Os nossos dias na Terra podem estar contados com a degradação do
habitat, a baixa variação genética e o declínio da fertilidade, diz o
paleontologista Henry Gee.
De facto, no final deste século, a
população global pode começar o seu declínio inevitável. Henry Gee,
paleontólogo e editor da Nature, apresentou a sua teoria na Scientific American, usando mesmo a palavra “extinção”.
As
previsões atuais sobre a a população variam. O consenso geral é de que
irá atingir o seu máximo em meados do século e depois começar a cair
abruptamente.
“Suspeito que a população humana não está definida
apenas para a diminuição, mas também para o colapso — e em breve”,
alerta Gee.
O paleontólogo refere-se à falta de variação
genética, à queda das taxas de natalidade, à poluição, e ao stresse
causado por viver em cidades superlotadas, como receita para o desastre.
“A ameaça mais instínseca para a humanidade é algo chamado
dívida de extinção”, explicou Gee. “Chega um momento no progresso de
qualquer espécie, mesmo daquelas que parecem estar a prosperar, em que a
extinção será inevitável, não importa o que fazemos para a evitar”.
“As
espécies mais em risco são aquelas que dominam determinados fragmentos
de habitat à custa de outras, que tendem a migrar para outro lugar e
que, por isso, se espalham de forma mais dispersa”, afirmou o
especialista.
“Os seres humanos ocupam mais ou menos todo o
planeta, e com o nosso sequestro de uma grande parte da produtividade
desta mancha de habitat planetária, somos dominantes dentro dela“, nota.
Por outras palavras, as nossas ações acabarão por nos apanhar, e
a humanidade pode “já ser uma espécie morta a andar“, argumentou Gee.
Para o investigador, a nossa população tem muito mais probabilidades de colapsar, e não apenas de encolher.
Como
paleontólogo, Henry Gee acredita ter “uma visão a longo prazo“. As
espécies de mamíferos tendem a ir e vir muito rapidamente, “aparecendo,
florescendo e desaparecendo em cerca de um milhão de anos”, refere.
O
Homo sapiens existe há cerca de 315.000 anos, mas durante a maior parte
desse tempo, a espécie era rara. “Tão rara, de facto, que esteve perto
da extinção, talvez mais do que uma vez”, acrescenta.
A
população atual cresceu “muito rapidamente, de algo muito menor”. “Há
mais variação genética em algumas espécies de chimpanzés selvagens do
que em toda a população humana. A falta de variação genética nunca é boa
para a sobrevivência das espécies”, argumenta o paleontologista”.
Gee
explica que, ao longo das últimas décadas, a qualidade do esperma
humano tem diminuído bastante, o que pode causar taxas de natalidade
mais baixas.
A poluição, causada pela degradação humana do ambiente, é também um dos fatores apresentados pelo especialista.
Gee
ainda salienta o stresse, que sugere ser “desencadeado por viver na
proximidade de outras pessoas durante um longo período”.
Outra das causas que Henry Gee acredita provocarem o abrandamento do crescimento populacional é a economia.
“Os
políticos lutam por um crescimento económico implacável, mas isto não é
sustentável num mundo em que os recursos são finitos“, refere.
“Hoje
em dia as pessoas têm de trabalhar mais e durante mais tempo, para
manterem os mesmos padrões de vida que os seus pais, se esses padrões
forem sequer possíveis de obter”, sublinha o especialista.
Segundo
Gee, há provas de que a produtividade económica estagnou ou até
declinou globalmente nos últimos 20 anos. Como resultado, as pessoas
adiam ter filhos, talvez por tanto tempo que a própria fertilidade
começa a diminuir.
Um fator adicional referido pelo investigador é a a “emancipação económica, reprodutiva e política das mulheres”.
“Com
uma melhor contraceção e melhores cuidados de saúde, as mulheres não
precisam de ter tantas crianças para assegurar que, pelo menos, algumas
sobrevivam aos perigos da primeira infância. Mas ter menos filhos, ou
fazê-lo mais tarde, significa que é provável que a população diminua”,
justifica Gee.
“Os sinais estão à vista, para quem os quiser
ver“. A pergunta que devemos realmente fazer é quanto tempo até a
espécie humana colapsar?
https://zap.aeiou.pt/a-extincao-do-homem-e-inevitavel-457760
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