A crise econômica pressagia o nazismo, concluem peritos, analisando acontecimentos na Grécia. Os ânimos nacionalistas crescem naquele país a partir de 2008. E só o assassinato de um grego antinazista por partidários do partido de extrema-direita parlamentar Aurora Dourada obrigou a sociedade a refletir sobre os acontecimentos decorridos.
A
morte de Pavlos Fyssas, de 34 anos, conhecido rapper e ativista do
movimento antinazi, trouxe à tona da sociedade grega um mal-estar face
do partido de extrema-direita Aurora Dourada, do qual o assassino
confesso é simpatizante. Políticos começaram a falar diretamente que o
nazismo está despertando na Grécia. A crise econômica e uma diminuição
brusca do nível de vida influíram também na mudança dos ânimos da
tradicionalmente democrática população grega, considera a redatora-chefe
do jornal grego Omonia, Inga Abgarova:
“A
crise na Grécia torna-se mais grave a cada dia. Naturalmente, a
sociedade pergunta quem é o culpado pela vida ruim que vive-se. Não
tenho medo de dizer que são os nazistas, porque o partido Aurora Dourada
não dissimula a sua atitude em relação ao movimento nazista, propondo
uma resposta pronta e muito cômoda para as pessoas: a culpa é dos
estrangeiros que chegam ao nosso país, privando-nos de emprego e pão”.
A
ideia de que migrantes respondem pela desgraça de gregos caiu num solo
tão favorável que a organização Aurora Dourada, desconhecida até 2008,
ganhou centenas de milhares de partidários para 2012 e passou para o
Parlamento. Oficialmente, os deputados de extrema-direita negam seu
envolvimento no neonazismo, mas, antes de reuniões, podem saudar uns a
outros com o levantamento caraterístico de mãos, o símbolo do seu
movimento faz lembrar a suástica e uma parte de dirigentes simpatiza-se
abertamente com Hitler.
Até
hoje, as autoridades da Grécia reagiam lealmente a sua atividade,
porque, em particular, não podem aplicar medidas duras contra migrantes.
Tendo medo do descontentamento de Bruxelas, elas concordaram
silenciosamente com os métodos de nacionalistas. Ultimamente, o
espancamento de alheios, sua intimidação, a destruição de bens e até
seus assassinatos não são raros na Grécia. Mas os processos penais, se
intentados, terminam em nada na maioria dos casos, porque uma metade dos
efetivos das estruturas judiciárias são membros ou simpatizantes do
Aurora Dourada.
Mas
o assassinato de um músico antifascista popular provocou uma
ressonância bastante grande, destaca o redator-chefe da edição
eletrônica Russkie Afiny, Pavel Onoiko:
“Pela
primeira vez foi morto um grego. Antes disso foram assassinados
estrangeiros. Estes assassinatos foram acompanhados de aplausos,
afirmando-se que todas as desgraças provêm de estrangeiros. Os problemas
começaram com a morte de um grego. Este caso indignou toda a gente.
Respectivamente, o rating do partido caiu bruscamente”.
Todas
as forças políticas da Grécia censuraram o assassinato. O
primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, declarou que não permitirá aos
neonazistas fazer frustrar a democracia. O partido Pasok, que faz parte
da coalizão governamental, apelou a que sejam utilizados todos os
métodos legais para lutar contra o movimento Aurora Dourada. Propõe-se
até que a atividade do partido radical seja proibida.
Mas,
pela popularidade, o Aurora Dourada é o terceiro partido no país. E
mesmo seu encerramento pode aumentar a legitimidade de suas ideias, por
conceder aos neonazistas um nimbo de lutadores que sofreram em prol da
sociedade grega. Nos anos 30 do século passado, a pobreza e o desemprego
contribuíram para a propagação das ideias do nazismo na Europa. Tudo
terminou com a Segunda Guerra Mundial. Será que os atuais políticos
terão provas de bom senso para impedir uma nova epidemia de nazismo?
Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2013_09_25/Neonazismo-amea-a-a-Gr-cia-3832/
Nenhum comentário:
Postar um comentário