Segundo o último relatório do governo chinês, o número de rios na China se reduziu em 28.000 nos últimos 60 anos.
À lista de problemas ambientais que a China enfrenta poderá vir a ser acrescentado o problema da carência de recursos hídricos. O primeiro relatório elaborado pelo Ministério dos Recursos Hídricos da China sobre o uso da água constata que a quantidade de rios com bacias de áreas superiores a 100 quilômetros quadrados é na China de 22.909. Há 60 anos, os geodesistas chineses calculavam a quantidade desses rios em 50.000.
Explicando a redução dos grandes rios chineses em mais de duas vezes com o brusco crescimento econômico do país, o responsável pelo estudo Huang He explica que a diferença nos dados também se deve à reduzida precisão das análises efetuadas no passado e às alterações climáticas. "Nos anos de 1950, eram utilizados mapas topográficos incompletos e isso resultava em cálculos errados", declarou Huang He durante a apresentação do relatório em finais de março.
Os estudos independentes dos recursos hídricos da China, realizados no passado, já tinham apresentado conclusões alarmantes. Assim, no relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2006, se afirma que o consumo de água na República Popular da China aumentou mais de cinco vezes desde 1949.
"Este novo estudo demonstrou que em certas regiões da RPC, especialmente no Norte da China, os rios estão secando e a se transformar em rios sazonais", declarou Ma Jun, diretor do Instituto dos Assuntos Públicos e Ambientais numa entrevista ao portal The Verge. De acordo com o ambientalista, a diferença entre os dados novos e os antigos podem ser explicados pelos atuais métodos mais avançados da cartografia. Entretanto, as conclusões do relatório governamental confirmam os estudos independentes dos anos anteriores.
"A brusca redução do nível das águas nos rios chineses está associada, em primeiro lugar, ao aumento da aridez do clima e ao excesso de desvio de água para irrigação da agricultura intensiva", considera Ekaterina Fortyguina, investigadora principal do Instituo do Extremo Oriente da Academia das Ciências Russa e especialista em políticas ambientais e problemas ambientais da China. "Há realmente menos água nos rios chineses. Assim, no início dos anos 2000, o Rio Amarelo (ou Huang He) secava no seu troço mais a jusante por 180-200 dias".
Na China, 60% do consumo de água é destinado a atividades econômicas, o que é quase o triplo do que se passa na Rússia. Já há várias décadas que o país executa uma política de agricultura intensiva e os campos de arroz devem ficar alagados até ao período das colheitas. Além disso, muitas cidades não têm um abastecimento de água centralizado.
O nível da água nos rios é influenciado pelos grandes projetos de transvase de água do sul do país para o norte e pela construção de grandes usinas hidrelétricas, como a barragem Três Gargantas no rio Yangtzé (ou Rio Azul).
As autoridades estão conscientes do problema e tentam enfrentá-lo. Assim, o 12º plano quinquenal inclui um programa de proteção dos recursos hídricos. Há várias semanas, o primeiro-ministro do país Li Keqiang prometeu mais transparência relativamente aos problemas ambientais da República Popular da China (RPC) e a tomada de medidas para combatê-los.
"Claro que os casos dos diferentes rios devem ser analisados separadamente, mas em geral, a China terá de alterar radicalmente a utilização dos seus recursos hídricos", considera Ekaterina Fortyguina. "Em alguns campos, por exemplo, se pode semear outras culturas em vez da rizicultura intensiva. Mas já se está a tomar algumas medidas. Assim, nas zonas costeiras funcionam usinas de dessalinização, como a de Dalian. A China se tornou no terceiro país a utilizar de forma industrial essas usinas, depois de Israel e do Japão".
Uma acesa discussão pela sociedade civil da problemática dos recursos hídricos teve início há um mês, quando no rio Huangpu,um afluente do Yangtzé que abastece a população de Xangai com água potável, foram encontrados 16000 cadáveres de suínos em decomposição. As causas da morte dos suínos continuam por esclarecer, mas, segundo algumas informações, nos tecidos dos animais recolhidos foi detectado o circovírus suíno.
Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2013_04_27/Os-rios-da-China-estar-o-a-secar/
À lista de problemas ambientais que a China enfrenta poderá vir a ser acrescentado o problema da carência de recursos hídricos. O primeiro relatório elaborado pelo Ministério dos Recursos Hídricos da China sobre o uso da água constata que a quantidade de rios com bacias de áreas superiores a 100 quilômetros quadrados é na China de 22.909. Há 60 anos, os geodesistas chineses calculavam a quantidade desses rios em 50.000.
Explicando a redução dos grandes rios chineses em mais de duas vezes com o brusco crescimento econômico do país, o responsável pelo estudo Huang He explica que a diferença nos dados também se deve à reduzida precisão das análises efetuadas no passado e às alterações climáticas. "Nos anos de 1950, eram utilizados mapas topográficos incompletos e isso resultava em cálculos errados", declarou Huang He durante a apresentação do relatório em finais de março.
Os estudos independentes dos recursos hídricos da China, realizados no passado, já tinham apresentado conclusões alarmantes. Assim, no relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2006, se afirma que o consumo de água na República Popular da China aumentou mais de cinco vezes desde 1949.
"Este novo estudo demonstrou que em certas regiões da RPC, especialmente no Norte da China, os rios estão secando e a se transformar em rios sazonais", declarou Ma Jun, diretor do Instituto dos Assuntos Públicos e Ambientais numa entrevista ao portal The Verge. De acordo com o ambientalista, a diferença entre os dados novos e os antigos podem ser explicados pelos atuais métodos mais avançados da cartografia. Entretanto, as conclusões do relatório governamental confirmam os estudos independentes dos anos anteriores.
"A brusca redução do nível das águas nos rios chineses está associada, em primeiro lugar, ao aumento da aridez do clima e ao excesso de desvio de água para irrigação da agricultura intensiva", considera Ekaterina Fortyguina, investigadora principal do Instituo do Extremo Oriente da Academia das Ciências Russa e especialista em políticas ambientais e problemas ambientais da China. "Há realmente menos água nos rios chineses. Assim, no início dos anos 2000, o Rio Amarelo (ou Huang He) secava no seu troço mais a jusante por 180-200 dias".
Na China, 60% do consumo de água é destinado a atividades econômicas, o que é quase o triplo do que se passa na Rússia. Já há várias décadas que o país executa uma política de agricultura intensiva e os campos de arroz devem ficar alagados até ao período das colheitas. Além disso, muitas cidades não têm um abastecimento de água centralizado.
O nível da água nos rios é influenciado pelos grandes projetos de transvase de água do sul do país para o norte e pela construção de grandes usinas hidrelétricas, como a barragem Três Gargantas no rio Yangtzé (ou Rio Azul).
As autoridades estão conscientes do problema e tentam enfrentá-lo. Assim, o 12º plano quinquenal inclui um programa de proteção dos recursos hídricos. Há várias semanas, o primeiro-ministro do país Li Keqiang prometeu mais transparência relativamente aos problemas ambientais da República Popular da China (RPC) e a tomada de medidas para combatê-los.
"Claro que os casos dos diferentes rios devem ser analisados separadamente, mas em geral, a China terá de alterar radicalmente a utilização dos seus recursos hídricos", considera Ekaterina Fortyguina. "Em alguns campos, por exemplo, se pode semear outras culturas em vez da rizicultura intensiva. Mas já se está a tomar algumas medidas. Assim, nas zonas costeiras funcionam usinas de dessalinização, como a de Dalian. A China se tornou no terceiro país a utilizar de forma industrial essas usinas, depois de Israel e do Japão".
Uma acesa discussão pela sociedade civil da problemática dos recursos hídricos teve início há um mês, quando no rio Huangpu,um afluente do Yangtzé que abastece a população de Xangai com água potável, foram encontrados 16000 cadáveres de suínos em decomposição. As causas da morte dos suínos continuam por esclarecer, mas, segundo algumas informações, nos tecidos dos animais recolhidos foi detectado o circovírus suíno.
Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2013_04_27/Os-rios-da-China-estar-o-a-secar/
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