Um novo estudo, com novas descobertas, sugere um suposto período excecionalmente quente, na história do planeta Terra.
Os
peritos climáticos alertaram, durante décadas, para os “pontos de
rutura” que o aquecimento global ia causar, com uma cascata de efeitos
acelerados e irreversíveis.
Agora, os geólogos estão a começar a
identificar conjunturas semelhantes no registo fóssil. Por exemplo, há
cerca de 56 milhões de anos, quando os nossos antepassados primatas
ainda saltitavam nas árvores, erupções vulcânicas podem ter desencadeado
processos que alteravam desde a evolução até à direção das correntes
oceânicas.
Segundo o Scientific American,
ao estudar as mudanças climáticas do passado, os geólogos esperam
antecipar a nossa atual mudança climática, causada pelo homem, que pode
alterar drasticamente o mundo que habitamos hoje.
Os
investigadores já conhecem há muito o chamado Máximo Térmico do
Paleoceno-Eoceno (PETM), um período excecionalmente quente na história
da Terra, mas a sua causa tem sido fortemente debatida.
Mas Sev Kender, geólogo da British Geological Survey, num estudo publicado a 31 de agosto, prova que as erupções vulcânicas no Atlântico Norte ofereceram um componente crítico a esta explosão de calor.
As
principais pistas dos investigadores vieram de um núcleo fino de
sedimentos, encontrados numa acumulação de rochas submarinas, perto da
Islândia.
Esta área, chamada Província Ígnea do Atlântico Norte,
formou-se a partir de magma que fluiu e derramou para fora da crosta
terrestre, há mais de 50 milhões de anos.
Os cientistas
colocaram a hipótese de que a atividade vulcânica que criou estas rochas
estava envolvida no PETM, afirmou Kender. Por isso, a sua equipa ficou
imediatamente intrigada pelos sinais de mercúrio na amostra do núcleo.
As
quantidade de mercúrio elevadas nos núcleos rochosos é um sinal de
atividade vulcânica, e os níveis que a equipa encontrou indicam que as
erupções do Atlântico Norte ocorreram no momento e intensidade certos
para elevar os níveis de dióxido de carbono na atmosfera. Depois, quando
os vulcões se extinguiram, as temperaturas continuaram a subir.
Ran
Feng, geólogo da Universidade de Connecticut, que não esteve envolvido
no novo estudo, diz que os resultados são “bastante intrigantes” quando
se trata do momento das erupções e do início do PETM.
O estudo
defende que os gases vulcânicos com efeito de estufa aqueceram
suficientemente o clima global para atingir um ponto de viragem,
provocando uma libertação de carbono preso noutros locais, o que
intensificou ainda mais o aquecimento global.
Outras
evidências, como indicadores geológicos do dióxido de carbono
atmosférico e oceânico durante este período, podem ajudar a suportar
melhor esta teoria, diz Feng.
Olhar para os níveis de mercúrio
nas rochas do PETM é uma abordagem promissora para compreender o que
aconteceu nessa altura, explica Benjamin Black, geólogo do City College
of New York, que não estava envolvido no novo estudo.
Os
geólogos querem investigar para além da identificação do papel da
atividade vulcânica no PETM, nota Black, mas também compreender como é
que esse processo realmente se desenrolou.
“Momentos do passado
da Terra como o PETM dão pontos de comparação valiosos para compreender o
comportamento dos sistemas climáticos sob stress“, incluindo o nosso
clima moderno, conclui
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