Concentração de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso na atmosfera é a maior dos últimos 800 mil anos, aponta relatório
Cientistas estão "95% certos" de que os seres humanos foram a "causa dominante" do aquecimento global desde a década de 50
Cientistas estão "95% certos" de que os seres humanos foram a "causa dominante" do aquecimento global desde a década de 50
A concentração de dióxido de carbono, metano e óxido
nitroso na atmosfera atingiu níveis sem precedentes, sendo considerada a
maior em, pelo menos, 800 mil anos; a temperatura do planeta subirá
entre 0,3°C e 4,8°C no século 21; e o nível do mar deve subir entre 26 e
82 centímetros até de 2100. Esses são alguns dos apontamentos feitos
no relatório divulgado nesta sexta-feira pelo Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ligado à Organização das Nações Unidas
(ONU). O organismo destaca ainda que está cada vez mais clara a
responsabilidade do homem na mudança climática.
O IPCC considera agora "extremamente provável" que a
influência humana seja a principal causa do aquecimento global observado
desde medos do século 20. Os especialistas calculam esta certeza em
95%, contra 90% do relatório anterior de 2007.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, agradeceu ao
IPCC por sua "avaliação regular e imparcial" da mudança climática. "Este
novo relatório será essencial para os governos que trabalham para
alcançar acordos ambiciosos e legalmente vinculantes sobre a mudança
climática em 2015", completou, em discurso exibido por vídeo durante a
entrevista coletiva de apresentação do texto.
O painel analisa quatro cenários possíveis sobre as
mudanças climáticas até 2100, mas sem um pronunciamento sobre a
probabilidade de cada um virar realidade. No caso mais otimista, a
temperatura subirá 0,3°C e, na hipótese mais pessimista, 4,8°C na
comparação com a temperatura média do período 1986-2005.
A variação da temperatura dependerá em grande medida da
emissão de gases que provocam o efeito estufa na atmosfera nas próximas
décadas. A temperatura terrestre já aumentou quase 0,8°C desde a época
pré-industrial. "Para limitar a mudança climática é necessário reduzir
substancialmente e de forma duradoura a emissão de gases do efeito
estufa", afirma em um comunicado Thomas Stocker, vice-presidente do
painel.
O IPCC também revisou em alta as previsões sobre o
aumento do nível do mar, uma das principais consequências do aquecimento
global: os cientistas acreditam agora que o nível pode subir entre 26 e
82 cm durante o século 21, contra a estimativa de subir entre 18 e 59
cm feita em 2007.
Os especialistas avaliam de maneira aperfeiçoada agora o
fenômeno do degelo das geleiras da costa da Groenlândia e da Antártida,
que eleva o nível do mar. Eles também preveem que a mudança climática
provocará novos fenômenos extremos, mas de magnitude ainda desconhecida.
"As ondas de calor acontecerão com mais frequência e durarão mais
tempo. Com o aquecimento da Terra, acreditamos que acontecerão mais
chuvas nas regiões úmidas e menos nas regiões secas, mas teremos
exceções", disse Stocker.
O IPCC, criado há 25 anos pela ONU, temo por objetivo
estabelecer um diagnóstico para orientar as decisões das autoridades
políticas e econômicas, mas não propõe medidas de ação concretas. O novo
diagnóstico servirá de base para as negociações internacionais sobre o
clima que pretendem alcançar um acordo em 2015. Os 195 países
participantes querem limitar a 2°C o aumento da temperatura na
comparação com a era pré-industrial. Mas, segundo o IPCC, este ambicioso
objetivo só será alcançado se for confirmado o cenário de um aumento de
0,3°C durante o século 21.
"Sabemos que os esforços para limitar a mudança
climática não são suficientes para inverter a tendência do aumento das
emissões de gases do efeito estufa", disse Christiana Figueres,
secretária executiva da ONU sobre o clima. "Para tirar a humanidade da
zona de perigo, os governos têm que adotar medidas imediatas e chegar a
um acordo em 2015, na grande conferência da ONU prevista para Paris",
completou.
Fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/clima/onu-temperatura-mundial-pode-aumentar-ate-48-c-neste-seculo,66a7695406e51410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html
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