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terça-feira, 24 de março de 2015

LHC poderá comprovar existência de universos paralelos


O Grande Colisor de Hádrons (sigla em inglês LHC), em Cern, na Suíça, irá entrar em produção novamente esta semana e um de seus projetos principais será o de procurar por minúsculos buracos negros, que poderiam ser portais para universos paralelos e novas dimensões.

A ideia de que universos paralelos, ou muitos universos (multiversos) existem, tem sido levantada por algum tempo. Há a teoria das cordas e a de “muitos-mundos”, bem como variações destas. Mas ninguém ainda foi capaz de conduzir um experimento que testasse esta tese com sucesso.

Porém, uma nova proposta, a qual postula que minúsculos buracos negros nos conectam com outros universos, foi apresentada por Mir Faizal, e Mohammed M. Khalil, da Universidade de Waterloo, no Canadá. Seu estudo foi publicado no Physics Letters B e os cientistas do LHC irão agora testar a teoria.

O LHC já foi usado para procurar por minúsculos buracos negros, mas até agora falhou. Desta vez, Faizal e Khalil propuseram alterações nos experimentos anteriores, as quais eles esperam confirmar sua nova teoria.

Se obtiverem sucesso, nosso conceito da realidade será derrubado. Tal descoberta significaria que muitas outras dimensões existem além daquelas que concebemos atualmente. O fato também mudaria a teoria convencionalmente aceita de que o Universo começou com um Big Bang. Ao invés disso, ela diz que nunca houve uma singularidade e o Universo não tem começo, não tem tempo e é infinito.

Além disso, estes universos paralelos poderiam não ser governados pelas mesmas leis de física que conhecemos. Ou eles poderiam seguir nossas leis, mas não da forma que estamos acostumados. Por exemplo, alguns cientistas sugerem que possa haver um universo alternativo, no qual o tempo anda para trás.

Os dois cientistas também pensam que tais universos não seriam como a teoria dos “muitos-mundos”, na qual, após cada decisão e ação que você toma, uma possibilidade alternativa se separaria e existiria em outro universo – o que significa que existiria um número infinito de universos alternativos, nos quais você ainda existe, como se tivesse tomado um curso de ação diferente.

Conversando do Phys.org, Faizal disse: “Normalmente, quando as pessoas pensam no multiverso, eles pensam na interpretação de muitos-mundos da mecânica quântica, onde cada possibilidade é tornada real. Isto não pode ser testado e assim trata-se de filosofia, e não de ciência. Isto não é o que queremos dizer com universos paralelos. O que queremos dizer é que são universos reais e dimensões adicionais. Bem como muitas folhas de papel paralelas, as quais são objetos de duas dimensões (comprimento e largura), podem existir numa terceira dimensão (altura), universos paralelos também existem em dimensões mais altas“, disse Faizal para o Mail Online.

Tais multiversos não existiriam lado a lado conosco; nós seríamos conectados a eles pelos minúsculos buracos negros e haveria um intercâmbio físico entre nós e eles. Faizal e Khalil dizem que a gravidade do nosso próprio Universo fluiria através destes túneis de buracos negros para os universos além.

A ciência prevê que os buracos negros existem na “gravidade arco-iris”. Diferentemente da teoria de Einstein, de que a luz é dobrada pela gravidade em todo o Universo, a teoria da “gravidade arco-iris” sugere que a gravidade afeta diferentes comprimentos de onda de luz e isto significa que partículas terão diferentes níveis de energia.

Faizal e Khalil estão sugerindo que, “o modelo atual de gravidade, que foi usado para prever o nível de energia requerido para a produção de buracos negros, não é tão preciso, porque ele não leva em consideração os efeitos quânticos”.

“De acordo com a teoria da relatividade de Einstein, a gravidade pode ser considerada como uma curvatura no espaço e tempo Porém, aqui os cientistas apontam que esta geometria do espaço e tempo, responsável pela gravidade, fica deformada na escala Planck”, escreveu Phys.org.

Através do uso do modelo ‘arco-iris’, os pesquisadores estimaram que mais energia será necessária para detectar minúsculos buracos negros do que anteriormente previsto. O LHC tem procurado por buracos negros a baixos níveis de energia e os cientistas dizem que esta é a razão dele não ter obtido sucesso.

Mas agora reativado, o novo super poderoso LHC será capaz de esmagar partículas ao dobro da força que fazia antes, assim tornando o experimento possível.

Anteriormente, o LHC procurava por buracos negros aos níveis de energia de 5,3 TeV, diz Phys.org.

“Os buracos negros podem se formar a níveis de energia de, pelo menos, 9,5 TeV em seis dimensões e 11,9 TeV em 10 dimensões. Já que o LHC foi projetado para alcançar 14 TeV em testes futuros, estes requerimentos previstos de energia para a produção de buracos negros deverão ser acessíveis.”

O cientistas de Cern acreditam que através da análise das formas que os bilhões de partículas tomam após ricochetearem da força das colisões, eles possam obter evidência de diferentes dimensões e, possivelmente, detectar a gravidade entrando nos mini buracos negros.

“Calculamos a energia que esperamos detectar estes mini buracos negros em gravidade arco-iris… Se detectarmos os mini buraco negros com esta energia, então saberemos que tanto a gravidade arco-iris, quanto as dimensões extras, estão corretas“, disse o co-pesquisador, Ahmed Farag Ali, da Universidade Estadual da Flórida.

Porém, Mohammed Khalil disse ao Phys.org: “Se os buracos negros não forem detectados aos níveis de energia previstos, isto significaria uma de três possibilidades. Primeira, as dimensões extras não existem. Segunda, elas existem, mas são menores do que esperadas. Ou terceira, os parâmetros do arco-iris da gravidade precisam ser modificados.”

Dois outros cientistas do campo expressaram entusiasmo, mas também cautela.

Remo Garattini, Professor de Física da Universidade de Bergamo disse: “Eu acho que o trabalho é interessante, mas temos que ter cuidado para extrapolar os resultados globais, utilizando somente uma proposta para as funções arco-íris“.

João Magueijo, Professor de Física da Faculdade Imperial de Londres disse: “O trabalho é interessante, mas como muitas outras aplicações da gravidade arco-íris, ele depende crucialmente nas funções livres escolhidas da teoria. Ainda assim, eu acho que este trabalho poderia ser um passo valioso na contenção dessas funções livres”

Fonte: www.digitaljournal.com

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