A história da vida na Terra foi marcada por 5 vezes por processos de extinção em massa da biodiversidade causados por fenómenos naturais extremos. Nas próximas décadas, pelo menos 1 milhão de espécies correm o risco de desaparecer para sempre.
A última extinção em massa, que marcou o fim da era dos dinossauros, aconteceu há cerca de 65 milhões de anos. Os cientistas advertem que estamos agora na fase inicial de uma razia semelhante — e não vai ser necessário um asteroide para dizimar o planeta.
Recentemente, um estudo tinha já alertado que a sexta extinção em massa está cada vez mais próxima — e que mais de 500 vertebrados estão em risco.
De acordo com uma estimativa de um relatório da ONU, publicado em 2019, nas próximas décadas, espera-se que pelo menos um milhão de espécies venha a desaparecer para sempre.
Segundo a Deutsche Welle, nas anteriores extinções em massa, pelos menos três quartos de todas as espécies desaparecem em cerca de três milhões de anos. Ao ritmo atual de evolução da biodiversidade no planeta, os cientistas preveem que a próxima extinção aconteça já nos próximos séculos.
Agora, um novo estudo realizado por cientistas da Universidade do Hawai e publicado este mês na revista Biological Reviews realça que, que ao contrário dos fenómenos naturais extremos, a iminente sexta extinção é causada por mão humana.
Robert Cowie, autor principal do estudo, afirma que as taxas drasticamente aumentadas de extinção de espécies e diminuição da abundância de muitos animais e plantas estão bem documentadas, mas alguns cientistas negam que estes fenómenos representem uma extinção em massa.
Segundo Cowie, a negação é baseada num entendimento tendencioso sobre a crise, que se concentra em mamíferos e aves, ignorando os invertebrados — que constituem a grande maioria da biodiversidade da Terra.
Usando dados relativos a caracóis e lesmas terrestres, os autores do estudo estimaram que, desde o ano de 1500, a Terra pode já ter perdido entre 7,5 e 13% dos dois milhões de espécies conhecidas — algo como 150,000 a 260,000 espécies.
“A inclusão de invertebrados foi fundamental para confirmar que estamos realmente a assistir ao início da sexta extinção em massa na história da Terra”, afirma Cowie.
Esta extinção pode ter várias repercussões na Terra. A ameaça à segurança alimentar é uma delas.
“A primeira coisa que veremos é que as nossas reservas de comida começarão a diminuir bastante, porque grande parte dos nossos alimentos depende da polinização”, explica Corey Bradshaw, professor de Ecologia Global da Universidade de Flinders, na Austrália.
Os solos também estão em risco de ficar menos férteis, sendo de esperar que a qualidade dos mesmos se deteriore à medida que certos microrganismos morrerem.
A humanidade também poderá perder grande quantidade de água potável e para uso agrícola, se as áreas de origem da água doce colapsarem devido ao declínio da vegetação ou pelo florescimento de algas.
Há quem negue, quem aceite, e quem a queira
De acordo com o cientista ambiental sueco Carl Folke, “o que temos feito como humanos é simplificar todo o planeta, especialmente os ecossistemas de produção, ao ponto de se tornarem bastante vulneráveis“, perdendo a resiliência e dando asas a mais pandemias.
“Se vivemos em condições muito estáveis e tudo é previsível, não precisamos da proteção que a biodiversidade”, explica Folke. “Mas em tempos mais turbulentos, com situações mais imprevisíveis, termos um portfólio de biodiversidade mais rico é extremamente importante”.
Mas há razões para estarmos otimistas — se a humanidade colaborar, sustenta Thomas Brooks, cientista da Unidade de Ciência e Conhecimento da União Internacional para a Conservação da Natureza.
“Há dificuldades aparentemente intransponíveis para preservar a vida na Terra. Mas, por outro lado, há também muitas histórias de sucesso inspiradoras e exemplos em que as pessoas conseguiram inverter a maré”.
Segundo o novo estudo, além das pessoas que negam que a sexta extinção já esteja atualmente em curso, há também as que a admitem, mas simplesmente a aceitam como um processo evolutivo e natural, sustentando que os humanos são apenas mais uma espécie a desempenhar o seu papel natural na história da Terra.
Em 2017, por exemplo, o ativista norte-americano Les U. Knight defendeu que a extinção da espécie humana seria “mutuamente benéfica” para a Humanidade e para a Natureza.
“Tanto o planeta como os humanos beneficiariam imenso se nós cessássemos de procriar ou pelo menos reduzíssemos muito a reprodução”, disse Knight, reforçando que a ideia seria “uma redução pacífica”.
Robert Cowie salienta que negar a crise, aceitá-la sem reagir, ou mesmo incentivá-la, é uma demissão da responsabilidade comum da humanidade e abre caminho para que a “Terra continue a triste trajetória em direção à sexta extinção em massa“.
E nunca é demais realçar que, nessa sexta extinção, uma das espécies que estará em risco de desaparecer é… o Homo sapiens.
https://zap.aeiou.pt/a-sexta-extincao-em-massa-esta-em-curso-457626
De acordo com uma estimativa de um relatório da ONU, publicado em 2019, nas próximas décadas, espera-se que pelo menos um milhão de espécies venha a desaparecer para sempre.
Segundo a Deutsche Welle, nas anteriores extinções em massa, pelos menos três quartos de todas as espécies desaparecem em cerca de três milhões de anos. Ao ritmo atual de evolução da biodiversidade no planeta, os cientistas preveem que a próxima extinção aconteça já nos próximos séculos.
Agora, um novo estudo realizado por cientistas da Universidade do Hawai e publicado este mês na revista Biological Reviews realça que, que ao contrário dos fenómenos naturais extremos, a iminente sexta extinção é causada por mão humana.
Robert Cowie, autor principal do estudo, afirma que as taxas drasticamente aumentadas de extinção de espécies e diminuição da abundância de muitos animais e plantas estão bem documentadas, mas alguns cientistas negam que estes fenómenos representem uma extinção em massa.
Segundo Cowie, a negação é baseada num entendimento tendencioso sobre a crise, que se concentra em mamíferos e aves, ignorando os invertebrados — que constituem a grande maioria da biodiversidade da Terra.
Usando dados relativos a caracóis e lesmas terrestres, os autores do estudo estimaram que, desde o ano de 1500, a Terra pode já ter perdido entre 7,5 e 13% dos dois milhões de espécies conhecidas — algo como 150,000 a 260,000 espécies.
“A inclusão de invertebrados foi fundamental para confirmar que estamos realmente a assistir ao início da sexta extinção em massa na história da Terra”, afirma Cowie.
Esta extinção pode ter várias repercussões na Terra. A ameaça à segurança alimentar é uma delas.
“A primeira coisa que veremos é que as nossas reservas de comida começarão a diminuir bastante, porque grande parte dos nossos alimentos depende da polinização”, explica Corey Bradshaw, professor de Ecologia Global da Universidade de Flinders, na Austrália.
Os solos também estão em risco de ficar menos férteis, sendo de esperar que a qualidade dos mesmos se deteriore à medida que certos microrganismos morrerem.
A humanidade também poderá perder grande quantidade de água potável e para uso agrícola, se as áreas de origem da água doce colapsarem devido ao declínio da vegetação ou pelo florescimento de algas.
Há quem negue, quem aceite, e quem a queira
De acordo com o cientista ambiental sueco Carl Folke, “o que temos feito como humanos é simplificar todo o planeta, especialmente os ecossistemas de produção, ao ponto de se tornarem bastante vulneráveis“, perdendo a resiliência e dando asas a mais pandemias.
“Se vivemos em condições muito estáveis e tudo é previsível, não precisamos da proteção que a biodiversidade”, explica Folke. “Mas em tempos mais turbulentos, com situações mais imprevisíveis, termos um portfólio de biodiversidade mais rico é extremamente importante”.
Mas há razões para estarmos otimistas — se a humanidade colaborar, sustenta Thomas Brooks, cientista da Unidade de Ciência e Conhecimento da União Internacional para a Conservação da Natureza.
“Há dificuldades aparentemente intransponíveis para preservar a vida na Terra. Mas, por outro lado, há também muitas histórias de sucesso inspiradoras e exemplos em que as pessoas conseguiram inverter a maré”.
Segundo o novo estudo, além das pessoas que negam que a sexta extinção já esteja atualmente em curso, há também as que a admitem, mas simplesmente a aceitam como um processo evolutivo e natural, sustentando que os humanos são apenas mais uma espécie a desempenhar o seu papel natural na história da Terra.
Em 2017, por exemplo, o ativista norte-americano Les U. Knight defendeu que a extinção da espécie humana seria “mutuamente benéfica” para a Humanidade e para a Natureza.
“Tanto o planeta como os humanos beneficiariam imenso se nós cessássemos de procriar ou pelo menos reduzíssemos muito a reprodução”, disse Knight, reforçando que a ideia seria “uma redução pacífica”.
Robert Cowie salienta que negar a crise, aceitá-la sem reagir, ou mesmo incentivá-la, é uma demissão da responsabilidade comum da humanidade e abre caminho para que a “Terra continue a triste trajetória em direção à sexta extinção em massa“.
E nunca é demais realçar que, nessa sexta extinção, uma das espécies que estará em risco de desaparecer é… o Homo sapiens.
https://zap.aeiou.pt/a-sexta-extincao-em-massa-esta-em-curso-457626
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