Enquanto centros de pesquisa alarmam-se com derretimento do Ártico,
empresas como Shell avançam planos para extração de petróleo de
altíssimo risco ambiental
Por Daniela Frabasile
Nessa semana, o National Snow and Ice Data Center, uma agência
governamental norte-americana, confirmou, com a colaboração da NASA, que
a extensão de gelo no Oceano Ártico é a menor já registrada nesta época
do ano – faltando três semanas para o período de maior aquecimento das
áreas próximas ao Polo Norte.
Desde o final dos anos 1970, satélites monitoram a porcentagem de
gelo que cobre o Ártico, e verificaram uma tendência no padrão de
congelamento. Durante o inverno, o mar congela, atingindo o pico em
março; no verão, a extensão de gelo diminui, sendo o mínimo normalmente
atingido em meados de setembro.
Algumas previsões baseadas em modelos de computador já sugeriram que,
em algum momento, não haverá gelo no Ártico durante o verão. Isso
ocorrerá, provavelmente, já em meados desse século. Segundo Michael E.
Mann, climatologista da Universidade do Estado da Pennsilvania, “esse é
um exemplo de como a incerteza não é nossa amiga, no que diz respeito a
risco de mudanças climáticas”.
Uma das consequências mais temidas é a elevação do nível dos oceanos.
O simples derretimento do gelo não é suficiente pra provocar o
fenômeno, já que o gelo que flutua também ocupa espaço no mar. A questão
é que o gelo reflete a luz solar, enquanto a água do mar a absorve, o
que causa um aumento da temperatura da água, capaz pode influenciar o
derretimento do gelo que está sobre a terra. Este, sim, pode elevar o
nível do mar.
Mas enquanto alguns se preocupam com as consequências ecológicas do
degelo, outros brincam com fogo. Matéria do New York Times revela que
empresários e consultores já falam dos supostos benefícios econômicos do
derretimento — como abertura de novas rotas marítimas e exploração de
recursos naturais.
A Shell pretende iniciar perfurações no Oceano Ártico em setembro. A
empresa quer aproveitar o fim do verão para realizar as operações.
Avalia que, se começar agora, pode deixar o local em outubro, antes do
aumento do gelo marinho.
Importantes grupos ambientalistas alertam que essas operações
causariam “danos irreparáveis” à região. O Natural Resources Defense
Council (NRDC – organização ambientalista) pediu que Washington
proibisse as perfurações, afirmando que a Shell não seria capaz de
impedir derramamentos de petróleo. A Shell admitiu que não teria
recursos para limpar eventuais desastres ambientais.
Porém os grupos que apoiam a empresa afirmam que o projeto de
exploração forneceria aos Estados Unidos recursos energéticos por mais
de uma década, e reduziria a dependência do país em relação ao petróleo
estrangeiro. Segundo o NRDC, a busca de petróleo no Oceano Ártico
apresenta riscos ainda maiores de derramemento, em virtude da constante
movimentação do gelo.
fonte: http://www.climathermic.com.br/noticias/lucros-gerados-com-o-aquecimento-global/
Nenhum comentário:
Postar um comentário