Há muito que as investigações que se debruçam sobre os efeitos das
alterações climáticas têm vindo a alertar que o aumento das
temperaturas, até 2070, tornarão algumas regiões da Terra “quase
inabitáveis”.
No entanto, um novo estudo, publicado agora na
revista Science Advances, escreve a BBC, descobriu que essas
temperaturas extremas já estão a ser registadas em alguns locais.
Os
autores do estudo afirmam que condições atmosféricas “perigosas”, que
combinam calor e humidade, estão a surgir em todo o mundo e, apesar
desses eventos durarem apenas algumas horas, a sua frequência e
intensidade está a aumentar.
A investigação afirma que essas
condições extremas já foram registadas “várias vezes” em algumas partes
da Índia, Bangladesh e Paquistão, mas também no noroeste da Austrália e
ao longo das costas do mar Vermelho e do Golfo da Califórnia, no México.
As
temperaturas mais altas e potencialmente fatais já foram identificadas
mais de uma dezena de vezes nas cidades de Dhahran e Damman, na Arábia
Saudita, em Doha, a capital do Qatar e em Ras Al Khaimah, nos Emirados
Árabes Unidos.
A par destes locais, também partes do sudeste da
Ásia, do sul da China, de África, das Caraíbas e do sudeste dos Estados
Unidos também foram afetadas.
Quando a combinação de fatores pode ser fatal
Para
os seres humanos, as combinações extremas de calor e humidade podem ter
efeitos potencialmente fatais, num mundo em que o aquecimento global é
uma preocupação. É por isso que a medição da humidade, também conhecida
como sensação térmica, é muito importante.
Enquanto a temperatura
normal do nosso corpo é de 37ºC, na nossa pele, ela geralmente fica nos
35ºC. Essa pequena diferença de temperatura permite-nos arrefecer o
corpo através do suor, um processo que funciona bem em desertos, onde o
ar é mais seco, mas que é menos eficiente em regiões húmidas, onde o ar
já está sobrecarregado de água.
Assim, se a humidade aumenta e
leva os níveis de medição da humidade a registar 35ºC ou mais, a
evaporação do suor diminui e a nossa capacidade de eliminar o suor cai
rapidamente.
Os especialistas alertam que, até as pessoas com uma
ótima saúde poderiam morrer em cerca de seis horas, uma vez que nos
casos mais extremos, esse processo de arrefecimento do corpo pode parar e
os órgãos começarem a falhar.
Estudo mostra nova nuance
Escreve
a BBC que, segundo o artigo, a maioria dos estudos climáticos feitos no
passado não detectou esses incidentes extremos, uma vez que em muitas
ocasiões, os investigadores analisaram, em média, níveis de calor e
humidade em grandes áreas e por períodos mais longos.
"O
nosso estudo vai ao encontro dos anteriores, na medida em que aponta
que, em áreas metropolitanas, as medições dos níveis de humidade nos
35ºC se tronarão comuns até 2100. O que acrescentamos é que, por breves
momentos e em áreas localizadas, esses extremos já se estão a verificar”, refere Raymond, um dos autores do estudo.
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