Processo alterou química da água e provocou mudanças nos seres vivos.
Trilobita do período cambriano, com a casca feita
de carbonato de cálcio
(Foto: Shanan Peters/Divulgação)
Há muito tempo, os geólogos conhecem um fenômeno chamado “grande discordância”. Em alguns locais, como no Grand Canyon, nos Estados Unidos, pedras arenosas com 525 milhões de idade ficam lado a lado com rochas bem mais antigas, de até 1,74 bilhão de anos.
Um estudo publicado nesta quarta-feira (18) pela revista “Nature” buscou uma interseção entre as duas áreas de conhecimento e mostrou que os dois fenômenos podem ter a mesma causa.
“É provável que a biomineralização não tenha evoluído para alguma coisa, mas sim em resposta a alguma coisa”, afirmou o autor Shanan Peters, professor de geociências e autor do artigo, em material divulgado pela Universidade de Wisconsin, em Madison, nos EUA, onde ele trabalha.Durante a explosão cambriana, formaram-se três minerais que hoje são importantíssimos para a vida como a conhecemos: o fosfato de cálcio, presente em ossos e dentes, o carbonato de cálcio, que aparece na casca dos invertebrados, e o dióxido de silício, presente no plâncton, a base da cadeia alimentar marinha.
Essa “alguma coisa” que motivou a evolução da vida foi, de acordo com a teoria dele, a mesma que provoca a lacuna percebida pelos geólogos: o movimento dos mares.
Há cerca de 650 milhões de anos, o nível do mar variava muito, pelo menos na América do Norte, onde o estudo foi feito. Era como se sucessivos tsunamis atingissem a região repetidamente. A rocha molhada reagia com o ar e liberava íons de elementos como cálcio, ferro e potássio. Em seguida, quando a maré subia, levava estes íons de volta para o mar.
Assim, a mudança na química da água teria sido um estímulo para a evolução dos seres vivos. Paralelamente, as rochas desgastadas vieram a ser cobertas por rochas mais novas, o que explica a lacuna na idade das rochas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário