O vulcão Erta Ale é um dos poucos do mundo que não adormece
Satélites da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) identificaram no
início deste ano novas fissuras perto de um dos vulcões mais ativos do
mundo, o Erta Ale, na Etiópia, também conhecido como "montanha
fumegante" e a "porta do inferno".
A região é caracterizada por intensa movimentação geológica e, no futuro, pode protagonizar a separação do continente africano.
"Esse vulcão está posicionado em uma 'junção tripla' de placas
tectônicas no leste africano denominada de junta tríplice de Afar. Essas
zonas compreendem o afastamento relativo entre três placas tectônicas,
cuja abertura promove a subida de magmas, que são as lavas vulcânicas,
até a superfície", diz o professor Carlos Roberto de Souza Filho, do
Instituto de Geociências da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Segundo o especialista, o Erta Ale é um vulcão muito ativo e possui um
lago de lava com mais de cem anos em uma de suas caldeiras, e daí devem
ter surgido os apelidos aterrorizantes.
"O Erta Ale é um vulcão 'escudo', caracterizado pela efusão de magma
basáltico muito fluido que origina uma estrutura de derrames de lava
partir da cratera em cone amplo, com baixos ângulos topográficos. É um
tipo de vulcão com forma mais plana e que não forma grandes elevações",
diz o professor.
Satélites da Nasa detectaram movimentação de três placas tectônicas próximas ao vulcão
África pode ter nova separação
O que o satélite da Nasa detectou recentemente é que essas três placas
próximas ao vulcão estão se separando rapidamente, ativando vários
vulcões na região. As novas fissuras foram abertas em 21 de janeiro de
2017, derramando grandes quantidades de lava. Na região, também foram
registrados transbordamentos em um dos lagos do Erta Ale.
Pesquisadores acreditam que a separação entre essas três placas
tectônicas poderia causar a separação da África e o surgimento de uma
nova ilha no nordeste do continente.
"O que está acontecendo na junção tríplice é uma ruptura dessa região do
continente africano e a abertura de um oceano. Só que esse é um
processo geológico lento", diz o professor, sobre a movimentação que não
chega a poucos centímetros por ano.
"Levará milhões de anos para que esse processo de separação ocorra e que
um braço de oceano se instale ali, separando aquele bloco continental
do restante do continente africano", explica.
A entrada do vulcão na Etiópia é ponto de visita de turistas
Porta do inferno
A última grande erupção do Erta Ale aconteceu em setembro de 2005,
quando animais que viviam em áreas próximas morreram e os habitantes
foram forçados a sair da região. Mas a ameaça é constante: houve fluxo
de lava em 2007, 2009 e 2010 e uma erupção em novembro de 2008.
A região onde fica o Erta Ale – ao norte da Etiópia e perto da fronteira
com a Eritreia – é quase inabitada e, além do perigo de uma erupção, há
uma tensão política, já que os dois países disputam os limites da
fronteira.
Em janeiro de 2012, um grupo de turistas e pesquisadores que viajava
para conhecer o Erta Ale foi atacado. Cinco pessoas morreram, cinco
ficaram feridas e duas foram feitas reféns por representantes da Frente
Revolucionária da Unidade Democrática Afar.
Segundo Souza Filho, três elementos são usados pelos cientistas para
medir a possibilidade de uma erupção: a temperatura da superfície, o
aumento da presença de gases vulcânicos, como o dióxido de enxofre, e
pequenas mudanças na forma da superfície do terreno. Nenhuma delas, no
entanto, é capaz de medir com certeza quando um vulcão vai entrar em
erupção.
"Não existe nenhum método preciso, seja por satélite, seja com medidas
terrestres, para se prever quando exatamente ocorrerá uma erupção.
Claro, existe uma relação importante entre sismicidade, que são os
terremotos, e erupções, mas não é uma relação linear", explica.
Fonte: http://ufosonline.blogspot.pt/
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