Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE, conseguiram registrar pela primeira vez no Brasil um tipo bastante raro de relâmpago, que parte da superfície em direção às nuvens. O evento é bastante difícil de ser observado e poucos países têm imagens semelhantes.
O registro foi feito com ajuda de câmeras especiais de alta velocidade, capazes de gravar imagens a 4 mil frames por segundo. Nessa velocidade, eventos ultrarrápidos como raios ou explosões podem ser observados com grande riqueza de detalhes, permitindo aos pesquisadores acompanhar toda a dinâmica envolvida no processo.
Durante uma das sessões de observação quatro raios desse tipo foram detectados partindo de uma das torres localizadas sobre o Pico do Jaraguá, na cidade de São Paulo. Os quatro eventos ocorreram em apenas 20 minutos, o que chamou a atenção dos cientistas por ser considerado um número muito alto para um intervalo de tempo tão pequeno.
Para se ter uma noção comparativa, o topo do Empire State Building, o edifício mais alto de Nova York, se localiza a 440 metros de altura. Ali, ocorrem em média 26 raios ascendentes por ano.
Tipo Raro
Cerca de 99% dos raios é do tipo nuvem-solo, ou seja, raios que se originam nas nuvens e chegam ao chão. Apenas 1% dos raios é ascendente, que parte de algo na superfície. Esses percentuais apenas se alteram em locais específicos, como construções muito altas, onde o número de raios ascendentes pode superar os raios nuvem-solo.
Segundo o pesquisador Marcelo Saba, ligado ao Grupo de Eletricidade Atmosférica, ELAT, e um dos autores do estudo, os raios ascendentes são em geral artificiais, no sentido de responder às alterações ambientais produzidas pela atividade humana. Eles se originam devido a construções elevadas, como torres de telecomunicação ou para-raios de edifícios altos.
Os pesquisadores afirmam que o estudo desse tipo de raio poderá ajudar a estimar qual a frequência e quais as condições necessárias para que ocorra. A pesquisa também poderá aprimorar os sistemas de detecção de descargas atmosféricas que monitoram a incidência de raios no Brasil.
Em alguns países, como o Japão, os raios ascendentes têm trazido grandes prejuízos quando atingem turbinas de geração eólica. Como esse tipo de geração de energia tem grandes chances de expansão no Brasil, torna-se relevante intensificar os estudos uma vez que nosso país apresenta a maior incidência de raios do mundo.
Poucos países possuem imagens deste fenômeno, entre eles os Estados Unidos, o Canadá, o Japão e a Áustria. Ainda assim, há pouco conhecimento sobre a física e as características dos raios ascendentes, o que torna este registro ainda mais importante para as pesquisas.
Fonte: http://www.apolo11.com/spacenews.php?titulo=Raios_ascendentes_sao_registrados_pela_primeira_vez_no_Brasil&posic=dat_20120229-103942.inc
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