Entre 1991 e 2018, estima-se que 37% das mortes humanas relacionadas com o calor podem ser atribuídas a alterações climáticas de origem humana.
Esta é a principal conclusão de um estudo publicado esta segunda-feira na revista científica Nature Climate Change e que engloba dados de 732 locais de 43 países.
Nos últimos dois séculos, as temperaturas globais subiram em média um grau Celsius, desde a época pré-industrial, como consequência de alterações climáticas de origem humana.
Esta situação pode trazer problemas graves à humanidade sendo que há mortes podem então já ser atribuídas a alterações climáticas antropogénicas.
Através da junção de métodos epidemiológicos e modelos climáticos, estimou-se que, em média, 37% das mortes relacionadas com o calor já podem ser atribuídas a alterações climáticas antropogénicas.
A percentagem foi mais alta na América Central e do Sul (mais de 76% no Equador ou na Colômbia) ou no Sudeste asiático (entre 48 e 61%).
Em comunicado, os investigadores notam mesmo que populações que vivem em países com rendimentos baixos ou médios – e que foram apenas responsáveis por uma pequena parte das emissões antropogénicas no passado – são das mais afetadas.
Em Portugal, 27,7% de mortes ligadas ao calor podem ser atribuídas a alterações climáticas antropogénicas entre 1991 e 2016, o que corresponde a 172 mortes por ano em cinco localizações estudadas no país, de acordo com os dados enviados por Ana Vicedo Cabrera, primeira autora do artigo e cientista no Instituto de Medicina Preventiva e Social da Universidade de Berna, na Suíça.
Segundo o Público, o estudo teve a participação das cientistas portuguesas Susana Silva (do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge) e Joana Madureira (do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto).
A equipa sublinha que os resultados agora revelados reforçam a importância de se adotarem medidas de mitigação mais fortes para que se possa reduzir as possíveis temperaturas mais elevadas no futuro.
https://zap.aeiou.pt/mortes-calor-alteracoes-climaticas-406449
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