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domingo, 6 de dezembro de 2015

Pedido de impeachment contra Dilma é "bomba atômica política" !

A decisão do presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, o polêmico Eduardo Cunha, de iniciar na última quarta-feira (2) o processo de destituição parlamentar (impeachment) contra a presidente Dilma Rousseff sacudiu o país de cima a baixo, com o efeito de uma bomba atômica política. Por todo lado se comentam as etapas necessárias para que o processo avance - o que não é fácil, mas não impossível. O país, imerso em uma crise econômica que está prestes a se transformar na pior de sua história, assiste um tanto estupefato à caldeira de ódios pessoais e acusações trocadas entre Rousseff e Cunha.
O presidente da Câmara conservava em seu gabinete várias dezenas de pedidos de impeachment há meses. Até esta quarta-feira não se decidira a aceitar nenhu
Toda a imprensa brasileira, todo o governo e inclusive alguns dos juristas autores dessas petições de impeachment acusam Cunha de ter utilizado seu poder para desencadear o processo com o fim de barganhar votos em uma comissão que devia julgar a ele, acusado de corrupção no caso Petrobras: em troca de não implementar a bomba política contra Rousseff, os três deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) nessa comissão votariam contra, e Cunha ficaria livre de acusações, confirmado no cargo para o restante da legislatura e sem a ameaça de acabar na prisão.
Mas os três deputados anunciaram na última quarta-feira à tarde que em 8 de dezembro votarão a favor da reprovação de Cunha nessa comissão. E uma hora depois o polêmico deputado comparecia na televisão para anunciar que aceitava uma das solicitações de impeachment. Alguns especialistas afirmam que atuou por simples vingança, sem um cálculo muito preciso.
Seja como for, a bola já começou a rolar e seu desenvolvimento é imprevisível. O processo inclui a criação de uma comissão parlamentar e uma votação no Congresso e outra no Senado. Tudo durará - dependendo de se os parlamentares tirarem férias em janeiro - de seis a oito meses, talvez mais.
Mesmo dentro desse prazo haverá uma etapa, enquanto os senadores deliberam, em que a presidente será afastada do cargo. O vice-presidente Michel Temer, do mesmo partido que Cunha, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), ocupará o poder enquanto isso. Ou talvez dure muito menos, já que o governo recorreu da ação de Cunha e bastaria uma decisão judicial para parar tudo.
Votos para o bloqueio
De qualquer forma, para abortar o processo em sua primeira etapa, Rousseff precisaria ter 170 votos dos 512 possíveis na Câmara. Atualmente, membros do PT garantem que a presidente conta com cerca de 200, entre deputados petistas e aliados. Com isso garantiria, em princípio, a vitória.
O alívio definitivo de afastar para sempre o fantasma do impeachment, que a vem perseguindo desde que foi empossada presidente, em janeiro. Mas nada é simples nem previsível no hiperfragmentado Congresso brasileiro, onde as alianças e contra-alianças (quando não as traições e o transfugismo) são algo corrente e cotidiano. Basta dizer que os deputados do PT no Congresso são só 66.
O paradoxal do caso é que a causa do processo de destituição - a maquiagem de contas públicas para poder gastar mais do que é permitido por lei - não seria efetivo hoje, já que na quarta-feira esse mesmo Congresso que vai julgar Dilma Rousseff por teoricamente infringir a lei modificou, por maioria absoluta, essa mesma lei orçamentária, tornando ilegal aumentar o déficit público.
Era a única maneira, no entender do governo, de que o país não se paralisasse em meio a uma crise econômica que prejudicou consideravelmente a receita.
Mas essas minúcias legais, segundo muitos analistas, não serão discutidas demais no Congresso, que transformará o impeachment em um mero julgamento político. Por isso, terá muita importância tanto a resposta da rua (nos meses de março ocorreram em São Paulo e outras importantes cidades brasileiras manifestações de multidões contra Dilma Rousseff) como a capacidade da presidente seus de conservar as alianças necessárias para não sucumbir.
Daí que o resultado de todo esse processo, desencadeado em boa medida pela vingança pessoal de Cunha contra Rousseff, seja como muitas outras coisas ingovernáveis na política e na vida: sabemos como começam, mas não como poderão terminar.

Fonte: http://www.ultimosacontecimentos.com.br/ultimas-noticias/pedido-de-impeachment-contra-dilma-e-quotbomba-atomica-politicaquot.html

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