De acordo com o Science Alert, enquanto as temperaturas da superfície e da atmosfera vão aumentando, devido ao aquecimento global, o interior do planeta tem estado a arrefecer.
O “coração” da Terra é o que gera o seu vasto campo magnético, uma estrutura invisível que os cientistas acreditam proteger o nosso planeta e permitir que a vida seja possível.
Além disso, pensa-se que a convecção do manto, a atividade tectónica e o vulcanismo ajudam a sustentar a vida através da estabilização das temperaturas globais e do ciclo do carbono.
Como o interior da Terra ainda está a arrefecer, e assim se prevê que continue, vai eventualmente acabar por solidificar, e cessar a atividade geológica, possivelmente transformando a Terra numa rocha estéril, semelhante a Marte ou Mercúrio.
Um novo estudo, publicado em janeiro na ScienceDirect, revela que isso poderá acontecer mais cedo do que pensávamos.
A explicação pode ser um mineral na fronteira entre o núcleo exterior de ferro-níquel da Terra, e o manto inferior do fluido derretido acima dele.
Este mineral chama-se bridgmanite, e a rapidez com que conduz o calor influencia a velocidade com que o calor penetra no núcleo e sai para dentro do manto.
Determinar essa taxa não é tão simples como testar a condutividade da bridgmanite em condições atmosféricas ambientais.
A condutividade térmica pode variar com base na pressão e temperatura, que são bastante diferentes no interior do nosso planeta.
Para resolver este problema, uma equipa de especialistas, liderada pelo cientista planetário Motohiko Murakami, da ETH Zurique, irradiou um único cristal de bridgmanite com lasers pulsados, aumentando a sua temperatura para 2.440 Kelvin, e a pressão para 80 gigapascals.
Estas são as condições que os cientistas acreditam existirem no manto inferior — até 2.630 Kelvin e 127 gigapascals de pressão.
“Este sistema de medição permite-nos mostrar que a condutividade térmica da bridgmanite é cerca de 1,5 vezes superior à suposta”, referiu Murakami.
Por sua vez, o fluxo de calor do núcleo para o manto é mais elevado do que se pensava, o que mostra que o ritmo a que o interior da Terra está a arrefecer é mais rápido do que se previa.
E o processo pode estar a acelerar. Quando arrefece, a bridgmanite transforma-se noutro mineral, chamado pós-perovskite, que é ainda mais condutivo termicamente e, portanto, aumentaria a taxa de perda de calor do núcleo para o manto.
“Os resultados do estudo dão-nos uma nova perspetiva sobre a evolução da dinâmica da Terra”, salientou Murakami. “Sugerem que a Terra, tal como os outros planetas rochosos Mercúrio e Marte, está a arrefecer e a ficar inativa muito mais rapidamente do que o esperado”.
O quão mais depressa, já é um fator desconhecido. O arrefecimento de um planeta inteiro não é algo que se compreenda muito bem.
Marte está a arrefecer um pouco mais depressa, porque ser significativamente mais pequeno do que a Terra, mas há outros fatores que podem desempenhar um papel na rapidez com que o interior do planeta arrefece.
Por exemplo, a decomposição dos elementos radioativos pode gerar calor suficiente para sustentar a atividade vulcânica.
Esses elementos são uma das principais fontes de calor no manto terrestre, mas a sua contribuição carece de estudos mais aprofundados.
“Ainda não sabemos o suficiente sobre este tipo de eventos para definir o seu calendário”, sublinhou Murakami.
No entanto, não deve ser um processo rápido em escalas humanas. Na verdade, é possível que a Terra se torne inabitável por outros mecanismos muito antes disso.
Por esse motivo, talvez tenhamos um pouco de tempo para trabalhar mais sobre o problema para o resolver.
https://zap.aeiou.pt/o-interior-da-terra-esta-a-arrefecer-mais-depressa-do-que-pensavamos-e-vai-causar-estragos-457898
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