O laboratório de virologia de Wuhan armazena há quase oito
anos um vírus “muito parecido” com aquele que originou a pandemia de
covid-19. Esse vírus foi descoberto em 2012 numa antiga mina de cobre em
Tongguan, região de Mojiang, no sudoeste da China.
De acordo com a investigação do jornal britânico Sunday Times,
uma pequena equipa de cientistas viajou até ao sudoeste da China para
investigar uma mina de cobre abandonada em Tongguan, na região de
Mojiang. Equipados com fatos de proteção e respiradores, foram
investigar a mina onde tinham entrado seis homens que viriam a adoecer
com uma pneumonia grave. Três morreram.
Desses seis homens, quatro foram sujeitos a testes que confirmaram infeção por algum tipo de coronavírus. Os outros dois morreram antes de poderem ser sujeitos ao teste.
Os cientistas recolheram amostras de fezes no chão e viajaram mais de
1.500 quilómetros até ao laboratório de Wuhan, um dos mais avançados da
China. Aí, foi encontrado um patógeno cujo código genético é 96% idêntico ao do novo coronavírus.
Apesar das semelhanças, o governo chinês não está a divulgar detalhes sobre esse vírus trazido para Wuhan em 2012, que foi batizado como RaBtCoV/4991.
Fontes do laboratório, ouvidas pelo jornal, falam num “blackout” de informações,
mas falaram sobre uma tese de mestrado de um jovem médico cujo
orientador tinha trabalhado nas urgências do hospital onde foram
tratados os homens infetados na mina de cobre. Nesse trabalho, é
possível encontrar alguns dados sobre o caso.
A investigação é revelada numa altura em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) está prestes a entrar na China para identificar a fonte da pandemia, uma investigação que foi solicitada por vários países. Uma das questões que vão investigar é se o vírus poderia ter escapado do Instituto de Virologia de Wuhan.
Em declarações ao jornal britânico Sky News, Sir Richard Dearlove, antigo alto dirigente dos serviços de espionagem britânicos, defende essa mesmo a teoria.
“Estou simplesmente a dizer que a pandemia é o resultado de um acidente
com o vírus que estava a ser estudado em Wuhan, algo que não acho
particularmente sinistro”, apontou. “Existem várias provas e isso é algo
que deve ser discutido abertamente na comunidade científica”.
Apesar da opinião do especialista, a visão amplamente difundida entre os
cientistas é que o novo coronavírus ocorreu naturalmente, fruto de
mutações genéticas que ocorreram em animais.
A fácil transmissão do vírus entre humanos é um dos
motivos que leva Sir Richard Dearlove a acreditar que possa ter sido
modificado geneticamente e, depois, libertado acidentalmente. A
existência em Wuhan de dois laboratórios que realizaram pesquisas sobre coronavírus em morcegos também é vista como uma prova essencial.
Por outro lado, a China, que vai ser agora alvo de investigações por
parte da OMS, aponta o dedo a Espanha. “A China é apenas um elo na
cadeia de transmissão do vírus e a OMS tem que ir a mais países,
como Espanha que relatou a existência do coronavírus em amostras de
águas residuais recolhida em março de 2019, para uma investigação mais
abrangente da origem do vírus”, escreveu o jornal chinês Global Times.
A pandemia de covid-19 já infetou mais de 11 milhões de pessoas e matou mais de 530 mil em todo o mundo.
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