TEORIA - Base de Alcântara foi sabotada
OBJETIVO - Impedir que o programa espacial brasileiro saia do papel
Os Estados Unidos estariam por trás das explosões de foguetes na
base maranhense de Alcântara. Motivo:evitar que outros países entrem na
corrida espacial.
Desde a década de 1980, o Brasil trabalha na construção de um foguete
nacional capaz de colocar satélites em órbita. Em 1997, foi testado o
primeiro protótipo do Veículo Lançador de Satélites (VLS-1). Explodiu
poucos segundos após a decolagem. Em 1999, outro teste e mais uma
explosão. Na terceira tentativa, em 22 de agosto de 2003, nem deu tempo
de começar a contagem regressiva. O foguete explodiu três dias antes do
lançamento, quando estava sendo preparado na base de Alcântara, no
Maranhão. O comando da Aeronáutica investigou e concluiu que o acidente
foi causado por uma falha elétrica. O problema é que o relatório oficial
não convenceu todo mundo. Especialistas em pesquisas espaciais
desconfiam que o programa brasileiro foi sabotado. Um complô estrangeiro
teria completado a sua missão em território nacional? Alguns fatos
indicam que sim, segundo a teoria verde-amarela. E, certamente, você já
encontrou o nosso principal suspeito em outras páginas deste livro.
Para entender o nascimento da teoria, é preciso voltar a agosto de
2003. Logo depois do incidente, enquanto os destroços ainda queimavam,
já havia fontes militares descartando a hipótese de sabotagem.
Oficialmente, o defeito no foguete ocorreu sozinho. Os mais desconfiados
rapidamente alertaram que uma detonação espontânea seria difícil, pois
ainda faltavam três dias para o lançamento e o combustível fora
escolhido de forma a minimizar o risco de explosões. Até aqui, tudo é
fato. Os conspirólogos trabalham em cima das próximas informações, uma
mistura de episódios reais e especulações. Embora tenha eliminado a
possibilidade de sabotagem, a Aeronáutica havia cancelado o lançamento
algumas vezes, sem dar nenhuma explicação. Dias antes, os militares
brasileiros também fizeram um levantamento sobre estrangeiros
registrados em hotéis de São Luis. Há quem diga que cerca de 20
americanos estavam hospedados em Alcântara naquela semana, algo incomum
na pequena cidade.
O súbito interesse turístico por Alcântara apontaria o país de origem
dos prováveis conspiradores: os Estados Unidos. Os americanos não
simpatizam com iniciativas estrangeiras de desenvolvimento de foguetes.
Se você já brincou com o Google Earth na internet, deve ter sacado que
as imagens de satélite permitem xeretar o quintal alheio com uma
qualidade bastante boa. Do mesmo modo, quem consegue colocar sozinho
seus satélites em órbita pode espiar onde quiser. Mais ou menos como os
Estados Unidos e a Rússia, pioneiros da corrida espacial, fazem desde a
década de 1960. A tecnologia de um foguete como o VLS é essencialmente a
mesma usada em mísseis de longa distância, como os que carregam armas
nucleares. Isso também não interessa aos americanos, que pregam o
desarmamento, mas não abrem mão dos seus arsenais.
Atualmente, a base de Alcântara é considerada o melhor espaçoporto do
mundo em localização geográfica. Por estar próxima à linha do Equador,
permite uma economia de até 30% de combustível nos foguetes. Na prática,
isso significa gastar menos ou poder mandar para o espaço cargas mais
pesadas. Como os Estados Unidos são os donos da maior parte do lucrativo
mercado de lançamento de satélites comerciais, eles tentaram, em 2001,
fechar um acordo para “alugar” a base brasileira para seus lançamentos.
Mas havia vários detalhes importantes no acordo de salvaguardas
tecnológicas proposto. Um deles determinava que nenhum brasileiro
poderia fazer inspeções no que estivesse sendo trazido dos Estados
Unidos para Alcântara. A proposta gerou muitos debates no Congresso e
foi engavetada como violação da soberania nacional.
Menos de uma semana após a explosão em Alcântara, a tese de sabotagem
tomou vulto em duas notinhas da coluna do jornalista Cláudio Humberto –
publicada em vários jornais do país. No dia 27 de agosto, foi citado
Ronaldo Schlichting, pesquisador da corrida espacial e perito em armas.
Dizia a nota: “Schlichting sugere bala do fuzil Barret .50, que alcança 3
quilômetros, como possível ‘impacto de objeto no foguete’”. No dia
seguinte, outra referência à sabotagem, desta vez nas palavras de um
professor do Centro Tecnológico da Aeronáutica. “O cientista Edison
Bittencourt nega ‘ignição espontânea’ num dos quatro motores do foguete
que explodiu em Alcântara. Sugere onda eletromagnética disparada do
espaço ou de pequeno dispositivo, inserido no motor e controlado a
distância”, escreveu o colunista.
É possível destruir um foguete com o apertar de um botão,
aproveitando uma falha de segurança na informática? Pedro Antonio
Dourado de Rezende, professor do Departamento de Ciência da Computação
da Universidade de Brasília, acredita que sim. “Bastaria uma rápida e
certeira transmissão, até por radiofreqüência de um ponto escondido em
algum canto da base, neste caso indevassável, para que um serviço de
inteligência estrangeiro pudesse ‘crackear’ a comunicação brasileira
visando uma sabotagem dessa magnitude, sem deixar pistas”, disse em um
artigo publicado no site Observatório da Imprensa.
Como não puderam transformar Alcântara em seu playground espacial, os
americanos teriam radicalizado. A explosão do terceiro VLS matou 21
técnicos e engenheiros altamente especializados – gente que não existe
aos montes aqui nem em qualquer lugar do mundo. Estima-se que serão
necessários dez anos para formar uma nova geração brasileira de cérebros
tão capacitados. Mas o programa espacial brazuca continua. O governo
prometeu para 2006 o próximo lançamento do VLS. Será uma excelente
oportunidade de testar a tese conspiratória.
fonte:http://super.abril.com.br/ciencia/sabotagem-tio-sam-446333.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário