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sexta-feira, 26 de março de 2021

A trágica explosão de Beirute foi tão violenta que “sacudiu” a ionosfera !

A 4 de agosto de 2020, o porto de Beirute, capital do Líbano, foi palco de uma trágica explosão. Uma carga de 2.750 toneladas de nitrato de amónio explodiu, numa das maiores explosões artificiais não nucleares da história.


A devastadora explosão matou 210 pessoas, feriu 7.500 e deixou 300 mil desabrigadas.

Uma equipa de cientistas detalhou o efeito que a explosão teve na ionosfera, a camada externa da atmosfera. Segundo os investigadores, a explosão de Beirute rivalizou com os efeitos vistos anteriormente em erupções vulcânicas.

A ionosfera é a região ionizada da alta atmosfera da Terra e estende-se de 48 a 965 quilómetros. A radiação solar que atinge as moléculas dessa região ioniza-as, separando os seus eletrões.

A ionosfera pode ser perturbada por eventos espaciais como tempestades geomagnéticas, mas também por eventos que acontecem no solo – e não só eventos naturais como erupções vulcânicas. A atividade humana, como é o caso dos testes nucleares, também a afeta.

As mudanças na ionosfera afetam os sinais de GPS. Pequenas mudanças geralmente são levadas em consideração pelos recetores e transmissores de GPS, mas para eventos incomuns, os sinais podem ser usados ​​como uma forma de estudar a ionosfera.

A explosão em Beirute gerou uma onda através da ionosfera que teve uma magnitude maior do que a criada pela erupção do vulcão Asama, no Japão, em 2004. Outras erupções no arquipélago japonês que aconteceram ao longo da última década foram comparáveis ​​em magnitude ao evento de Beirute.

“Descobrimos que a explosão gerou uma onda que viajou na ionosfera em direção ao sul a uma velocidade de cerca de 0,8 quilómetros por segundo”, disse Kosuke Heki, da Universidade de Hokkaido, em comunicado.

A explosão ocorreu devido a nitrato de amónio – usado predominantemente como fertilizante e como ingrediente em explosivos – mal armazenado que tinha sido abandonado num armazém em 2014.

Um incêndio eclodiu no armazém, que também armazenava fogos de artifício. Estes explodiram primeiro, com uma força equivalente a cerca de duas toneladas de TNT. Meio minuto depois, todo o depósito explodiu com uma força de 1,1 quilotoneladas de TNT, semelhante à de uma bomba nuclear de baixo rendimento.

A energia da onda ionosférica gerada pela explosão de Beirute foi significativamente maior do que a explosão mais energética numa mina de carvão de Wyoming, nos Estados Unidos, em 1996.

A explosão foi ouvida no Chipre, a mais de 240 quilómetros de distância. Além disso, o evento foi registado pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos como um evento sísmico de magnitude 3,3, e deixou uma cratera visível da órbita de 140 metros de diâmetro.

https://zap.aeiou.pt/tragica-explosao-beirute-ionosfera-389311

 

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