Síria apresenta queixa à ONU e ameaça retaliar ataque de Israel
Segundo fontes anônimas, Israel atacou na quarta carregamento que incluía sofisticados mísseis antiaéreos de fabricação russa direcionados ao grupo islâmico libanês Hezbollah
A Síria apresentou nesta quinta-feira formalmente uma queixa na ONU pelo ataque aéreo de Israel em seu território e ameaçou retaliar contra a ação militar, enquanto seu aliado Irã disse que haverá repercussões para o Estado judeu pelo ataque.
Reuters
Soldado israelense observa jipe da ONU no posto de fronteira de Quneitra, entre Israel e Síria, nas Colinas de Golan
Sob condição de anonimato, autoridades regionais e dos
EUA afirmaram que o alvo foi um comboio de caminhões que parecia levar
um carregamento de armas antiaéreas para o grupo militante islâmico
Hezbollah no Líbano. O Exército sírio, porém, disse que jatos
israelenses atacaram um centro de pesquisa militar em Jamraya
, a noroeste de Damasco, deixando dois mortos e ferindo cinco.
O Ministério de Relações Exteriores da Síria convocou o
comandante da ONU nas Colinas de Golan para entregar seu protesto
formal, dizendo que a ação de Israel violava o acordo de desengajamento
de 1974 entre os dois lados, que tecnicamente ainda estão em guerra. Uma
força observadora da ONU está no Golan desde 1974, com a tarefa de
fornecer "uma área de separação e duas zonas iguais de forças e
armamentos limitados em ambos os lados da região".
Previamente, o Ministério de Relações Exteriores da
Rússia expressou preocupações sobre o ataque, ainda não confirmado
oficialmente por Israel, afirmando que tal ação seria uma violação inaceitável da Carta da ONU
. "Se a informações for confirmada, então estaremos lidando com ataques
lançados sem provocação contra alvos no território de um país soberano, o
que viola de forma explícita a Carta da ONU e é inaceitável,
independentemente dos motivos para justificar isso."
A Rússia é a principal aliada do presidente sírio, Bashar
al-Assad, protegendo-o de sanções da ONU contra a repressão de seu
regime ao levante popular iniciado em março de 2011. Segundo a ONU, a
violência deixou mais de 60 mil mortos no país
.
Em Israel, um legislador próximo ao primeiro-ministro
linha dura Benjamin Netanyahu não confirmou o envolvimento no ataque,
mas indicou que Israel poderia realizar outras missões similares no
futuro. O ataque acrescentou novos elementos de tensão para a já
violenta guerra civil da Síria.
Oficiais regionais disseram que Israel planejava havia
dias o ataque para atingir um carregamento de armas direcionadas ao
Hezbollah. Eles disseram que o carregamento incluiria sofisticados
mísseis antiaéreos SA-17, de fabricação russa, que poderiam fortalecer
estrategicamente o Hezbollah, que já se comprometeu com a destruição de
Israel e travou uma guerra contra o Estado judeu no passado.
Importantes autoridades israelenses expressaram
recentemente preocupações de que, se desesperado, o regime de Assad
poderia fornecer armas químicas para o Hezbollah ou outros grupos militantes
. Funcionários americanos dizem que estão rastreando o armamento químico
sírio, que aparentemente continua solidamente sob controle do regime.
Reuters
Rebeldes do Exército Livre da Síria seguram armas em frente de prédios destruídos em Homs (30/01)
Poucas chances de escalada segundo Israel
Analistas israelenses acreditam que o
bombardeio não desencadeará uma escalada de violência na fronteira norte
de Israel, levando a um conflito aberto envolvendo as forças
israelenses, sírias e do Hezbollah. Para o analista do canal 1 da TV
israelense Oded Granot, a Síria e Hezbollah estão enfraquecidos
atualmente e não têm interesse em realizar uma represália ou em
confronto aberto com Israel.
Por outro lado, a tradicional "política de
ambiguidade" adotada por Israel, que explicaria o fato de o país não
admitir o ataque, "possibilita que a Síria e o Hezbollah não reajam,
evitando assim uma guerra aberta", afirmou Granot. "Se Israel admitisse o
ataque, isso os obrigaria a reagir."
Segundo Ron Ben Ishai, analista militar do portal de
noticias Ynet, o governo sírio está "mentindo" ao afirmar que o alvo do
bombardeio teria sido uma centro de pesquisas. De acordo com Ben Ishai, a
Síria teria interesse em encobrir o fato de que, em vista da
desintegração do Estado em consequência da guerra civil, estaria
transferindo seu arsenal para o Hezbollah.
O analista relata que os mísseis do tipo SA-17, que
teriam sido o principal alvo do ataque, são especialmente avançados, com
capacidade de derrubar aviões da Força Aérea israelense. O armamento
foi fornecidos pela Rússia ao governo sírio com a condição de que não
seriam desviados para terceiros, incluindo o Hezbollah.
Ao admitir um ataque a um comboio com esse tipo de mísseis, a Síria confirmaria uma violação do acordo com a Rússia.
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/
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