Palmeiras e coqueiros são marca registada dos países tropicais. Mas em Madagáscar, estão em maus lençóis. Cerca de 83 por cento das espécies existentes na ilha estão em risco de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Esta avaliação é uma das novidades da nova edição da Lista Vermelha de espécies ameaçadas, que a UICN actualiza anualmente. Em todo o mundo, há 20.219 animais e plantas em risco de desaparecer do planeta. Até ao ano passado, a conta estava em 19.570.
Isto é, no entanto, apenas o que se sabe, pois dos cerca de 1,7 milhões de espécies vivas conhecidas, apenas 65.518 (4%) foram suficientemente avaliadas para se poder dizer qual é o seu estado actual. Na prática, três em cada dez espécies conhecidas está ameaçada de extinção.
Para as palmeiras de Madagáscar, a situação é bem pior. Das 192 espécies que ali existem, 159 estão ameaçadas, vítimas da destruição do seu habitat. “A maioria das palmeiras de Madagáscar cresce nas florestas tropicais do leste da ilha, que já foram reduzidas a menos de um quarto do seu tamanho original e continuam a desaparecer”, afirma William Baker, especialista do Jardim Botânico de Kew, no Reino Unido, e líder da equipa da UICN que avaliou o estado daquelas espécies.
A situação em Madagáscar é descrita como “aterradora”. Todas as espécies analisadas só existem naquela ilha, e em mais nenhum outro lugar do mundo. Uma delas, a “palmeira suicida” (Tahina spectabilis) – que morre poucos meses depois de frutificar –, foi identificada apenas recentemente e entrou de imediato para a lista das espécies ameaçadas.
Espécies que ocorrem em ilhas são mais vulneráveis à extinção, devido às suas populações pequenas, à sua especificidade e à dificuldade em serem transportadas naturalmente para outros locais. A maior parte das extinções registadas nos últimos quatro séculos deu-se em ilhas.
Em Madagáscar, os diferentes tipos de palmeiras são essenciais para populações pobres – por exemplo, para a construção de casas e para a alimentação. “Os números sobre as palmeiras de Madagáscar são aterradores, especialmente porque o seu desaparecimento tem efeitos tanto sobre a biodiversidade única da ilha como sobre a sua população”, afirma Jane Smart, directora do Grupo de Conservação da Biodiversade da UICN, num comunicado da organização.
Os novos dados sobre as espécies ameaçadas surgem num momento em que as Nações Unidas discutem, na 11ª conferência da Convenção da Diversidade Biológica, na Índia, novos passos para proteger a biodiversidade a nível mundial. Uma nova estratégia do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento nessa área foi revelada esta quinta-feira, preconizando mais apoios para a conservação da biodiversidade numa área total de 1,4 mil milhões de hectares em 100 países, até 2020.
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