Além de sua beleza, as imagens noturnas da Terra têm um uso prático
extremamente importante. As luzes noturnas das cidades, estradas e
outras infraestruturas são impressões digitais de como nossa civilização
se espalhou pelo planeta. Para alguns pesquisadores, essas luzes não
apenas mostram onde moramos, mas como.
Imagens
de satélite comparam diferentes momentos na cidade de Hubei, na China.
As cenas revelam a mudança de comportamento durante a pandemia de 2020.
Cientistas
do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, GSFC, e da Associação de
Pesquisa Espacial das Universidades , USRA, detectaram sinais claros do
recente desligamento dos negócios e dos transporte na província de
Hubei, no centro da China. Naquele país as autoridades suspenderam
viagens aéreas, rodoviárias e ferroviárias, além de severas restrições a
outras atividades desde o final de janeiro de 2020, quando o surto de
COVID-19 surgiu na região.
Visto de cima
Na tentativa de encontrar padrões de uso de energia, transporte, migração e outras atividades, a equipe de pesquisadores analisou diversas imagens noturnas da Terra e encontraram nítidas mudanças de atividade na cidade de Wuhan, China, entre 19 de janeiro e 4 de fevereiro de 2020.
Nas
imagens mostradas nesta página, as etiquetas marcadas com "G" ou "S"
indicam rodovias nas quais parece haver uma mudança acentuada.
As
cenas foram adquiridas antes e depois do fechamento das redes de
transporte e encerramento da maioria das atividades comerciais ma cidade
de 60 milhões de pessoas. As imagens se concentram nas mudanças de
iluminação no distrito de Jianghan, uma área comercial de Wuhan e nas
áreas residenciais próximas. Observe como as rodovias e as áreas
metropolitanas ficam mais escuras após o bloqueio.
Estudo comportamental
“As luzes oferecem uma perspectiva diferente sobre os assentamentos humanos. Não estamos apenas olhando para onde estão as estradas. Essas imagens estão nos dizendo quando e se as estradas estão sendo usadas, revelando a dinâmica das atividades humanas”, explicou Miguel Román, diretor o Instituto da Terra vista do Espaço, da USRA. Por vários anos o grupo de Román vem construindo ferramentas e técnicas para registrar sinais melhorados e mais consistente das imagens noturnas, com o objetivo de usá-las para examinar os padrões humanos.
Imagens de Satélites
Os dados para as imagens foram adquiridos com o instrumento VIIRS (Visible Infrared Imaging Radiometer Suite) a bordo do satélite Suomi NPP, da NASA, e processados por cientistas do GSFC e da USRA. O instrumento VIIRS possui um sensor de pouca luz nas faixas dia/noite, capaz de medir tanto as emissões como os reflexos da luz. Essa capacidade do VIIRS tornou possível distinguir a intensidade, tipos e fontes de luzes e observar como elas mudam.
Neste tipo de sensoriamento remoto a precisão é extremamente crítica, em especial para o registro das luzes noturnas. Imagens brutas e não processadas podem ser enganosas, porque a luz da lua, as nuvens, a poluição, a cobertura de neve, a vegetação sazonal e até a posição do satélite podem mudar a maneira como a luz é refletida, distorcendo as observações das luzes.
As cenas
mostradas foram adquiridos com 16 noites de diferença, uma vez que o
satélite SUOMI repete seu padrão orbital a cada 16 dias. Isso permitiu
aos pesquisadores verem a mesma localidade exatamente do mesmo ângulo em
pelo menos duas noites.
Para manter uma captura constante, a
equipe de pesquisadores equalizou todos os registros e nas duas noites
de captura as noites foram relativamente livres de nuvens, o que não
acontece frequentemente nas latitudes médias do planeta.
"As
imagens processadas pela equipe Black Marble nos dão uma visão da Terra
centrada no ser humano", disse Eleanor Stokes, uma cientista
especializadas em urbanização e mudanças globais ligada ao GSFC. "Ao
monitorar essas luzes, obtemos novas ideias sobre as cidades, seu
desenvolvimento de infraestrutura e seus padrões de crescimento, mas
também sobre o pulso das atividades humanas que compõem a vida urbana".
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