as mudanças climáticas, como pode informar o controlo, mitigação ou prevenção de doenças ”, afirma Ward.
https://zap.aeiou.pt/condicoes-podem-iniciar-nova-pandemia-409592
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