O mundo está experimentando a "guerra das máquinas de impressão". Assim define a situação econômica e as suas consequências - a crise financeira global - o assessor presidencial Serguei Glaziev. Economista, acadêmico que deu a entrevista exclusiva à Voz da Rússia.
Em tempos de crise, existe a
turbulência financeira. Capital, deixando as antigas produções, não
consegue rapidamente encontrar o caminho para as novas. Aparecem as
"bolhas" financeiras. Há muito dinheiro no mercado, mas o dinheiro não
tem para onde ir, se desvaloriza. Ao mesmo tempo, aparece a necessidade
de empréstimos de longo prazo - para o desenvolvimento de novas áreas da
ciência e tecnologia. Esta "fome" o Estado tem de satisfazer, fazendo
funcionar a maquina de impressão. Com a política monetária inadequada, o
estado, na realidade, cria um crédito que fica dominado pelos
especuladores financeiros e que se transforma em "bolhas", causando
inflação. Mas existe o caminho correto de resolver os problemas que
agora estão tentando seguir as principais economias do mundo, diz
Serguei Glaziev.
"Vai ganhar aquele que criar para si
a fonte ilimitada de dinheiro "longo" - e que por isso terá uma
vantagem nos recursos. Mas é preciso saber usar esses recursos : este
dinheiro é preciso direcionar para o desenvolvimento de novas
tecnologias. Nos países líderes do mundo, a maior parte dos gastos
anti-crise dirige-se exatamente para lá."
A crise
atual é bastante diferente dos anteriores – dos anos 30 e 70 do século
passado. Segundo Glaziev, o volume de títulos especulativos em
circulação no mercado hoje é 20 vezes maior que os ativos dos bancos
centrais das principais nações do mundo. E, para garantir a estabilidade
e recursos para investimento no futuro, os países têm de fazer
funcionar as máquinas de impressão. Como resultado, todos os emissores
de moedas mundiais de reserva -o Banco da Inglaterra,a Reserva federal
dos EUA, Banco Central Europeu e o Banco Nacional do Japão - passaram
para política de impressão de uma quantidade ilimitada de dinheiro.
Na
realidade, os principais emissores de moedas de reserva faz tempo que
estão na guerra financeira mundial, tem certeza Serguei Glazyev.
"Chegamos
a uma situação em que, como disse o presidente em sua mensagem, nove em
cada dez transações são offshore. E que tipo de negócio é este, quais
são os seus patrocinadores? Se estão acontecendo nas áreas offshore, a
circulação da nossa propriedade – das nossas fábricas, recursos
naturais, os direitos a estes, acontece na outra jurisdição, atrás das
nossas costas. E dominam nesta circulação aqueles que imprimem o
dinheiro do ar. Porque eles têm uma vantagem competitiva absoluta - eles
podem colocar este dinheiro na mesa tanto quanto é necessário para
comprar qualquer país."
Qual é a saída para a Rússia?
Na história de qualquer "milagre econômico" nunca houve problema com o
dinheiro. Mas é importante lembrar que nesta luta o dinheiro estrangeiro
barato – é uma armadilha na qual a Rússia já entrou no 1998, e depois
em 2007, lembra Serguei Glaziev.
"Naqueles períodos,
quase todas as nossas corporações faliram dois dias depois de mercados
financeiros entrarem em colapso. Por isso, temos de substituir as fontes
externas de crédito com créditos internos. Este sistema funcionou na
União Soviética, na Europa do pós-guerra. O mecanismo geral é simples: o
governo dá tanto dinheiro, quanto é necessário para modernização do
desenvolvimento a longo prazo. O maior perigo nisso reside no fluxo de
dinheiro no mercado financeiro. Ou seja, quando o mutuário em vez de
investir no desenvolvimento da produção, apenas investe em especulação.
Então surge a ameaça de inflação."
Neste esquema, de
acordo com Glaziev, é importante controlar o uso do dinheiro. Para isso
são necessários bancos estatais de desenvolvimento, cuja rede deve ser
expandida.
Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2013_01_22/guerra-das-maquinas-de-impressao/
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