Pesquisa serve como prova de que é possível estudar antiátomos.
Um estudo que contou com a participação de brasileiros trouxe um avanço importante para a física, publicado nesta quarta-feira (7) pela revista científica “Nature”. A pesquisa foi conduzida por um grupo internacional do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern, na sigla em francês), do qual fazem parte Cláudio Lenz Cesar e Daniel De Miranda Silveira, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Nesse trabalho, os cientistas chegaram à medição mais precisa já feita da antimatéria. Segundo a teoria mais aceita na física, antimatéria e matéria existiam na mesma quantidade nos primórdios do Universo, e a antimatéria sumiu misteriosamente no processo. Estudos como esse podem explicar, inclusive, por que a matéria existe.
A descoberta ainda não é suficiente para chegar a nenhuma conclusão, mas foi considerada um grande salto para os estudos na área. “Esse resultado agora é de baixíssima precisão, com microondas, mas é a prova de princípio que podemos estudar os antiátomos”, apontou Cesar.
“Nosso estudo tem como foco o teste de teorias básicas da física e com grandes implicações sobre a cosmologia – início do Universo –, pois até agora não sabemos como o Universo terminou só com matéria e nessa quantidade”, confirmou o físico da UFRJ.
“Obviamente, qualquer quebra da teoria básica acaba acarretando no futuro novas tecnologias”, prosseguiu o pesquisador, que deu o laser como exemplo de fruto desses avanços da física.
O que o experimento mediu foi o “espectro” – níveis – de energia em átomos de anti-hidrogênio. Pela teoria, matéria e antimatéria seriam opostas e espelhadas. Portanto, o anti-hidrogênio teria que mostrar certas características que já são conhecidas no hidrogênio.
“As leis da física atuais preveem que os níveis de energia no antiátomo e no átomo têm que ser absolutamente iguais. Esse é o objetivo maior de nossa pesquisa: verificar se
são mesmo iguais em precisões que nenhum outro experimento chegou antes”, revelou Cesar.
Quando se encontram, matéria e antimatéria se anulam. Por isso, os átomos de anti-hidrogênio foram submetidos a uma técnica chamada “aprisionamento magnético”, que é feito dentro de uma câmera a vácuo, que permite que a antimatéria seja armazenada por alguns minutos.
Desenho de como é feito o aprisionamento magnético -- a antimatéria fica na parte amarela (Foto: Reprodução/Cern TV)
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