Uma violenta tempestade que se abateu sobre a maior cidade do Brasil,
São Paulo, no início da noite de quinta-feira travou completamente a
gigantesca metrópole e na manhã desta sexta-feira ainda provocava
transtornos. Em cerca de uma hora de chuva torrencial, em vários bairros
até com granizo, choveu o equivalente a 46% de tudo o que era esperado
para o mês de Fevereiro inteiro, tradicionalmente o mais quente e
chuvoso do ano.
Na manhã desta sexta-feira os efeitos da tempestade
eram visíveis por toda a capital paulista e cidades vizinhas, igualmente
atingidas. Só em São Paulo, às 8 da manhã 109 semáforos ainda não
funcionavam, piorando ainda mais o já caótico trânsito de uma das
maiores cidades do mundo, onde árvores que cairam durante a tempestade e
a grande quantidade de lama acumulada em várias ruas também contribuiam
para longos engarrafamentos.
A
violência da chuva foi tão grande que, poucos minutos depois do início
do temporal, as maiores avenidas de São Paulo, como as gigantescas
Marginal Pinheiros, que corta a zona sul, e a Marginal Tietê, na zona
norte, já estavam alagadas. A CET, Companhia de Engenharia de Trânsito,
registava pouco depois das 19 horas de quinta 80 pontos de alagamento na
cidade, vários deles inultrapassáveis até mesmo por autocarros e
camiões.
Por toda a cidade, ocupantes
de automóveis, vários deles arrastados sem controlo por centenas de
metros batendo uns nos outros, abandonaram os seus carros quando a água
subiu demasiado rápido e perigosamente, e até passageiros de autocarros
tiveram que subir no tecto dos colectivos quando a água que se acumulou
nas ruas invadiu os veículos. Na Estação Barra Funda, um enorme terminal
que liga os comboios suburbanos e o metropolitano a diversas linhas de
autocarros, os passageiros foram impedidos de sair, dada a altura que a
água já atingia na avenida, e tiveram que voltar para composições
superlotadas para continuarem viagem até outras estações.
Daí
a pouco a circulação de comboios foi interrompida, gerando grande
aglomeração de passageiros em várias estações. Houve pânico e desmaios
em alguns locais mais lotados, mas não há notícia de feridos graves.
Na
zona sul, o Estádio do Morumbi, o maior de São Paulo, pertencente ao
São Paulo Futebol Clube, foi tomado pela enxurrada. Cadeiras, mesas,
guarda-sois e móveis da área social foram arrastados para dentro das
picinas, que nesta sexta-feira amanheceram cheias de escombros e de
lama. Por toda a região do elegante bairro do Morumbi, densamente
arborizado, grandes árvores cairam, muros foram derrubados e pesados
portões de ferro de mansões e empresas foram arrancados como se fossem
de papel.
São Paulo parece nesta manhã
ter sido o cenário de uma grande batalha. Inúmeros imóveis invadidos
pela água estão sujos e danificados, e em algumas ruas é possível
verem-se até carros em cima de outros, arrastados pela força da corrente
formada nas ruas e avenidas. Nas favelas e bairros mais vulneráveis,
muitas pessoas perderam o pouco que tinham, com os seus pertences
arrancados de casa pela enxurrada ou destruídos pela água e pela lama
que cobriu tudo dentro das residências. A tempestade ocorreu no final
daquele que foi o dia mais quente do ano na cidade, e pode repetir-se,
pois a temperatura nesta sexta-feira continua alta e há previsão de
novos temporais para o final da tarde.
Fonte: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/tempestade-trava-sao-paulo
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