Um
fenômeno apelidado de "Triângulo das Bermudas do Espaço" intriga
pesquisadores. Oficialmente conhecido como Anomalia Magnética do
Atlântico Sul (AMAS), trata-se de uma espécie de defasagem na proteção
magnética da Terra que ocorre sobre as regiões Sul e Sudeste do Brasil.
Satélites e naves espaciais que passam por essa região podem até mesmo
sofrer danos.
A
ESA (Agência Espacial Europeia) já alertou para o crescimento gradativo
da Anomalia Magnética do Atlântico Sul entre 1970 e 2020. De acordo com
estudo publicado no ano passado, o campo magnético da Terra perdeu 9%
de força nos últimos 200 anos, sendo o maior impacto na região da
anomalia. A NASA também tem investigado o fenômeno.
Triângulo das Bermudas do Espaço causa problemas
"Por
que as agências espaciais têm interesse na anomalia? Porque como essa
região tem um campo mais enfraquecido, as partículas do vento solar
entram nessa região com mais facilidade, o fluxo de partículas
carregadas que passam por aquela área é muito mais intenso", explica
Marcel Nogueira, doutor em Física e pesquisador do Observatório
Nacional.
"Isso
faz com que os satélites, quando passam por essa região, tenham que,
por vezes, ficar em stand by, desligar momentaneamente alguns
componentes para evitar a perda do satélite, de algum equipamento que
venha a queimar. Porque a radiação, principalmente elétrons, nessa
região é muito forte. Então é de interesse das agências espaciais
monitorar constantemente a evolução dessa anomalia, principalmente nessa
faixa central", completa Marcel.
Não
são apenas os satélites que apresentam problemas. Computadores e
instrumentos a bordo do satélite Skylab, da Estação Espacial
Internacional (ISS), dos ônibus espaciais e da nave Dragon, da SpaceX
apresentaram falhas ou outros problemas ao passar pela AMAS. "Não gosto
do apelido ("Triângulo das Bermudas do Espaço"), mas nessa região, a
menor intensidade do campo geomagnético acaba resultando em uma maior
vulnerabilidade dos satélites às partículas energéticas, a tal ponto que
podem ocorrer danos a naves espaciais à medida que atravessam a área",
disse John Tarduno, professor de geofísica da Universidade de Rochester.
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