O
ferro foi um elemento vital para a formação da vida na Terra, concluiu
um estudo realizado por cientistas do Reino Unido e França.
O
oxigénio é uma parte fundamental da vida na Terra. Após um aumento
abrupto da quantidade deste gás na atmosfera, há mais de dois mil
milhões de anos, a vida complexa no nosso planeta começou a florescer.
Os
dois acontecimentos não são uma coincidência, mas o oxigénio não é o
único responsável pela existência de vida complexa na Terra, explica o Science Alert.
Uma
equipa de investigadores britânicos e franceses analisou o papel do
ferro na história da Terra, concluindo que, sem a variação dos seus
níveis ao longo do tempo, a evolução da vida no nosso planeta teria sido
diferente.
É aceite na comunidade científica que, há cerca de
2.5 mil milhões de anos, o chamado Evento de Grande Oxidação, um rápido
aumento do oxigénio na atmosfera da Terra, permitiu que a vida
multicelular se expandisse no nosso planeta.
No entanto, a
equipa de investigadores liderada por Jon Wade, geólogo da Universidade
de Oxford, Reino Unido, sustenta que, durante a evolução da Terra, a
flutuação dos níveis de ferro, atualmente um elemento fundamental para a
vida complexa no planeta, foi importante para esse processo.
O estudo foi publicado esta segunda-feira na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os
cientistas acreditam que as formas de vida mais antigas, como as
bactérias e organismos unicelulares, que surgiram quando os níveis de
ferro eram superiores, tinham maior necessidade deste metal, enquanto os
seres multicelulares mais recentes aprenderam a usá-lo de forma mais
eficiente.
De acordo com o novo estudo, o declínio do ferro inicialmente dominante foi precipitado pelo aumento do oxigénio atmosférico.
Quando
a água e o ferro sólido interagem na presença de oxigénio, o metal é
rapidamente oxidado, dificultando o seu uso pelos organismos vivos.
Para
que o oxigénio possa ser usado pelas células, é necessário que estas
tenham sideróforos, pequenas moléculas orgânicas com iões metálicos —
algo que acabou por acontecer com todas as bactérias, plantas e fungos.
No entanto, “o ferro preservou a sua proeminência nos sistemas
biológicos”, dizem os autores do estudo.
“Presumivelmente, isso
deve-se às suas propriedades electroquímicas, que tornam possível, ou
eficiente, um conjunto de processos bioquímicos de forma a que outros
elementos não possam substituir totalmente o ferro das proteínas sem
provocar uma grande desvantagem”, explicam.
A falta do ferro
solúvel após o Evento de Grande Oxidação obrigou os organismos a
competir, “fazer batota” ou cooperar para sobreviver, causando
adaptações extremas nos seus genomas e comportamento celular ao longo do
tempo.
Finalmente, concluem os autores do estudo, após o
chamado Evento de Oxidação Neoproterozóico, há 500 milhões de anos, o
ferro tornou-se escasso — e a vida complexa na Terra começou a
prosperar.
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