As perspetivas de uma operação militar dos EUA contra o regime de Bashar al-Assad vão ganhando contornos cada vez mais definidos. O Comitê para as Relações Exteriores do Senado dos EUA aprovou na quarta-feira um projeto de resolução que sanciona um ataque contra a Síria.
Agora
esse documento será entregue para análise no plenário do Senado. Os
resultados da votação demonstram, porém, que as fileiras dos
republicanos e dos democratas estão divididas. São muitos os que se
pronunciam contra mais uma guerra. Também surgiram discussões acesas nas
audições do Comitê para as Relações Exteriores da Câmara dos
Representantes, onde o secretário de Estado John Kerry teve de responder
a perguntas incômodas, e o secretário da Defesa Chuck Hagel fez uma
declaração que pode esfriar ainda mais as relações entre Moscou e
Washington.
Poucas
pessoas em Washington tinham dúvidas que o Comitê do Senado para as
Relações Exteriores iria aprovar o projeto de resolução que sanciona a
operação militar na Síria. Os partidários da intervenção ganharam com
uma vantagem mínima:
- voz feminina: “10 “contra”, 7 “a favor”
- voz masculina: “O Comitê decidiu – o Projeto de Resolução foi aprovado”
Em
dúvida estavam as limitações que seriam introduzidas no documento, até
que ponto o texto seria duro e como ficariam divididos os votos no
comitê da especialidade. Aquele que é provavelmente o maior apoiante de
uma operação militar contra a Síria, o senador John McCain, conseguiu a
introdução de expressões duras. Assim, a resolução indica que a missão
principal dos militares dos EUA deverá ser não só a redução das
capacidades do regime de Assad para usar armas de destruição maciça, mas
também a alteração do equilíbrio de forças existente a favor da
oposição armada.
A
tendência de “falcão” de McCain encontrou, porém, a oposição de 7
membros do comitê, tanto republicanos, como democratas. Eis o que
declarou o senador da Florida Marco Rubio.
“Eu
nunca apoiei o uso da força militar pelos Estados Unidos neste
conflito. A minha posição não se alterou. Eu duvido que as medidas
propostas na resolução surtirão efeito. A única forma de evitar uma
futura utilização por parte de Assad de armas químicas é o seu
afastamento do poder pelos próprios sírios. Estou convencido que as
ações militares americanas podem ser contraproducentes. Depois de
ataques com mísseis, Assad irá culpar os EUA pela agressão e o regime
irá se manter. Além disso, isso pode provocar Assad e desestabilizar a
região. A própria ideia de uma resposta militar como a única resposta
possível é uma ideia errada. O principal que os EUA devem fazer é por em
prática um plano para ajudar os sírios a derrubar Assad e a
substitui-lo por um governo democrático moderno.”
Tal
como se esperava, o projeto de resolução aprovado limita o prazo da
operação militar a 60 dias, com a possibilidade de este ser prolongado
por mais 30 depois de consultado o Congresso. O documento proíbe
quaisquer operações terrestres com a participação de militares
estadunidenses em território sírio. Agora a resolução terá de ser
aprovada por todo o Senado, ou seja, por 100 senadores. Segundo dizem os
peritos, os votos irão ficar distribuídos aproximadamente como
aconteceu na votação do comitê, 65 contra 35. Mais isso só irá acontecer
a partir da próxima segunda-feira, dia 9 de setembro. Nessa altura,
também a Câmara dos Representantes do Congresso terá de apresentar a sua
versão da resolução. Por lá estão agora a decorrer discussões não menos
acesas.
Na
quarta-feira, nas audições da câmara baixa discursaram o secretário de
Estado dos EUA John Kerry, o secretário da Defesa Chuck Hagel e o chefe
do Estado-Maior Conjunto Martin Dempsey que tiveram de responder a
perguntas desagradáveis, como por exemplo as do congressista da Carolina
do Sul Joe Wilson.
“Senhor
Kerry, ainda a 25 de abril, o porta-voz da Casa Branca informou que,
passo a citar, “os nossos serviços secretos obtiveram provas seguras que
o governo sírio utiliza armas químicas”. Se já então Assad tinha
ultrapassado a “linha vermelha”, definida por Obama, porque é que o
senhor não propôs a realização de uma operação militar logo em abril?
Será porque quer agora distrair as atenções do escândalo de Benghazi, do
serviço de impostos, da vigilância aos cidadãos, do falhanço da reforma
dos seguros médicos, do sequestro do orçamento e de a dívida pública
ter atingido o seu limite? Porque não atuaram antes?”
Ao
responder a essa questão, John Kerry disse que a Administração dos
Estados Unidos não tinha até este momento provas conclusivas do uso de
armas químicas pelas autoridades sírias. Contudo, ele não transmitiu
qualquer informação substancialmente nova. Porém, ele confirmou os
rumores que alguns países do Oriente Médio estariam dispostos a
financiar as despesas que os EUA irão ter com a realização da operação
militar na Síria.
“Quanto
aos países árabes que alegadamente desejam assumir os custos e
colaborar na operação contra Assad, isso é verdade. Existe uma proposta
dessas. Alguns deles dizem que, se os EUA estão dispostos a atuar como o
fizeram noutros sítios, eles (os países do Oriente Médio) estão dispostos a cobrir todos os custos. Nós não estamos a negociar nada nesse sentido, mas essas propostas existem.”
Os
membros do comitê da Câmara dos Representantes deverão anunciar esta
semana a sua decisão quanto ao projeto de resolução para a operação
militar contra a Síria. Os cientistas políticos não excluem que a
votação possa trazer surpresas.
Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2013_09_05/O-ataque-Siria-ficou-mais-proximo-2192/
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