Foto: ru.wikipedia.org/VascoPlanet/cc-by-sa 3.0
Há dez anos, em Balaklava, pequena cidade perto de Sevastopol na Ucrânia, foi apresentada pela primeira vez ao público uma empresa supersecreta de reparação de submarinos.
A empresa foi construída por um decreto governamental após o bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945. O projeto de construção de uma obra subterrânea protegida foi desenvolvido pelo Instituto Granit de Leningrado e assinado pessoalmente por Stalin. Segundo se considera, esta enseada é uma das mais protegidas do mar Negro, sendo praticamente invisível do lado do mar aberto, porque a costa rochosa faz várias viradas.
Foto: Voz da Rússia
Em
2003, a empresa foi transformada num museu. Mas mesmo agora, a cidade
secreta dentro de uma rocha não revelou ainda todos seus mistérios,
alguns dos quais foram referidos à Voz da Rússia pelo diretor do museu,
Serguei Kruglov:
–
Esta é uma obra de fortificação subterrânea única. Em Balaklava foi
construída uma rede que integra várias estruturas que formam uma cidade
debaixo de terra inteira – um canal subaquático capaz de acolher 6-7
submarinos do projeto 613, uma base única de reparação de submarinos e
muitas outras estruturas."
O
complexo inclui um enorme reservatório de combustível e locais de vida.
A própria obra poderia ser utilizada também como refúgio subterrâneo no
caso de um ataque atômico.
O
mais extraordinário é um arsenal nuclear de combate que se encontrava
aqui e incluía ogivas de combate para torpedos, que foram testadas no
local.
Foto: Voz da Rússia
Trata-se de um objeto secreto escondido dentro de uma outra estrutura secreta segundo o princípio da matrioshka: Sevastopol
era uma cidade encerrada que escondia mais uma cidade secreta
Balaklava. Dentro de Balaklava se encontrava a estrutura secreta "Objeto
825" que, por seu lado, mantinha um arsenal nuclear de combate,
desconhecido pela maioria de trabalhadores dessa estrutura.
Até
recentemente, poucas informações sobre esta estrutura foram
disponíveis. Muitas pessoas que lá trabalhavam observaram o compromisso
de não divulgar o sigilo estatal. Guardaram a fidelidade à obrigação
mesmo após ter conhecido que a estrutura se tornou acessível ao público.
Foto: Voz da Rússia
Em
1991, quando a estrutura deixou de existir como empresa militar, o
local foi saqueado e abandonado por dez anos. Foram roubados 21 km de
cabos elétricos. O fato de ter sido restabelecido o sistema de
alimentação elétrica e de uma parte da estrutura se tornar acessível é
um mérito das pessoas que haviam recuperado este local.
Exibimos
hoje cerca de 40% da sua área total de 19.500 metros quadrados. A
exposição aumenta à conta da abertura de oficinas em que se preparavam
minas e torpedos. Nestas oficinas há uma pequena piscina em que a
hermeticidade de torpedos foi testada pelas bolhas de ar desprendidas.
Estamos reconstituindo tudo isso.
– O que glorifica esta estrutura que se tornou um museu? O poderio militar de um grande Estado, como era a União Soviética?
–
Chamamo-la de Museu da Guerra Fria. Este foi um período que começou com
a intervenção de Churchill em Fulton, que deu início à confrontação
entre duas potências, que continuou atá a desintegração da União
Soviética. E posso destacar que a reação dos nossos visitantes é
praticamente igual: só a URSS podia criar tal estrutura.
Foto: Voz da Rússia
Para
a nossa satisfação, a estrutura não foi ligada a quaisquer ações
militares ou à morte de pessoas. Este fato permite utilizá-la como um
centro cultural-recreativo. O Serviço de Reconhecimento Externo irá
entregar-nos um submarino Triton M1, muito secreto em tempos, destinado
ao transporte de sabotadores marítimos que integrará a nossa exposição.
– Os visitantes poderão ver algo de novo no próximo verão?
–
Teremos três itinerários em perspectiva. Um é de reconhecimento geral
que dura cerca de uma hora. O segundo passa pelo canal com paradas
dentro da estrutura e o conhecimento de várias mostras. O terceiro
passará através do novo museu de náutica hidráulica, oficinas de
torpedos, uma sala de cine, exposições "Forças Sabotadoras" e "História
da Frota Submarina". Estamos preparando também a exposição "Escudo
Nuclear da Rússia", que apresentará modelos de armas nucleares,
aparelhos de controle, etc. Vamos formar este setor em interação com
nossos colegas da Rússia.
Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2013_12_04/dois-mil-metros-quadrados-de-misterios-debaixo-de-terra-9281/
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