Nos últimos dias do ano, na Europa intensificaram-se novamente as discussões a respeito do crescimento do separatismo e do nacionalismo na União Europeia e ao longo das suas fronteiras externas.
Em 2014 na Escócia talvez seja realizado um referendo sobre a sua saída da Grã-Bretanha; os separatistas da Catalunha obtiveram êxito nas eleições locais. Depois disso, a Sérvia exortou a “reformatar” o status de Kosovo. O governo sérvio convidou a comunidade internacional a pensar na possibilidade de transformar este Estado autoproclamado em algo semelhante ao modelo bósnio ou espanhol, com a concessão da mais a ampla autonomia aos sérvios locais.
Mas, depois de compreender que a reação da União Europeia seria negativa, as autoridades da Sérvia prepararam um novo documento. De acordo com as informações da France Press, este documento prevê a concessão aos sérvios do Kosovo do “mais alto nível de autonomia” nos moldes da Catalunha espanhola, com a concessão aos sérvios de todos os poderes no tocante à educação, polícia, justiça, economia e finanças.
A Europa avalia de diversas maneiras os eventos nos Bálcãs. Aliás, problemas próprios também não lhe faltam. Em particular, o jornal espanhol El Pais escreve sobre a existência de uma crise paneuropeia que “levou ao desmoronamento da fraca unidade formada em torno de certos objetivos e receios comuns”. O periódico aponta que, no quadro da “Europa formalmente unida”, existem vários nós de confrontação – o centro contra a periferia; o sul contra o norte; a austeridade econômica de uns contra a prodigalidade de outros. Além disso, a própria noção de “peculiaridade nacional” está em crise.
As tendências nacionalistas e separatistas abrangem tanto os países “problemáticos” da União Europeia, como Estados considerados um modelo na União Europeia – como, por exemplo, a Finlândia ou a Grã-Bretanha.
O Wall Street Journal constata que pelos vistos “a época de aprofundamento da integração europeia ficou no passado” e exorta os seus leitores a prepararem-se para “o surgimento no continente de novos grupos políticos cada vez mais odiosos”. Aponta-se, na qualidade de exemplo, o partido político radical da Grécia Alvorada de Ouro. Certamente, não se trata de uma nova revisão sangrenta das fronteiras européias nos moldes da antiga Jugoslávia nem da tomada do poder na Grécia por forças nacionalistas radicais.
Com efeito, os líderes de praticamente todos os partidos e movimentos separatistas, - quer se trate da Escócia, Catalunha, País Basco ou do Norte da Itália, - recorrem basicamente ao lema da independência financeira, apontando-a como meio de solução dos problemas socioeconômicos existentes. O jurista italiano Francesco D’Agata, representante da Associação Não Governamental “Janela Jurídica Única” fez notar na palestra na Voz da Rússia que é evidente que estas idéias irão precisamente constituir a base do referendo sobre a autodeterminação da Catalunha que, de acordo com os dados do jornal espanhol La Vanguardia, pode ser realizado já em 2014.
"Infelizmente, não veremos mudanças em benefício do povo até ao momento em que na Europa irão comandar os bancos. Se esta situação continuar, as cúpulas da União Europeia irão continuar a limitar-se a conversas ocas, a discussões sobre a estabilidade econômica, enquanto que os problemas quotidianos das pessoas, as questões de luta contra o desemprego e a solução de problemas sociais agudos serão novamente adiados. No entanto, mesmo para gerar novos postos de trabalho é preciso conseguir uma mudança real da própria estrutura da União Europeia."
A maior ameaça para a Europa consiste no seguinte: hoje, a solução rápida e duradoura dos problemas da zona do euro dificilmente poderá voltar a fechar a "caixa de Pandora", pois o nacionalismo e o separatismo vêm ganhando vulto.
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