Especialistas apontam que o menor grau de destruição associado às atuais bombas nucleares pode contribuir para o seu uso.
A invasão militar russa na Ucrânia já dura há mais de 25 dias e à medida que as semanas vão passando aumentam os rumores de que nem tudo corre como os planos russos sugeriam: não se trata de uma ofensiva rápida, as baixas entre os seus soldados já subiram à dezena de milhar e a bens alimentares escasseiam. Como forma de contrariar esta narrativa, o Kremlin tem apostado na publicitação do uso de mísseis supersónicos — que escapam à monitorização dos sistemas de defesa aérea — e a Casa Branca tem vindo a alertar para a possibilidade do uso de armas químicas, um crime que muitos acusam o exército de já ter cometido na Síria.
No entanto, o foco dos analistas nos últimos dias tem-se virado para outra ameaça: a nuclear. Atualmente, a Rússia tem 4477 ogivas nucleares, o que faz do país a principal potência atómica — os Estados Unidos têm 3708 ogivas. De acordo com o The New York Times, são precisamente as bombas nucleares de menor dimensão que se podem tornar a maior ameaça na guerra da Ucrânia, caso o conflito de arraste e os russos não tenham resultados visíveis da sua invasão.
Em causa estão as armas termonucleares mais potentes que têm sobretudo uma função dissuasora, ou seja, servem para mostrar ao lado adversário que qualquer ameaça, do mesmo calibre, terá uma resposta equivalente. Tal como descreve o Expresso, à partida, serão armas que não foram desenvolvidas para serem usadas, mas para garantir que a super-potência adversária.
Comparativamente com a bomba lançada em Hiroshima, as ogivas atualmente detidas pelos Estados Unidos e pela Rússia têm um poder consideravelmente inferior, ou seja, têm consequências menos gravosas, o que, do ponto de vista analítico, causa mais receio por se considerar que exigirá menos ponderação ao líder do país que ordene a sua utilização.
À luz dos últimos acontecimentos na Ucrânia, alguns antecipam que Putin se pode sentir tentado a fazê-lo caso se sinta encurralado por uma não vitória e o impacto interno das sanções económicas. Ulrich Kuhn, especialista em nuclear da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, reconhece que “as chances são baixas mas crescentes”. “A guerra não está a correr bem para os russos e a pressão do Ocidente está a aumentar. Putin pode disparar uma arma [nuclear mais pequena] contra uma área desabitada”, explicou ao jornal norte-americano. “É horrível falar destas coisas, mas temos de admitir que se está a tornar uma possibilidade”, alerta.
Já Nina Tannenwald, cientista política, considera que “Putin está a usar a dissuasão nuclear para conseguir o que quer na Ucrânia”. “As suas armas nucleares impedem o Ocidente de intervir.”
Tal como explicam os especialistas, a natureza menos destrutiva destas armas podem criar a ilusão de um ataque controlado, em contraste com o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial. No entanto, lembram, menos destrutiva não é sinónimo de pouca destruição, uma vez que uma bomba com metade da potência da bomba utilizada em Hiroshima conseguiria matar ou ferir meio milhão de pessoas.
https://zap.aeiou.pt/esta-a-tornar-se-uma-possibilidade-nuclear-e-uma-das-principais-ameacas-na-guerra-da-ucrania-468834
A invasão militar russa na Ucrânia já dura há mais de 25 dias e à medida que as semanas vão passando aumentam os rumores de que nem tudo corre como os planos russos sugeriam: não se trata de uma ofensiva rápida, as baixas entre os seus soldados já subiram à dezena de milhar e a bens alimentares escasseiam. Como forma de contrariar esta narrativa, o Kremlin tem apostado na publicitação do uso de mísseis supersónicos — que escapam à monitorização dos sistemas de defesa aérea — e a Casa Branca tem vindo a alertar para a possibilidade do uso de armas químicas, um crime que muitos acusam o exército de já ter cometido na Síria.
No entanto, o foco dos analistas nos últimos dias tem-se virado para outra ameaça: a nuclear. Atualmente, a Rússia tem 4477 ogivas nucleares, o que faz do país a principal potência atómica — os Estados Unidos têm 3708 ogivas. De acordo com o The New York Times, são precisamente as bombas nucleares de menor dimensão que se podem tornar a maior ameaça na guerra da Ucrânia, caso o conflito de arraste e os russos não tenham resultados visíveis da sua invasão.
Em causa estão as armas termonucleares mais potentes que têm sobretudo uma função dissuasora, ou seja, servem para mostrar ao lado adversário que qualquer ameaça, do mesmo calibre, terá uma resposta equivalente. Tal como descreve o Expresso, à partida, serão armas que não foram desenvolvidas para serem usadas, mas para garantir que a super-potência adversária.
Comparativamente com a bomba lançada em Hiroshima, as ogivas atualmente detidas pelos Estados Unidos e pela Rússia têm um poder consideravelmente inferior, ou seja, têm consequências menos gravosas, o que, do ponto de vista analítico, causa mais receio por se considerar que exigirá menos ponderação ao líder do país que ordene a sua utilização.
À luz dos últimos acontecimentos na Ucrânia, alguns antecipam que Putin se pode sentir tentado a fazê-lo caso se sinta encurralado por uma não vitória e o impacto interno das sanções económicas. Ulrich Kuhn, especialista em nuclear da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, reconhece que “as chances são baixas mas crescentes”. “A guerra não está a correr bem para os russos e a pressão do Ocidente está a aumentar. Putin pode disparar uma arma [nuclear mais pequena] contra uma área desabitada”, explicou ao jornal norte-americano. “É horrível falar destas coisas, mas temos de admitir que se está a tornar uma possibilidade”, alerta.
Já Nina Tannenwald, cientista política, considera que “Putin está a usar a dissuasão nuclear para conseguir o que quer na Ucrânia”. “As suas armas nucleares impedem o Ocidente de intervir.”
Tal como explicam os especialistas, a natureza menos destrutiva destas armas podem criar a ilusão de um ataque controlado, em contraste com o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial. No entanto, lembram, menos destrutiva não é sinónimo de pouca destruição, uma vez que uma bomba com metade da potência da bomba utilizada em Hiroshima conseguiria matar ou ferir meio milhão de pessoas.
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