No final de 2019, Betelgeuse começou misteriosamente a perder o brilho. Agora, a VY Canis Majoris, uma das maiores e mais brilhantes estrelas da nossa galáxia, está a ter um comportamento muito semelhante ao da estrela vermelha. Parece a Betelgeuse “em esteróides”.
O escurecimento de Betelgeuse foi um verdadeiro mistério para os astrónomos, que acabaram por concluir que se deveu a uma mistura de mudanças regulares da estrela e libertação de material que, ao arrefecer, formou a poeira que a escureceu.
Recentemente, uma equipa de cientistas observou um fenómeno semelhante em torno da estrela VY Canis Majoris, uma hipergigante vermelha que mora na Via Láctea. Este corpo celeste é tão grande que se fosse colocado no lugar do Sol, estender-se-ia para lá da órbita de Júpiter.
Segundo o IFL Science, o caso de VY Canis Majoris é ainda mais dramático do que o de Betelgeuse: a estrela era visível a olho nu há cerca de 200 anos, mas desde então é impossível observá-la.
Para desvendar este mistério, os cientistas recorreram ao telescópio Hubble para determinar as velocidades e movimentos dos nós próximos de gás quente e outras características. O novo estudo, publicado a 4 de fevereiro no The Astronomical Journal, mostra que a razão que explica este fenómeno reside nas ejeções massivas de material.
“VY Canis Majoris comporta-se de forma muito semelhante a Betelgeuse em esteróides”, disse a astrofísica Roberta Humphreys, da Universidade do Minnesota, em comunicado.
A especialista relatou ter observado “ejeções massivas de material que correspondem ao desbotamento muito profundo” da estrela, provavelmente devido “à poeira que bloqueia temporariamente a luz”.
Pesquisas anteriores revelaram que, entre 100 e 200 anos atrás, a estrela foi alvo de algumas erupções. As novas observações permitiram aos cientistas analisar as mais recentes e medir o seu tamanho e velocidade. A equipa conseguiu datar os eventos com mais precisão e, assim, criar uma imagem mais precisa do que está a acontecer ao redor da estrela.
A erupção assume a forma de grandes nós, semelhantes a protuberâncias solares, que se estendem por centenas de milhares de milhões de quilómetros a partir da estrela. Algumas dessas estruturas pesam duas vezes a massa de Júpiter.
VY Canis Majoris é uma das maiores estrelas que os astrónomos conhecem e teve muitas erupções gigantes.
“A origem destes episódios de elevada perda de massa em VY Canis Majoris e Betelgeuse é provavelmente a atividade de superfície em grande escala, de grandes células convectivas como no Sol. Mas em VY Canis Majoris, as células podem ser tão grandes quanto o nosso Sol, ou maiores”, rematou Humphreys.
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