Segundo referem os peritos, o plano inicial para
preparar um acordo em seis meses era simplesmente irrealizável. Esse
prazo tinha sido definido no acordo de Genebra assinados pelo Irã em
novembro de 2013 com a Rússia, a China, os EUA, o Reino Unido, a França e
a Alemanha e que entrou em vigor a 20 de janeiro. Segundo esse acordo, o
Irã concordou em limitar provisoriamente seu programa nuclear em troca
do alívio das sanções dos EUA e da União Europeia. Depois de cada rodada
de negociações só se ouve do mesmo: há progressos, mas continua havendo
muitas divergências.
Segundo o referido documento, o
Irã terá de garantir a utilização exclusivamente pacífica do seu
programa nuclear em troca do fim das sanções contra esse país. As
sanções contra o Irã proíbem as exportações para a república islâmica de
produtos das indústrias nuclear, de foguetes e de grande parte dos
artigos militares e excluem os investimentos estrangeiros diretos no seu
setor energético e os contatos com bancos e seguradoras.
A
Rússia se manifestou de forma consequente contra uma solução pela força
do problema nuclear iraniano, apelando a uma política de “um passo de
cada vez”: a cada passo concreto do Irã responder com outro passo –
suspender e, à medida que se progride, ir reduzindo as sanções.
Entretanto, deve ser reconhecido o direito inviolável do Irã ao
enriquecimento de urânio de acordo com o Tratado de Não Proliferação
Nuclear como resposta à colocação do programa nuclear iraniano sob um
controle internacional abrangente.
É difícil avaliar o
verdadeiro decorrer das negociações: elas têm um elevado nível de
secretismo, a imprensa apenas obtém declarações gerais. No entanto, a
principal questão da atual fase das negociações é o nível e o caráter
das limitações ao programa de enriquecimento da indústria nuclear
iraniana. O ministro das Relações Exteriores do Irã Javad Zarif, por
exemplo, declarou que não está em causa uma renúncia do Irã a um
determinado número de centrífugas, a questão é apenas a sua capacidade.
Este é o comentário do perito do Centro de Estudos Europeus em Bruxelas
Steven Blockmans:
“A questão mais premente são os
recursos de que o Irã irá dispor depois de estabelecido o acordo. Ele
quer, com certeza, manter seu programa nuclear para fins pacíficos. O
Ocidente, a Rússia e a China estão dispostos a aceitá-lo na condição de o
Irã permitir um acesso total às suas instalações nucleares para as mais
escrupulosas inspeções da AIEA. É importante garantir que o
funcionamento de todas as tão faladas centrífugas iranianas visa fins
exclusivamente pacíficos. Sabemos que o Irã usou ativamente o potencial
já existente para a construção de novas centrífugas. Ele usou-as como um
suporte legítimo para estabelecer um acordo que lhe fosse favorável.”
Contudo,
além das questões técnicas, nesta discussão as questões políticas
relacionadas com a inexistência de confiança mútua entre as partes
continuam a ter uma grande relevância.
Na opinião da
Rússia, é necessário convencer a comunidade internacional do caráter
exclusivamente pacífico do nuclear iraniano e eliminar a desconfiança
existente e, quando isso for feito, se poderá falar do levantamento das
limitações ao programa nuclear iraniano. Mas é evidente que isso
demorará bastante tempo.
Entretanto, Washington informou
que os EUA tencionam desbloquear o acesso do Irã aos 2,8 bilhões de
dólares de seus ativos anteriormente congelados. Isso será feito por o
Irã, segundo o relatório da AIEA, ter reduzido todas as reservas de
urânio enriquecido para um estado mais seguro e ter concordado em
transformar todo o urânio enriquecido a 20% em combustível para o
gerador de investigação. O grau de enriquecimento do urânio é fácil de
ser aumentado, a partir dos 20%, para níveis mais elevados e que podem
ser usados em armas nucleares. Segundo as avaliações dos peritos, os 200
kg de urânio enriquecido que o país possuía seriam suficientes para
produzir uma ogiva nuclear.
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