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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Europa aproxima-se do limiar da catástrofe migratória


No fim deste ano, na União Europeia, começará a funcionar um novo sistema de vigilância fronteiriça, que deve regularizar fluxos de imigrantes. Peritos, entretanto, duvidam de sua eficácia, porque os problemas fundamentais da imigração ilegal para a Europa não podem ser resolvidos tecnicamente.

O novo sistema será posto em serviço já a partir de 02 de dezembro, inicialmente nas fronteiras externas da União Europeia e posteriormente nas fronteiras entre os seus membros. O Eurosur terá por missão principal proteger as fronteiras externas da UE contra imigrantes ilegais. O sistema prevê trocas em tempo real entre os países da UE de imagens foto e vídeo, assim como de dados que digam respeito aos acontecimentos nas fronteiras externas da União. Está previsto que as informações sejam colhidas por drones e aparelhos espaciais. Muitos peritos, porém, duvidam da eficácia do novo sistema de controle, inclusive Vladislav Belov, perito do Instituto da Europa da Academia de Ciências da Rússia:
“Infelizmente, este sistema não ajudará a cortar a imigração ilegal, como aquela que ocorre hoje na Itália, quando refugiados atravessam ilegalmente a fronteira em embarcações. Este problema, infelizmente, não pode ser resolvido com a ajuda deste sistema. A meu ver, é necessário regularizá-lo lá, de onde vem o fluxo de refugiados ilegais. Os países da UE não podem resolver só qualitativamente problemas do Terceiro Mundo. Cerca de 500 milhões de pessoas vivem na Europa em comparação com vários bilhões que residem nos países do Terceiro Mundo. Naturalmente, a União Europeia não é capaz de acolher todas as pessoas que gostariam de aproveitar suas vantagens sociais.”
Políticos europeus afirmam que o novo sistema de controle fronteiriço será utilizado sem prejudicar os direitos humanos e, em primeiro lugar, o princípio de não-admissibilidade do regresso forçado de imigrantes aos países em que existe ameaça à sua liberdade. Entretanto, europeus comuns consideram que a última condição não seja obrigatória: os imigrantes ilegais devem ser mandados para casa em vez de gastar dinheiro adicional para sua manutenção provisória na UE. A dirigente do Centro de Pesquisas Euro-Atlânticas e de Segurança Internacional junto da Academia Diplomática da Rússia, Tatiana Zvereva, destaca:
“O problema é muito grave. É necessário tomar novas medidas para controlar a imigração ilegal para a UE. Vários países, sobretudo a Itália, são atingidos pelas consequências nefastas da imigração ilegal e sempre solicitam ajuda da União Europeia. A Itália tem uma legislação bastante liberal e agora discute-se a possibilidade de introduzir nela certas emendas. Mas é necessária uma posição solidária dos países da UE. Estes problemas serão discutidos no próximo Conselho da União Europeia, a ser convocado no fim de outubro. O sistema de controle fronteiriço desenvolvido atualmente é apenas um elemento da solução desses problemas. Há também tal aspecto como a situação nos países de origem de refugiados, em que a instabilidade é tão alta que muitas pessoas estão dispostas a arriscar suas vidas, para abandoná-los. A União Europeia não tem capacidades para resolver este problema que não tem uma solução rápida, devendo ser discutido ao nível da comunidade mundial.”
A tragédia ao largo da ilha italiana de Lampedusa voltou a demonstrar que a política migratória da UE é inconsistente, ao mesmo tempo que não existem quaisquer barreiras para refugiados e imigrantes. O único que poderia resolver radicalmente os problemas de imigrantes é o restabelecimento de suas economias natais. Mas neste caso enormes despesas financeiras serão assumidas novamente por europeus comuns, aos quais políticos europeus têm de explicar a razão pela qual são eles que deverão pagar outra vez.
Há quem diga que em vez de uma sociedade multicultural a Europa obteve a segregação – uma existência paralela de culturas diferentes. Mas tanto que o número de “novos europeus” cresce a ritmos acelerados à conta da imigração mal controlada e de alguns outros fatores, a imagem da Europa corre o risco de mudar cardinalmente dentro de algumas gerações. O território do Velho Mundo se transformará num paradeiro para absolutamente outras nações e Estados. Tais receios obrigam os europeus a rever seus valores básicos, contribuindo para converter a UE numa fortaleza sediada como nos filmes sobre o futuro apocalíptico.

Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2013_10_17/Europa-aproxima-se-do-limiar-da-catastrofe-migratoria-2925/


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