As misteriosas pirâmides do Sudão que existem há séculos
estão agora ameaçadas por uma inundação histórica do rio Nilo que já
matou pessoas no país.
Os agricultores do Sudão dependem do Nilo há gerações. Todos os anos
há inundações, mas, este ano, as águas do maior rio da África atingiram
níveis sem precedentes. De acordo com a France 24,
arqueólogos que trabalham na área afirmaram que “alguns dos níveis mais
altos de rios já registados” resultaram em inundações catastróficas no
Sudão. Acredita-se que as inundações são as piores em mais de um século.
Até agora, cerca de “99 mortes registadas foram causadas por afogamento, deslizamentos de terra e desabamento de edifícios”, de acordo a emissora britânica BBC.
A maioria dos estados foi afetada e quase meio milhão de pessoas
ficaram desalojadas. Na semana passada, o Governo declarou estado de
emergência no Sudão.
A inundação está a ameaçar o sítio arqueológico de Al-Bajrawiya,
antes conhecido como Meroë, que foi a capital de um antigo império
africano. A cidade de Meroë foi fundada no século IX a.C e fazia parte
do Império Kushita, que conquistou o Egito. Mais tarde, a cidade
tornou-se a capital do estado Kushita, também conhecido como Império
Meroítico, um império tão poderoso que resistiu às tentativas romanas de
conquistá-lo no século I. Acabou por cair depois de ser invadido pelo
Reino de Aksum da Etiópia.
O Património Mundial da UNESCO em Al-Bajrawiya fica a 195 quilómetros
ao norte de Cartum. Possui um grande número de ruínas importantes,
incluindo templos e palácios. Os vestígios mais conhecidos no local são
as pirâmides, originalmente criadas sob a influência do Egito.
As pirâmides do Sudão são os vestígios remanescentes de monumentos
funerários maciços de monarcas mortos que foram posteriormente adotados
pelas elites provinciais. Também conhecidas como pirâmides da Núbia, são
mais pequenas do que as do norte e costumam ter templos de ofertas na
sua base, com desenhos kushitas distintos.
Segundo a The Atlantic,
têm bases estreitas e ângulos íngremes nas laterais e têm “elementos
decorativos das culturas do Egito faraónico, Grécia e Roma”.
As pirâmides estão situadas em vários cemitérios reais em Al-Bajrawiya.
Normalmente, este local fica a cerca de 500 metros das águas do Nilo Azul. “As inundações nunca afetaram o local antes”, disse Marc Maillot, líder da Unidade Arqueológica Francesa no Serviço de Antiguidades do Sudão, em declarações à Naharnet.
As equipas construíram defesas com paredes de sacos de areia e estão a
bombear água para salvar as ruínas e pirâmides de Al-Bajrawiya.
O Ministro da Cultura do Sudão visitou o local para monitorizar o que
estava a ser feito para salvá-lo. “A situação está atualmente sob
controle, mas se o nível do Nilo continuar a subir, as medidas podem não
ser suficientes”, disse Maillot, citado pelo Al Jazeera.
Embora a ameaça às pirâmides e às ruínas da capital Kushite possa ter
diminuído, há preocupações crescentes. O OCHA, organização humanitária
da ONU, alertou que “a situação pode piorar nos próximos dias”. Os metrologistas previram fortes chuvas na Etiópia e no Sudão e isso pode levar às fortes inundações do Nilo Azul novamente.
Acredita-se que vários outros sítios arqueológicos na vasta nação africana também estão em risco se as águas subirem ainda mais.
Poucos estrangeiros nos últimos anos visitaram as pirâmides do Sudão por causa das sanções ocidentais internacionais ao governo de Cartum e muitos dos monumentos históricos do país foram danificados por ladrões em busca de ouro.
Acredita-se que o Sudão abrigue mais pirâmides do que o Egito, embora muitas delas não tenham sido investigadas nem escavadas.
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