Representação mostra como seria a nuvem de gás ao ser "devorada" por buraco negro supermassivo. A linha vermelha mostra a órbita esperada para a nuvem de gás e as azuis para as estrelas próximas no ano 2021
Astrônomos descobriram uma nuvem de gás com cerca de três vezes a massa da Terra que se direciona ao buraco negro do centro da Via Láctea. É a primeira vez que uma nuvem "condenada" a ser "devorada" por um buraco negro supermassivo é registrada. Os resultados da pesquisa serão publicados no dia 5 de janeiro na revista especializada Nature.
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A descoberta foi feita com o uso do telescópio VLT (sigla em inglês para Telescópio Muito Grande), do Observatório Europeu do Sul (ESO), instalado no Chile. Segundo o ESO, um programa de 20 anos de duração monitora as estrelas que ficam próximas do buraco negro do centro da nossa galáxia. Uma equipe liderada por Reinhard Genzel, do Instituto Max Planck para Física Extraterrestre (Alemanha), e que faz parte do programa descobriu um objeto que se direciona ao buraco negro.
Após sete anos de observações, a velocidade do objeto praticamente duplicou e agora chega a 8 milhões de km/h. Em 2013, a nuvem passará a 40 bilhões de km (36 horas-luz) do horizonte de eventos do buraco negro (região de onde nada consegue escapar da sua força gravitacional). Segundo o ESO, é considerado um encontro extremamente próximo em termos astronômicos.
Conforme se aproxima, a pressão vai comprimir a nuvem e a força gravitacional do buraco negro (4 milhões de vezes maior que a do Sol) continuará a acelerar o movimento do gás e esticar a nuvem ao longo de sua órbita. "A imagem de um astronauta, próximo de um buraco negro, a ser esticado até ficar como espaguete é bastante comum em ficção científica. Mas agora podemos efetivamente ver isso acontecer à nova nuvem descoberta, que não vai sobreviver à experiência", explica Stefan Gillesseen, autor principal do artigo científico que descreve os resultados.
O processo deve fazer com o gás aumente de temperatura e, por causa disso, comece a emitir raios-X a partir de 2013. Durante alguns anos, esse material deve servir de "alimento" para o buraco negro. "Os próximos dois anos serão muito interessantes e deverão trazer-nos informação extremamente valiosa sobre o comportamento da matéria em torno destes objetos massivos tão extraordinários", diz Genzel.
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